Pela primeira vez, a abertura da Conferência Anual da Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável (SDSN) Brasil foi realizada de forma totalmente remota, na quarta-feira, 28 de novembro. O presidente da SDSN da ONU (UNSDSN), professor Jeffrey Sachs, ministrou uma palestra na qual ele abordou diversos pontos que impactam o desenvolvimento sustentável. A abertura do encontro também teve a participação do professor Sérgio Besserman, do Departamento de Economia e membro do comitê executivo da SDSN Brasil, e do jornalista e empresário Marcos Simões, que integra o comitê e mediou a debate.
O Reitor da PUC-Rio, padre Josafá Carlos de Siqueira, S.J., deixou uma mensagem de saudação para os participantes da Conferência, promovida este ano pela Universidade. Padre Josafá ressaltou que é preciso ter ideias iluminadas para alcançar um desenvolvimento sustentável. O objetivo do encontro é reunir especialistas ligados a temas socioambientais com discussões sobre desafios, soluções e oportunidades para atingir uma sustentabilidade global.
A Rede de Soluções de Desenvolvimento Sustentável Global (Sustainable Development Solutions Network, SDSN) tem o intuito de apoiar o desenvolvimento de soluções práticas para o desenvolvimento sustentável em escalas local, nacional e global. Em outubro de 2019, a PUC-Rio assumiu o compromisso de conduzir e incentivar as atividades da SDSN no Brasil. Com a orientação do Núcleo Interdisciplinar do Meio Ambiente (NIMA), a Universidade agora é a sede da Secretaria Executiva da Rede no país.
Mundialmente conhecido como especialista em desenvolvimento sustentável, econômico, e na luta contra a pobreza, Jeffrey Sachs acredita que os Estados Unidos e o Brasil convergem em alguns aspectos, como na forte desigualdade. De acordo com ele, este problema vem desde os séculos anteriores, e citou como exemplo a escravidão. Segundo o economista americano, as condições desiguais na sociedade propiciam políticas polarizadas e estruturas sociológicas hierarquizadas entre os cidadãos.
Sachs relacionou as dificuldades do desenvolvimento sustentável a aspectos como o impacto da desigualdade no ensino. Ele observou que nos Estados Unidos, crianças de famílias pobres não dispõem de bom acesso à educação, e esta questão não recente, é intergeracional, isto é, afeta duas ou mais gerações anteriores à atual. Para o professor, há falta de mobilidade social e educacional, algo que, segundo ele, também impactar o Brasil.
— No Brasil ocorre a mesma situação, a expectativa de educação não está onde precisa estar para que o país consiga alcançar os objetivos sociais e econômicos. Vivemos uma era de conhecimento e crescimento tecnológico. Não vamos avançar se nossas crianças não aprenderem o básico da educação, como matemática, ciências e leitura. Descrevo isso como uma significativa ameaça que prejudica os Estados Unidos e o Brasil.
Sérgio Besserman comentou que a SDSN está presente nos principais desafios do momento, mas especialmente no embate entre desenvolvimento sustentável e insustentável. De acordo com o professor, a insustentabilidade custará para a natureza do planeta, mas também terá consequências no tempo do ser humano e no bem estar de sete bilhões de pessoas no mundo. Besserman ressaltou a importância da capacidade dos políticos de governança no mundo, para que a globalização possa se expandir além dos mercados e chegar aos que não têm acesso.
— Desafios globais como a pandemia, a crise climática, a extraordinária desigualdade e a existência de extrema pobreza, em um mundo que tem riqueza para evitá-la, só podem ser enfrentados de forma global. Não apenas com soluções locais e regionais. Redes globais como a SDSN têm um papel decisivo no que eu chamo de governança global.
No primeiro dia da Conferência também foi realizado o Painel 1, cujo tema foi Desafios e Oportunidades da Agenda 2030 no Brasil. Participaram Rodrigo Medeiros, do Comitê Executivo da SDSN Brasil, que mediou o encontro, e a presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável, Marina Grossi, a Oficial Nacional do ONU-Habitat para o Brasil, Rayne Ferretti Moraes, e Walfredo Schindler, da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável.