O poder das pequenas ações
13/03/2020 18:27
Ana Carolina Moraes

Aluno de direito da PUC-Rio, Daniel Wainstock cria grupo para fazer bem ao próximo

Grupo realiza visitas em hospotais, orfanatos e asilos. Foto: Arquivo pessoal

O estudante de direito da PUC-Rio Daniel Wainstock percebeu que um ato simples de bondade pode mudar o dia de outra pessoa. Motivado pelo desejo de propagar o bem, ele criou o Anjos Anônimos, grupo de voluntários que realiza visitas em asilos, orfanatos e hospitais, e promove ações como a dos bilhetinhos do amor e o dia do abraço. A iniciativa começou no Rio de Janeiro e logo se espalhou para outras cidades do país por meio da divulgação nas redes sociais.

A ideia do grupo surgiu quando Daniel passou por uma crise de sinusite em 2018. O estudante estava a caminho da Universidade, com uma caixa de lenços de papel na mochila, quando viu uma mulher desconhecida chorando no metrô. Ele sabia que queria ajudá-la de alguma forma, e lhe ofereceu um pacote. O aluno afirma que o sorriso que recebeu em troca o fez ter certeza de que queria ajudar o próximo com mais frequência.

- Naquele momento, tive a percepção de que consegui tirar um sorriso de uma pessoa que estava chorando. Isso é muito poderoso. Um pequeno ato, uma palavra amável, podem mudar o dia de uma pessoa. A partir desse dia, comecei a fazer isso com tanta frequência que virou um costume.

O aluno de direito da PUC-Rio Daniel Wainstock fundou o grupo Anjos Anônimos. Foto: arquivo pessoal

Quando Daniel curou a sinusite e não precisava mais dos lenços, pensou em uma outra alternativa para ajudar. Em um caderno que usava para a Universidade, ele passou a escrever bilhetes motivacionais, que foram distribuídos pela cidade. Neles, ele pedia a quem lesse os recados para multiplicar a ação. Dessa forma, ele conseguiu a primeira voluntária e um nome: “Bilhetinhos do amor”.

- Um dia, uma menina que ajudei me procurou de volta porque queria entrar para um grupo praticante de boas ações. A ideia foi criar um espaço em que as pessoas pudessem postar seus relatos sobre como foi ajudar alguém. Todo dia temos um novo integrante, e somamos por volta de 170 participantes só no Rio de Janeiro.

O próximo passo foi levar a iniciativa para universidades. A ideia partiu de uma estudante da UERJ que percebeu que muitos colegas ficavam ansiosos no período de provas. As mensagens foram adaptadas e passaram a ser deixadas em post-its colados nos espelhos dos banheiros de diversos campi do país.

- A vantagem é que assim a gente consegue atingir mais pessoas, já que todos que entram nos banheiros podem ler as mensagens, sempre motivacionais e inspiradoras. O que é realmente importante é o bem perpetuado pela corrente.

Bilhetes foram colados nos espelhos dos banheiros. Foto: arquivo pessoal

Hoje, a ação já ocorreu em escolas e universidades de São Paulo, Belo Horizonte, Curitiba, Brasília e Goiás. Com o sucesso, o grupo cresceu e passou também a realizar visitas semanais em orfanatos, asilos e escolas em diferentes regiões da cidade do Rio de Janeiro. Os lugares são escolhidos com base nas sugestões dos próprios integrantes pelo WhatsApp. Nessas ocasiões, os voluntários realizam brincadeiras, cantam, leem histórias de empoderamento e levam doações.

Grupo de voluntários durante ação em São Paulo. Foto: arquivo pessoal

- Uma noção que busco reforçar com o Anjos Anônimos é que não é só participar das visitas e achar que você já cumpriu com o seu papel. A diferença é feita quando se ajuda uma pessoa que precisa no dia-a-dia, ou se é amável com as pessoas da rotina. Isso vale para o porteiro do prédio, o motorista do ônibus, enfim. Uma boa tarde, um sorriso ou um elogio mudam o dia dessa pessoa.

Daniel reforça que é essencial para o grupo ouvir as pessoas primeiro para depois oferecer a elas algo que realmente desejam, em vez de tentar imaginar as necessidades e vontades por eles. Além disso, ele pensa que, no fim do dia, ajudar o outro traz uma felicidade para os dois lados da história.

O Anjos Anônimos conta com, aproximadamente, 170 voluntários. Foto: arquivo pessoal

- Fazer o bem ao próximo foi a minha oportunidade de provar a mim mesmo que não sou inútil. Quando fui ao asilo, eu mostrei para mim que tenho o poder de ajudar o outro, que tenho uma missão para cumprir nesse mundo.

Na PUC-Rio, Daniel já promoveu e participou de algumas ações, como a distribuição de bilhetes e exposição de histórias de gentileza enviadas pelos alunos no Dia Mundial da Gentileza, em novembro de 2019. Em uma parceria com o programa Equilibrium - projeto da Vice-Reitoria Comunitária para promoção da vida e do bem-estar – no Dia Internacional do Voluntário, em dezembro do ano passado, ele ministrou palestra sobre o Anjos Anônimos e o poder das pequenas ações.

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