Dramas brasileiros refletidos na televisão
30/09/2021 17:50
Luanna Lino e Victoria Reis

Equipe de Sob Pressão participa de debate sobre a produção da série e os problemas da saúde no país

O roteirista Lucas Paraizo, a atriz Marjorie Estiano e o ator Júlio Andrade. Crédito: Globo/Raquel Cunha

O Departamento de Comunicação em parceria com a Rede Globo promoveu no dia 3 de setembro o seminário Sob Pressão: diálogos da ficção com a realidade, com as participações do diretor artístico, Andrucha Waddington, autor e roteirista Lucas Paraizo, o médico consultor da série, Marcio Maranhão, além dos atores, Júlio Andrade, Marjorie Estiano e David Junior, com mediação da jornalista Bianca Ramoneda. O encontro virtual teve como objetivo analisar a construção narrativa da série e, como a discussão sobre a saúde impacta a procura nas redes de diagnóstico e tratamento, em específico, a mobilização pela doação de sangue.

Durante o debate, o ex-aluno de Comunicação, Lucas Paraizo, pontuou que no início da criação da série existia uma dúvida por parte dos produtores se os brasileiros gostariam de se ver refletidos de maneira tão contundente na televisão, por meio de uma saúde pública deteriorada e casos de corrupção. O roterista, no entanto, afirmou que, por sorte, o pensamento estava errado, e aos poucos eles entenderam a importância da série em trazer pautas e tentar discutir soluções para elas.

- Transformar a saúde em um personagem fez com que pudéssemos acompanhar durante quatro temporadas os altos e baixos da saúde pública. Quando repetimos pautas como a doação de sangue, o racismo, HIV, a cada temporada de uma perspectiva diferente, queremos mostrar que enquanto estes assuntos forem recorrentes na sociedade, eles estarão também na nossa série. Nós entendemos cada vez mais que a saúde é quem está doente neste país.

O médico Márcio Maranhão afirmou que o papel da série Sob Pressão vai além do entretenimento e informação, pois alcança um impacto para promover a comunicação na realidade da saúde pública. Para ele, não é uma questão de usar o espaço como “vitimização”, mas sim, de saber elaborar, posicionar e comunicar a população.

- Ter a ficção neste momento serve como uma salvação. Sob Pressão me deu o privilégio de ter a ficção sobre mim como um amortecimento e me serve também para elaborar questões tão duras que enfrentamos diariamente. Este foi um ganho que tive com o trabalho de cerca de cinco anos desde que começamos a escrever, que partiu desta vontade genuína de contar o que acontece nas emergências públicas do Brasil, e como a pandemia fez emergir esta questão de forma tão concreta. A dependência de todos, e necessidade de ter uma saúde pública robusta, bem gerida, sem desperdício, corrupção e que de certa forma seja um amparo a todos nós.

O diretor Andrucha Waddington e o roteirista Lucas Paraizo.Crédito: Globo/Raquel Cunha

O diretor artístico, Andrucha Waddington, foi questionado sobre a dificuldade de passar a realidade nas cenas cirúrgicas com tanta clareza e detalhes e relatou que isto acontece por conta da construção prévia da história de cada personagem que está na mesa de operação. Assim, é possível que os atores demonstrem uma relação mais orgânica perante as cirurgias e a história por trás de cada uma delas, o que faz com que as cenas sejam ainda mais convincentes e realistas.

Ex-professor do curso de cinema da Universidade, tor e roteirista, Lucas Paraizo, comentou que foi necessário tentar viver um pouco da realidade dos personagens para conseguir retratar, com veracidade, a vivência das pessoas, que são distantes do que ele vive no dia a dia. Paraizo deixou claro que, para mais autenticidade ao enredo, é necessário buscar outros métodos além da consultoria, assim a história se torna mais cativante.

A série aborda diversos assuntos que estão presentes no cotidiano dos brasileiros, mas apresenta, principalmente, questões pertinentes à vida dos profissionais da saúde. A atriz Marjorie Estiano falou sobre a relação de sua personagem, a doutora Carolina, com a fé e a ciência, duas coisas que são, muitas vezes, opostas na vida de um médico. Segundo ela, Carolina carrega na personalidade essas duas características que podem ser muito conflitantes, e vive uma história com a fé, devido a situações extremas da vida.

A atriz também comentou sobre o preconceito de gênero na medicina, tema que ainda não foi abordado de maneira direta na série, mas que é muito presente na vida real. Marjorie opinou que seria interessante poder retratar o assunto por meio da personagem, mas acredita que, diante da realidade vivida por Carolina, o preconceito passa a ser um “luxo”.

-Na realidade dos nossos personagens, a necessidade de atendimento é tão grande que acho que o preconceito acaba perdendo a vez. Normalmente as pessoas chegam aos hospitais em uma situação de vida ou morte e só querem alguém que vá ajudar.

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