Um olhar de dentro para fora
23/12/2021 12:27
Victória Reis

Exposição de alunos da PUC-Rio, no Museu Histórico da Cidade, se conecta com a comunidade do local

Eposição no Museu Histórico da Cidade. (Foto: Divulgação)

União para potencializar debates sobre espaços urbanos: este é o propósito da exposição Habitar o Mapa, desenvolvido por alunos da PUC-Rio, por meio do Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo (EMAU-DAU). A mostra está em exibição no Museu Histórico da Cidade, no Parque da Cidade, na Gávea, e reúne diversos mapas críticos que analisam a comunidade Vila Parque da Cidade.

Os produtos exibidos fazem parte da primeira fase do projeto “Potências locais: cartografia de reconhecimento e ação”. Com coordenação do Laboratório de Arquitetura Humanitária da PUC-Rio, a equipe é formada por oito estagiários que contaram com a colaboração de moradores do local. Inicialmente, os participantes do grupo não tinham a intenção de transformar o projeto em uma exposição, mas analisaram a necessidade de compartilhar o conteúdo com o público.

Thais Picanço do DAU. (Foto: Arquivo pessoal)

A estudante do 8° período do DAU Thais Picanço conta que o processo de trabalho começou em 2020 e enfrentou dificuldades por conta da renovação do quadro de estagiários e da pandemia do coronavírus. Ela afirma que o mapeamento foi organizado a distância em um primeiro momento, com a ajuda de dados abertos disponíveis na internet, sites e softwares de mapeamento.

- A partir disto, começamos o contato com alguns moradores, que são os nossos colaboradores, para aprofundar um pouco mais este mapeamento, além de muitas entrevistas. É muito importante esse contato direto e diálogo aberto com as pessoas que vivem naquele espaço.

Matheus Burity do DAU (Foto: Arquivo pessoal)

Segundo o estudante do 8° período do DAU Matheus Burity, a colaboração de moradores da favela foi fundamental para enriquecer o processo de construção do mapa. Os estagiários receberam ajuda da Associação de Moradores da Vila Parque da Cidade, por meio do vice-presidente Leandro Urso, além do diretor do museu, Alexandre Valadão Rios.

- Os moradores estavam abertos a conversas e houve vários atores pontuais que ajudaram, muita gente disponível às contribuições. Nós encontramos diversas pessoas por meio do processo de ir para a comunidade. Descobrimos pessoas através de contatos de pessoas que estudaram com a gente. Nós temos um colaborador que é da nossa turma e mora lá desde que nasceu.

Inauguração da exposição (Foto: Divulgação)

Após receberem a segunda dose da vacina, os estudantes puderam realizar visitas presenciais aos moradores da comunidade. Thais e Burity afirmam, sem dúvida, que foi a parte mais interessante do projeto. Para ela, o contato direto com o ambiente pesquisado é essencial para ter um panorama aprofundado de questões que, por vezes, não podem ser desenhadas.

- Conseguimos fazer o mapeamento básico com a ajuda de imagens de satélite, e com os moradores que colaboraram e corrigiram algumas coisas que tínhamos feito, além de confirmar informações, e isto foi muito importante. Mas entrar na favela dá uma visão não de cima para baixo, mas sim um olhar de dentro para fora. Para mim, tinha muita satisfação quando descobria algum dado que o morador me contou e não estava no Google. Quando ele contava alguma experiência e visão, de alguma forma, era muito interessante.

O último painel da exposição tem o propósito de interagir com os moradores da comunidade e frequentadores do Museu Histórico da Cidade, por meio do posicionamento de adesivos que apresentam um significado. Thais esclarece que, após o encerramento da mostra, o material será analisado pela equipe de estagiários.

- A partir daí, nós conseguiremos identificar o porquê das escolhas dos adesivos, e isto dará outras respostas para o trabalho, que podem ser confirmadas com os nossos colaboradores. É um processo sem fim, e atualizaremos sempre o mapeamento, descobrindo coisas novas. É uma forma de ouvir as pessoas que não estavam no processo inicial.

Exposição Habitar o Mapa (Foto: Divulgação)

Para Burity, a exibição é importante para validar e proporcionar um retorno do trabalho construído pelos alunos, além de possibilitar uma aproximação com moradores que não conseguiram participar de forma ativa do projeto.

- Acredito que o projeto é essencial para reafirmar uma série de vontades da própria associação de moradores e do museu de construir atividades conjuntas e atividades a longo prazo, e o projeto materializa todas estas intenções.

A mostra ficará aberta no Museu Histórico da Cidade até o dia 31 de janeiro, de quinta-feira a domingo, das 9h às 16h, com entrada gratuita. No local, há arrecadação de alimentos não perecíveis, itens de higiene e produtos de limpeza.

Mais Recentes
Alunos terão desconto em moradia universitária
PUC-Rio fechou parceria com Uliving, maior rede deste tipo de serviço no país
Álvaro Caldas lança quinto livro de sua carreira
Nos anos de pandemia, a janela se tornou uma ligação vital para mundo exterior
Tecnologia, Inovação e Negócios no Instituto ECOA
Encontro reúne alunos e convidados para discutir o fornecimento de água e saneamento no Rio de Janeiro