O ar que respiramos
09/03/2020 17:57
Paula Veiga

Pesquisa do LQA estuda partículas maléficas à saúde presentes no ar

Coordenadora e doutorandas do LQA realizam pesquisa sobre qualidade do ar. Foto: Catarina Kreischer

Uma pesquisa sobre poluição do ar é desenvolvida na PUC-Rio pela coordenadora do Laboratório de Química Atmosférica (LQA), professora Adriana Gioda, do Departamento de Química, com as doutorandas Elizanne Justo e Karmel Beringui. O estudo analisa os motivos das alterações na qualidade do ar na Gávea e elabora formas para melhorar as condições atmosféricas. A partir do dia 9 de março, o PUC Urgente vai publicar medições mensais da qualidade do ar na Universidade e uma coluna de autoria da professora Adriana Gioda sobre atitudes diárias que a comunidade PUC-Rio pode adotar para reduzir esta poluição. 

Para realizar o estudo, são usados três equipamentos instalados no terraço da Universidade, que medem periodicamente os níveis de substâncias poluentes, o material particulado (MP). Com a interpretação de dados realizada no laboratório, é possível saber a qualidade do ar. No Brasil, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) estabelecem a legislação para qualidade do ar. A pesquisa mostra que as concentrações atuais não ultrapassam o limite estipulado e que as médias anuais têm diminuído.

De acordo com a pesquisa, uma das preocupações da OMS é o efeito que o material particulado pode causar à saúde. Um dos riscos, apontado pelo estudo, é a substância alcançar os pulmões e chegar à corrente sanguínea. Além disso, caso um indivíduo entre em contato com o MP, o trabalho das doutorandas revela efeitos colaterais como alergias, problemas cardiorrespiratórios, comprometimento no desenvolvimento cognitivo infantil e má formação fetal.

- Cheguei à Universidade em 2009, após concluir o pós-doutorado em Porto Rico. Mas o Laboratório de Química Atmosférica não existia. Após realizar vários projetos voltados para o estudo do ar, tive a ideia de criar este laboratório - lembra.

O equipamento se localiza no telhado da Universidade. Foto: Amanda Dutra

A professora Tatiana Dillenburg Saint’Pierre, também do Departamento Química, teve papel fundamental ao disponibilizar o Laboratório de Espectrometria Atômica (LABSPECTRO) e ceder equipamentos para o grupo de Adriana. A principal função do LQA é, de acordo com Adriana, avaliar a qualidade do ar em ambientes internos e externos. Outro objetivo do trabalho citado pela professora é a troca com a sociedade, por meio de debates e seminários com todo o Brasil. A colaboração se estende a outras universidades, no intercâmbio de informações.

Nas palavras das pesquisadoras, o LQA é essencial para a realização do estudo da qualidade atmosférica da Gávea. Karmel relata que a experimentação é toda feita no recinto e elas são responsáveis por interpretar os dados fornecidos pelo equipamento. As pesquisas dos integrantes do LQA, segundo Karmel, se complementam. Adriana também lembra que o trabalho não é feito sozinho, os resultados são fechados de forma mais “holística” a partir das conclusões dos colegas de trabalho. Outra vocação do laboratório é trazer inovações para a área, sem limitar as maneiras de estudar dos integrantes da iniciativa, como ocorre com Karmel e sua exploração das plantas, explica Adriana.

- Estamos sempre inovando. Fazemos a pesquisa básica, mas sempre buscamos aplicar um modelo diferente ou fazer uma análise que ninguém tentou, ou realizar ensaios toxicológicos. Agora a Karmel está comparando a qualidade do ar com o uso de plantas espalhadas pela região metropolitana do Rio de Janeiro. Buscamos uma interpretação diferente até porque precisamos fazer publicações.

As três pesquisadoras também buscam a conscientização da sociedade a partir do trabalho que realizam. Para Adriana, é necessário chamar atenção das autoridades, já que o governo pode investir em opções como ciclovias para reduzir o uso de poluentes transmitidos em automóveis. Outra alternativa é, segundo a professora, implementar a educação de crianças para absorverem informações e levarem para o cotidiano. A pesquisa mostra que com pequenas atitudes, como fumar menos, usar combustíveis biodegradáveis e optar por transportes coletivos, a qualidade do ar pode melhorar.

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