Homenagem a oito décadas de ensino e acolhimento
12/04/2021 21:15
Esther Obriem e Giulia Matos

Arquidiocese do Rio de Janeiro e PUC-Rio celebram 80 anos de história e atividades acadêmicas da Universidade para a sociedade brasileira

Cardeal Arcebispo e Grão-Chanceler da PUC-Rio, Dom Orani João Tempesta, O.Cist

O Quinquênio Jubilar Arquidiocesano é um período de cinco anos em que a Arquidiocese celebra os momentos históricos da Igreja no Rio de Janeiro. Este ano, houve uma homenagem aos 80 anos de contribuições sociais e acadêmicas da PUC-Rio por meio de uma videoconferência na quinta-feira, 8. Estavam presentes na cerimônia o Reitor padre Josafá Carlos de Siqueira, S.J., o Cardeal Arcebispo e Grão-Chanceler da PUC-Rio, Dom Orani João Tempesta, O.Cist, o secretário-geral da Conferência  Nacional de Bispos do Brasil (CNBB), Dom Joel Portella Amado, vice-reitores, decanos, diretores de departamentos e professores da Universidade. 

Dom Orani relembrou o trabalho que o Cardeal Arcebispo Dom Sebastião Leme e padre Leonel Franca fizeram para a construção da PUC-Rio como um ambiente acadêmico e de diálogo com a sociedade. Segundo Dom Orani, a universidade católica está inserida na comunidade com objetivo de realizar um serviço à Igreja e ser um instrumento de progresso cultural eficaz para os que moram no Rio de Janeiro. Ele ressaltou que, em período de pandemia, a instituição deve estudar os problemas de cada tempo com atenção especial às dimensões ética e religiosa. 

– Gostaria de deixar a intervenção dentro do Quinquênio Jubilar no momento solene que podemos também celebrar os 80 anos da criação e do início das aulas da PUC-Rio, com um veemente apelo para que os irmãos prossigam com coragem e esperança na missão, honrando a bela tradição de oito décadas do valioso trabalho daqueles que nos precederam. A PUC-Rio tem uma missão de diálogo com a sociedade, de mudança, que tanto necessita da parte intelectual e acadêmica para que haja tempos melhores para todos.

Dom Joel destacou que, atualmente, existe uma dificuldade em articular a ciência com a religião. O bispo explicou que basta observar a teologia para relacionar as duas áreas, pois ela nasce da experiência da fé humana e utiliza de metodologias científicas tanto para embasar quanto desenvolver pesquisas. De acordo com ele, o Departamento de Teologia da Universidade reafirma o diálogo desta área de estudo há 80 anos tanto no âmbito do ensino como na composição do quadro de discentes e docentes. 

O diretor do Departamento de Teologia, padre Waldecir Gonzaga, destacou a importância da missão eclesiástica do departamento na formação de presbíteros. De acordo com ele, há uma abertura no diálogo para educar pastores de outras igrejas, assessores e professores de ensino religioso. Padre Waldecir também comentou sobre as aulas de religião oferecidas aos alunos, que são disponibilizadas tanto no modelo virtual quanto no presencial, que há 25 anos são ministradas.   

Para padre Josafá, a PUC-Rio nasce a partir de um desejo do laicato, da Igreja e da Companhia de Jesus. O Reitor salientou que uma universidade católica tem sentido apenas se dialogar com as diferenças; estabelecer uma relação entre o religioso, o acadêmico e o social; ter excelência no ensino e na pesquisa; e uma comunhão tanto fraterna quanto solidária com a Igreja e a sociedade. Ele também comentou a importância da instituição para a Companhia de Jesus, que estabelece uma missão educativa e mantém a excelência acadêmica internacionalmente.

– Eu acho que é essa coisa muito bonita, que nós temos na PUC-Rio, o fato de manter uma unidade na pluralidade. Nos últimos anos, a Universidade tem se destacado na sociedade carioca e tem uma consolidação muito grande na parte de internacionalização. As melhores universidades brasileiras reconhecem o lugar e o papel da PUC-Rio tanto no ensino quanto na pesquisa. Muitos ex-alunos ocuparam e continuam ocupando funções importantes no cenário político, nacional, social e religioso do Brasil 

Lugar de acolhimento 

Monsenhor Manuel Manangão fala sobre a missão social da PUC-Rio

Vigário Episcopal para Caridade Social, Monsenhor Manuel Manangão aproveitou o encontro para destacar a missão social da PUC-Rio, que ele acompanha desde quando entrou na instituição, no ano de 1972, como estudante de filosofia. Ele relembrou que, naquela época, o trote do departamento foi a participação dos calouros em uma campanha de doação de sangue e recordou como os estudantes eram incentivados a refletir sobre a realidade social do país.

– O carro do Hemorio estacionou na Uiversidade durante uma semana, e os alunos novos foram convidados a doar sangue. Depois, ao longo de todo o período de Filosofia, éramos instados a tomar consciência da realidade da vida do Brasil, da realidade social e política também.

Ele também relembrou os esforços feitos pela Universidade para acolher estudantes que vinham de diferentes condições sociais e de áreas distintas do país. Monsenhor Manangão também pontuou a preocupação da PUC-Rio em dialogar harmonicamente com outros grupos religiosos e como o aspecto social servia como início de discussão.

– Tomamos consciência da dificuldade, da falta de recursos, e do grande esforço feito para permitir que um aluno que não tinha possibilidade de pagar as mensalidades da PUC pudesse participar no seu esforço de crescer na vida através de um curso. A questão social funcionava, também, como uma maneira de romper barreiras entre a Universidade e as diferentes religiões dos alunos, e pelo aspecto da realidade se percebia a valorização e a aceitação, a acolhida, a convivência harmoniosa e pacífica entre todos que participavam. 

Ação Social 

O Vice-Reitor para Assuntos Acadêmicos, professor José Ricardo Bergmann

O Vice-Reitor para Assuntos Comunitários da PUC-Rio, professor Augusto  Sampaio, reiterou o esforço da instituição em acolher e a levar o conhecimento àqueles jovens que não conseguiriam arcar com os custos com a mensalidade e citou alguns projetos que existem na Universidade até os dias de hoje.

– Tínhamos a bolsa de ação social voltada para jovens que possuem renda per capita familiar de um salário mínimo e meio, que atualmente corresponde à bolsa filantrópica. Com a mesma intenção, foi criado o Fundo Emergencial de Solidariedade da PUC (FESP), inicialmente com a doação de professores e funcionários, mas que depois foi mantido pela própria Universidade para ajudar os estudantes com gastos em transporte e alimentação. A PUC criou e continua a criar cada vez mais mecanismos para atender estes grupos. Hoje temos 2.109 alunos com este perfil.

O Vice-Reitor Comunitário também chamou a atenção para o recente projeto de inclusão digital, criado por causa da pandemia da Covid-19, com o intuito de ajudar os alunos que não tinham acesso à internet ou aparelhos para assistir às aulas remotas. Segundo professor Augusto, até agora, a Universidade atendeu 589 alunos e arrecadou mais de R$738 mil com doações da comunidade acadêmica e de ex-alunos. 

O Vice-Reitor para Assuntos Acadêmicos, professor José Ricardo Bergmann,  comentou sobre o grande desafio que a Universidade enfrentou durante o ano de comemoração das oito décadas de fundação da PUC-Rio. Com a pandemia,  uma série de mudanças tiveram que ser implementadas pela instituição para manter as atividades acadêmicas. - No dia 13 de março de 2020, decidimos que iríamos ter um recesso na Universidade, que pensávamos que seria curto, mas que já dura um ano. Planejamos em uma semana as atividades de forma remota. Os primeiros dois meses foram de imenso treinamento, desenvolvemos nossas metodologias, nos reunimos e trocamos experiências. Fizemos consultas com os alunos e observamos as redes sociais para saber o sentimento deles em relação ao novo processo.

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