Doutora da PUC-Rio é a mais jovem do Brasil em todas as áreas de conhecimento
30/03/2021 18:39
Maria Clara Aucar

Daphne Cukierman elaborou uma tese sobre novos compostos que podem ser utilizados em medicamentos para doenças neurodegenerativas

A doutora em Química Daphne Cukierman. Arte: Rayanne Azevedo

O Laboratório de Síntese Orgânica e Química de Coordenação Aplicada a Sistemas Biológicos (LABSO-Bio) da PUC-Rio formou, em fevereiro, a doutora mais jovem do Brasil em todas as áreas do conhecimento. Daphne Cukierman defendeu a tese com 26 anos, seis meses e dez dias e foi reconhecida, recentemente, pela plataforma de recordes Rank Brasil. O trabalho da jovem teve como tema o desenvolvimento e avaliação de novos compostos que podem, no futuro, compor fármacos para o tratamento de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer e o Parkinson.

De acordo com a cientista, os resultados das pesquisas têm sido positivos, e a esperança é de que as pessoas acometidas por estas enfermidades possam viver normalmente por um tempo maior ou, até mesmo, de prevenir estas doenças em casos genéticos. A tese foi defendida no dia 25 de fevereiro, por videoconferência, e o tema foi Otimização físico-química e estudos de Relação Estrutura-Atividade de N-acilidrazonas derivadas de aldeídos: aperfeiçoamento de quelantes moderados como uma estratégia contra agregopatias exacerbadas por metais, na área Química Medicinal.

- O meu orientador, o professor Nicolás Rey, já tinha um composto bastante promissor pela PUC-Rio, com patente nos Estados Unidos, e o meu trabalho foi melhorar ainda mais ele. Com isto, nós descobrimos uma nova família de compostos que são ainda melhores; têm a mesma ação que os primeiros, mas têm menos efeitos adversos nos modelos que testamos. Por enquanto, não sabemos a reação deles em seres humanos.

Ao falar sobre a sua trajetória acadêmica, Daphne lembra que o plano inicial era cursar Engenharia Química. Quando começou a fazer iniciação científica, no entanto, ela entendeu que queria trabalhar em um laboratório, orientar alunos, escrever artigos científicos e fazer ciência. Apesar de ter sido uma escolha difícil e de ter pouco apoio no processo de mudança de carreira, ela acredita que esta foi a melhor decisão.

A cientista também conta que, ao se formar, fez um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) muito profundo e, por isso, a banca de avaliação o definiu como “um bom mestrado”. Esta observação e toda a experiência adquirida durante os três anos e meio de iniciação científica fizeram com que ela sentisse que havia adquirido mais responsabilidade, experiência e independência na pesquisa e a encorajaram a fazer a seleção para o doutorado.

- São quatro anos de doutorado, e eu completei o curso no tempo certo. Eu não corri para defender, não adiantei nada, fiz realmente os 48 meses. No ano passado, eu não fiz quase nenhum experimento, por causa da pandemia, mas, mesmo assim, defendi a tese no prazo. Acabei me formando um pouco jovem, porque não fiz o mestrado, mas também porque não senti esta necessidade.

Daphne no LABSO-Bio. Foto: Daphne Cukierman

Mesmo tendo conquistado o maior grau de formação acadêmica tão nova, Daphne revela  que, ao longo do caminho, enfrentou alguns obstáculos, como a falta de contato com o ambiente de trabalho, por causa da pandemia do novo coronavírus. Ela comenta que, apesar das dificuldades, o fato de ter produzido um grande volume de dados nos três primeiros anos de doutorado permitiu que ela se mantivesse concentrada em escrever a tese, artigos e publicar os resultados das pesquisas. Ao terminar o trabalho, ela diz ter sentido alívio após quatro anos de muita dedicação.

 - Senti muito orgulho de ver o quanto eu cresci nesses anos, o quanto eu aprendi de Química, da vida e de mim mesma. Eu me sinto muito honrada, porque recebi muitas mensagens de outras mulheres jovens dizendo que eu sou um exemplo de coragem para elas. Servir de inspiração para outras mulheres seguirem os seus sonhos foi algo que me tocou muito.

Agora, a doutora em Química pretende continuar um aprofundamento na área em que escolheu seguir. Mas, com as fronteiras fechadas e o financiamento para a área de ciência reduzido, ela diz que a única escolha, por enquanto, é aguardar as opções para fazer um pós-doutorado.

- Eu quero ser professora universitária, é o meu sonho. Eu quero dar aulas, orientar e fazer a minha própria pesquisa. Quero, também, devolver um pouco do que fizeram por mim. Agora, eu pretendo me especializar e seguir o meu próprio caminho, que é a minha independência científica.

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