Primeiro dia da delegação da PUC-Rio no “Planet Under Pressure”, Londres
26/03/2012 18:00
Lilian Saback



Pedro Cunca, Raquel Coutinho (UFRJ-Arquitetura/PUC-Rio),
Alcir de Faro Orlando , Lilian Saback , Camila Barata,
Maria Fernanda Lemos (na frente), e Tácio Campos,
Felipe Guanaes, Marcos Cohen e Fernando Walcacer (atrás)

 

Uma equipe multidisciplinar da PUC-Rio (Alcir de Faro Orlando (Engenharia Mecânica), Camila Barata (Nima), Fernando Walcacer (Direito), Lilian Saback (Comunicação Social), Luiz Felipe Guanaes (Geografia), Marcos Cohen (Administração), Maria Fernanda Lemos (Arquitetura), Pedro Cunca (IRI), Tácio Campos (Engenharia Civil) ) está em Londres para a "Planet Under Pressure". A Conferência reúne, até a quinta-feira, 29, cientistas e representantes da sociedade civil para debater desafios e soluções em prol de um mundo sustentável. O encontro antecede o Fórum de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável, promovido pelas Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que será realizada pelo International Council for Science (ICSU) e parceiros, entre os dias 11 e 15 de junho, no Campus Gávea da PUC-Rio. Os dois eventos têm como objetivo contribuir para a elaboração da agenda que será discutida na Rio+20.

 

 

O ICSU e a World Federation of Engineering Organisations (WFEO) são os representantes da comunidade científica na ONU desde a ECO 92. Nesse período, têm sido responsáveis pela sustentação do debate em todas as reuniões de cúpula da Organização. A Conferência de Londres é a última antes do Fórum que reunirá cerca de 500 cientistas na PUC-Rio, onde será elaborado um documento que será apresentado e lido na Rio+20.

 

Na palestra de abertura da “Planet Under Pressure“, no domingo, 25, Sir Bob Watson, Chief Scientific Advisor do Department of Environment And Rural Affairs e professor da University of East Anglia, no Reino Unido, fez um alerta: "Se quisermos que nosso sonho se realize, a hora de agir é agora!” Ele se referia à importância da Rio+20. Para o professor, a Conferência brasileira precisa marcar o início de ações efetivas para um desenvolvimento sustentável. Segundo Sir Bob Watson, para promover transformações sociais e políticas, será necessário mudar a forma de governar, priorizando o treinamento, a educação e a pesquisa dentro da perspectiva da sustentabilidade.

 

Hoje, o segundo dia do encontro em Londres se concentrou sobre o debate acerca da situação atual do planeta. Logo pela manhã, pesquisadores apresentaram análises sobre questões como a redução do crescimento da população mundial, o aumento da desigualdade econômica e o crescimento do consumo de bens materiais e ambientais como água, energia e carbono. A pesquisa, apresentada pela professora Diana Liverman, da Universidade do Arizona, EUA, integrante do Future Earth Transition Team, destaca a relação entre a desigualdade socioeconômica e a falta de consciência ambiental:

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– Em países com elevada desigualdade de renda, os 10% mais ricos da população podem ser responsáveis por mais de 50% das emissões de gases de efeito estufa. As classes médias em crescimento de muitos países emergentes ou em transição estão desenvolvendo hábitos de consumo que contribuem para a carga sobre o sistema de terra – explicou Liverman.

 

Para o diretor executivo do ANU Climate Change Institute, da Australian National University, Will Steffen, as geleiras eternas só armazenam o equivalente a cerca de duas vezes o carbono na atmosfera. De acordo com o professor, com um "cenário de aquecimento em alta", as liberações de emissões de gases de efeito estufa a partir do derretimento das geleiras eternas do Ártico são o equivalente a de 30 a 63 gigatoneladas (Gt) de dióxido de carbono até 2040, e de 232 a 380 Gt até 2100, e, ainda, de 549 a 865 Gt até 2300. Em comparação, as emissões de combustíveis fósseis são hoje cerca de 10 Gt por ano. "O ponto chave é: ou nos afastamos muito dessas tendências – a tendência de dióxido de carbono, o desmatamento e assim por diante – ou os deixamos continuar e ir além dos limites críticos", alertou Steffen.

 

O encerramento da plenária do dia reuniu para um debate sete cientistas renomados, entre eles, dois prêmios Nobel - Elinor Ostrom, Economia, 2009,
e Yuan T. Lee, Química, 1986 - além do secretário executivo do ICSU, Gisbert Glaser, e o representante do Ministério de Ciência e Tecnologia na Rio+20, Carlos
Joly. “Precisamos aperfeiçoar a comunicação para traduzir questões técnicas, de forma que a questão da sustentabilidade possa ser absorvida por toda a população mundial”, afirmou Joly. 

 

A “Planet Under Pressure” traz para o debate de amanhã, 27 de março, o tema Opções e Oportunidades.

 

 

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Desafios e soluções

 

O Diretor do Nima, professor Felipe Guanaes, do Departamento de Geografia, comentou os pontos principais das discussões de hoje.

 

- Urgência da ação

“Na medida em que as condições se ampliaram, a população aumentou, o número de carros nas ruas também, por exemplo. Além disso, a situação do planeta se agravou. O doente está terminal. Como agir a partir deste cenário? Nós devemos agir localmente, exigindo comprometimento de nós mesmos. A urgência dever ser contemplada com ações individuais.”

 

- O derretimento das geleiras eternas

“O derretimento das geleiras eternas libera o CO2 que estava armazenado há milhões de anos. Quando essas geleiras derretem, além de causar mais poluição, faz com que percamos parte importante da história da atmosfera do planeta.”

 

- Necessidade de mais comunicação

“Se queremos fazer uma integração da comunidade científica com a sociedade civil - os políticos e a população com um todo -, como argumentaram os prêmios Nobel esta manhã, temos que buscar uma linguagem comum de entendimento, ou seja, trazer conceitos complexos para o dia a dia de todos de forma simples, para que todos possam agir localmente.”

 

 

Plantão - Edição 253

 

 

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