Homenagem ao profeta da arte no Brasil
26/08/2019 18:23
Juan Pablo Rey

Exposição no Solar Grandejan de Montigny homenageia os 40 anos do Projeto Portinari

Exposição Uma carta aos brasileiros ficará na Universidade até o dia 19 de dezembro. Foto: Amanda Dutra

Dezessete anos após a morte do pintor brasileiro Candido Portinari, o filho do artista, professor emérito do Departamento de Matemática João Candido Portinari criou uma fundação para resguardar a obra do pai. Hoje, ao completar 40 anos, o Projeto Portinari ganha uma exposição no Solar Grandjean de Montigny com o propósito de comemorar o trabalho desenvolvido ao longo das últimas décadas. A mostra, intitulada Uma carta aos brasileiros, ficará aberta até o dia 19 de dezembro.

A abertura da exposição, ocorrida no dia 21, teve presença do Reitor da PUC-Rio, Padre Josafá Carlos de Siqueira, S.J., professor João Candido Portinari, diretor do Projeto, professora emérita do Departamento de História Margarida de Souza Neves, diretora do Solar, e diversos professores e autoridades das mais variadas áreas da Universidade. O Reitor definiu a data como histórica e destacou a importância do Projeto para o Brasil e para a PUC-Rio.

- Acho que não tem algo tão significativo quanto celebrar os 40 anos desse trabalho dentro da Universidade e, sobretudo, a importância que ele tem para o Brasil. Acolher o Projeto Portinari dentro da Universidade é acolher um projeto de quem é o profeta da arte no país. Portinari conseguiu ver bem adiante a história e retratá-la em sua realidade mais crua e concreta. Tenho o maior prazer de dizer: o Projeto Portinari é da PUC, fica na PUC, e daremos todo o apoio a ele.

João Candido Portinari, Reitor Josafá Carlos de Siqueira e professora Margarida de Souza Neves. Foto: Amanda Dutra

Fundador do Projeto, o professor João Candido Portinari considera a PUC-Rio como casa e chamou a Universidade de mãe da iniciativa. Ex-diretor do Departamento de Matemática, o filho do artista presenteou o Reitor com um quadro autêntico do pintor, um desenho em carvão do padre jesuíta Luís Figueira que, em meados do século XVI, publicou a primeira gramática de língua Tupi. O matemático afirmou que a mostra sobre a preservação da obra do pai tem a função de trazer para o público, principalmente da PUC-Rio, tudo o que o projeto realizou ao longo dos 40 anos de existência.

- Mais de 95% das obras de Portinari estão em coleções particulares, inacessíveis a vista pública. O que foi feito do trabalho de um homem que durante toda a sua vida exprimiu emocionadamente a vida, o povo e a alma brasileira? Reitero publicamente a missão do Projeto Portinari: levar a obra e o legado ético e humanista deste grande pintor aos quatro cantos do Brasil e do mundo, com anseio de dar acesso e perpetuar sua poderosa mensagem de paz, justiça social, fraternidade, respeito a vida e a dignidade do ser humano.

Quadro de Portinari retrata o padre jesuíta Luís Figueira. Foto: Amanda Dutra

O acervo do Projeto Portinari reúne mais de seis mil cartas, 12 mil recortes de revistas feito pelo pintor, 130 horas de gravações com amigos e familiares, além de 1.200 fotografias que mostram a vida pública e privada do artista. Para a professora Margarida de Souza Neves, a exposição não tem apenas o intuito de expor os 40 anos do Projeto, mas provocar pesquisadores de diversas áreas a estudar e fazer uma imersão na vida de Candinho, como era conhecido pelos mais próximos.

- É uma provocação aos pesquisadores, para que pesquisem esse acervo. Este é o espírito da exposição. Comemorar os 40 anos e tudo que está implicado neste tempo, mas, também, fazer uma amostragem, provocar um pouco o mundo acadêmico e dizer: temos aqui um tesouro. Vamos tomar esse tesouro entre as mãos e fazer com ele alguma coisa que faça esse mundo mais humano, nos faça regar essa semente de esperança que temos agora. Estamos precisando. 

Carta do acervo exposta no Solar Grandjean de Montigny. Foto: Amanda Dutra

A mostra conta com quatro salas principais. A primeira, intitulada Tesouro do Projeto, reúne o acervo de cartas, imagens, gravações e recortes de Portinari. A segunda, de nome Arte, Educação e Inclusão Social, mostra visitas do Projeto a escolas de rede pública, presídios, favelas, comunidades ribeirinhas e diversos outros lugares, como a Amazônia. A ideia é levar a arte de Portinari para quem foi a principal fonte de inspiração do artista: o povo brasileiro.

Retrato de João Candido com Cavalo (1941). Foto: Amanda Dutra

A terceira sala da exposição é chamada de Um Trabalho de Ternura e Técnica. Nela, há uma mesa repleta de livros em várias línguas, produzidos pelo Projeto, além daquele que é considerado o trabalho mais importante do projeto: o catálogo Raisonné, em que todas as obras do pintor -  até à época da publicação do livro - estão catalogadas. Por fim, a quarta sala, Ateliê do Artista, mostra ao visitante objetos pessoais do pintor, como os pincéis, cavaletes e tintas usadas por ele.

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