Estação Científica de Fernando de Noronha é aprovada por unanimidade
11/09/2019 17:58
Gustavo Magalhães

O Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo da PUC-Rio foi o idealizador da construção

A ocasião reuniu professores, o decano do CTCH, Julio Dinis, orgãos do governo e pesquisadores de universidades. Foto: Divulgação DAU PUC-Rio.

No último dia 28, foi aprovado por unanimidade o projeto da Estação Científica de Fernando de Noronha, idealizado pelo Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo da PUC-Rio (EMAU/DAU), composto por quatro professores e seis alunos. O projeto é proveniente de um Termo de Cooperação Técnica entre a Universidade e a Secretaria da Comissão Interministerial de Recursos do Mar (SECIRM), realizado há cerca de seis anos. O Escritório Modelo apresenta, na ideia, uma proposta de uma sede adaptada à natureza que a cerca.

Na reunião, estavam presentes as coordenadoras Vera Hazan e Leila Silveira e os coordenadores da estrutura Luciano Alvares e Fernando Betim, professores do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da PUC-Rio. Também participaram do encontro representantes da SECIRM, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), do Ministério do Meio Ambiente, do Ministério da Ciência e Tecnologia, da Capitania dos Portos e de integrantes da comunidade científica de diversas universidades de todo o Brasil.  

Segundo a professora Vera Hazan, do Departamento de Arquitetura e Urbanismo, um representante do Ministério da Ciência e Tecnologia convidou a EMAU/DAU para apresentar o projeto da Estação Científica de Fernando de Noronha na Semana de Ciência e Tecnologia, que ocorrerá do dia 21 a 27 de outubro.

— O projeto básico já foi fechado e aprovado, estamos num momento de começar o projeto executivo para que a obra seja licitada e entre em construção. A estação representa o incentivo à pesquisa. Estudiosos das mais diversas faculdades estarão lá, desenvolvendo projetos de pesquisa, interagindo uns com os outros. Isso é importante de ocorrer agora porque é um momento em que estão cortando os incentivos às pesquisas. E tem aí um contraponto que é a construção de uma estação científica em um lugar que por um lado é mágico e, por outro, precisa de mais cuidados e mais atenção. 

A coordenadora do projeto Vera Hazan. Foto: Divulgação DAU PUC-Rio.

A parceria entre as esferas é resultado do desempenho do EMAU no concurso que visava a revitalização da Estação Científica do Brasil na Antártica — nomeada de Estação Científica Comandante Ferraz —, que pegou fogo no dia 25 de fevereiro de 2012. Foram 80 escritórios nacionais e internacionais que participaram da concorrência.  O Escritório Modelo ficou na quarta colocação e a Marinha do Brasil posteriormente o convidou a cooperar na edificação de uma base na Ilha de Fernando de Noronha, localizada cerca de 500 quilômetros da costa de Pernambuco.

O processo de construção da estação foi planejado de maneira a aproveitar a logística de transporte da Marinha. De acordo com a professora, a estrutura é quase toda feita de madeira e será pré-montada no continente, sem utilizar concreto, e deslocada em partes para a ilha. Vera explica que a base de Noronha foi pensada ecologicamente como um elemento paisagístico que visa a preservação da biodiversidade, sem muito desperdício e geração de resíduo.

— Temos preocupação com o ambiente e com interação com a área, por isso optamos por materiais mais naturais, assim, haverá menos resíduos. Visamos que seja realizada uma obra mais limpa para servir como modelo de um novo parâmetro de construção à ilha. Por ser uma construção seca, ela permite que os arranjos espaciais aconteçam de uma forma mais livre, com redução de resíduos, com mais sustentabilidade, reuso de água e captação de energia solar. 

A previsão é que o espaço atenda 24 pesquisadores, e o custo estimado da obra é de R$ 2,5 milhões. A área de aproximadamente 1500 km² será a primeira base acessível a pessoas com dificuldades de locomoção, com todos os ambientes adaptados, ressalta a arquiteta. 

Serão dois espaços: em uma ala, estarão presentes os pesquisadores e o local terá quatro laboratórios, uma área de triagem e espaços de armazenamento de dados. O outro bloco é destinado à Capitania dos Portos para registro de embarcações e atividades legais. No meio deles, haverá um espaço voltado à interação com a comunidade local. O objetivo é realizar cursos e palestras no auditório para atender à população da ilha. Vera define a composição arquitetônica como um espaço que prioriza o convívio entre os estudiosos dos diversos ramos de estudo e que tem uma área educativa aos habitantes de Fernando de Noronha. 

— Com a estrutura, nós tentamos promover trocas de conhecimento entre os diversos núcleos de pesquisa. Os lugares são próximos a fim de alcançar conectividade e comunicação. Criamos ambiências propícias a essas relações de interação que achamos muito positivas para a ciência. Há um espaço de interseção da Capitania dos Portos e a estação científica, que é uma área de educação ambiental e cultural.  É importante que os moradores da ilha sejam observadores da importância do que está sendo produzido ali.

Ao todo, foram 16 estagiários, quatro professores responsáveis e cinco colaboradores que fizeram parte da tarefa iniciada há quatro anos. Previsto para finalizar em 2018 inicialmente, a nova previsão é que a obra seja realizada entre 2020 e 2021.

 

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