Na busca pela representatividade feminina nos cursos de ciências exatas, o projeto As Augustas é formado por alunas da PUC-Rio e foi apresentado no dia 29 de outubro, no Anfiteatro Junito Brandão. A ideia nasceu a partir de uma matéria de Cristianismo, na aula do professor Claudio Jacinto, do Departamento de Teologia. Ele, que coordena o grupo, e Andrea Oliveira, da Rede e Empreendimentos Sociais da PUC-Rio (RESPUC), abriram o encontro. Os laboratórios da Universidade e a origem do programa foram mostradas para as alunas do Colégio Estadual André Maurois, da Gávea, e do Colégio Notre Dame, de Ipanema.
De acordo com as criadoras da iniciativa, o nome escolhido é uma homenagem à inglesa Augusta Ada Lovelace, matemática reconhecida por ter escrito o primeiro algoritmo do mundo a ser processado por uma máquina. A finalidade da equipe se baseia no quinto Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. De acordo com este objetivo, a ideia é evitar todas as formas de violência contra as mulheres e fazer com que elas recebam os mesmos incentivos e oportunidades do que os homens.
Cláudio Jacinto ressaltou a importância da proposta do grupo para a formação de futuras mulheres. O professor afirmou que a ideia é desmistificar tanto o pensamento de que ciências exatas são apenas para homens, quanto para promover a inserção de meninas que potencialmente vão ingressar na universidade.
– O que estamos fazendo aqui é considerado crime em outros lugares do mundo, porque as mulheres não tinham que estudar e muito menos a área das ciências exatas. O projeto As Augustas nasceu para combater essa compreensão. Nós acreditamos que cada aluna é muito importante para que esse propósito dê certo.
Com o intuito de expandir o conhecimento e quebrar barreiras, as alunas foram separadas em três grupos. Os times foram intitulados com nomes de três grandes cientistas mulheres: Mary Jackson, matemática e primeira engenheira aeroespacial da agência espacial que hoje é a NASA, Marie Curie, cientista e física polonesa naturalizada francesa que trabalhou com radioatividade, e Katherine Johnson, matemática, física e cientista espacial norte-americana. As estudantes realizaram visitas a diversos laboratórios da Universidade, como o laboratório de Física, o RioBotz, a Aerorio, a Equipe Reptiles Baja e o ECOA.
Durante o passeio, as representantes femininas das equipes contaram sobre as experiências e explicaram para as estudantes como cada laboratório funciona. No de Física, as estudantes tiveram uma aula experimental e, na ECOA, elas participaram de uma palestra com o professor e coordenador Gustavo Robichez, que falou sobre o futuro tecnológico e explicou como o lugar opera.
Para Sophia Fernandes, de 16 anos, a iniciativa do grupo é interessante e ela acredita que isso ajuda a incentivar as meninas a entrar na área de exatas. A aluna, que cursa o 2º ano no Colégio Notre Dame, enfatizou que a questão da escolha de uma carreira nas exatas ainda significa um grande bloqueio para as mulheres.
– Eu sempre pensei em fazer engenharia de produção. Não acho que na escola há uma predominância masculina de certas matérias, mas acredito que, no mercado de trabalho, há esse bloqueio. Isso se torna uma grande influência na hora de decidir o que fazer para o futuro. Eu achei muito legal o tema desse projeto, que encoraja as meninas a sair da zona de conforto e explorar coisas novas.
Em agosto de 2017, uma pesquisa publicada pela UNESCO divulgou que apenas 35% dos estudantes de ensino superior na área de ciências exatas são mulheres. O estudo também registrou que a escolha de profissão das meninas e a ausência de incentivo dos amigos e familiares contribuem para a decisão profissional no futuro.