Duas décadas de ações afirmativas
22/09/2014 17:33
Alessandra Monnerat / Foto: Gabriela Doria

Inserção de alunos de pré-vestibulares comunitários na Universidade faz 20 anos

Na década de 70, apenas um aluno negro estudava no Centro de Ciências Sociais (CCS). Seria apenas em 1994, com o projeto de inserção de alunos de pré- -vestibulares comunitários no Departamento de Serviço Social, que esse quadro começaria a mudar. Atualmente, a PUC- -Rio é referência nacional em políticas de ações afirmativas. Na Aula Inaugural do Departamento, no dia 10 de setembro, o Vice-Reitor Comunitário, Augusto Sampaio, foi homenageado por ter sido uma pessoa chave para a implantação do início desse processo na Universidade.

Foi com uma carta da Conferência Religiosa Brasileira que o projeto de inclusão começou a tomar forma. Enviada ao então Reitor, padre Laércio Dias de Moura, S.J., ela sugeria que fossem criadas bolsas para os alunos dos Pré-Vestibulares para Negros e Carentes, dirigidos por Frei Davi Raimundo. A Universidade abraçou a causa e, inicialmente, os estudantes ingressaram apenas no curso de Serviço Social, mas logo a ação se estendeu a todos os departamentos.

Hoje, os bolsistas têm auxílio para alimentação e transporte, através do Fundo Emergencial de Solidariedade, que complementa a gratuidade no ensino. Para o professor Augusto, esta é uma realização pessoal, que abriu portas a programas similares.

– Só 15 anos depois surgiu o Prouni. O ex-ministro Fernando Haddad uma vez me disse que nosso exemplo inspirava o MEC a criar algo nessa linha. Mostramos que o projeto de inclusão era possível.

A diretora do Departamento de Serviço Social, professora Luiza Helena Nunes Ermel, também foi homenageada pela atuação no projeto de inclusão. Ela participou ativamente do processo, enquanto atuava na comunidade da Pedreira, na Zona Norte, com a qual mantém relação até hoje.

– As pessoas de lá não tinham autonomia nem voz. Aí veio a ideia: se elas estudarem e se habilitarem, terão voz. Hoje, temos vários alunos que dirigem ONGs de peso. Houve uma grande mudança, da qual nem temos dimensão.

O decano do CCS, professor Luiz Roberto Cunha, terceiro homenageado, concordou que os pilotis se democratizaram. Para ele, as ações afirmativas são obrigação.

– Essa é uma universidade católica, mas não pode ser só no nome. Ela deve ser católica em relação à sociedade.

 

Um assunto a ser debatido

Um tema que, por sua profunda inserção na história da humanidade e por contemplar questões filosóficas densas, merece ser visitado e revisitado. O tráfico humano, para os palestrantes da Aula Inaugural do Departamento de Serviço Social, deve ser combatido ativamente com três ps: prevenção, punição e proteção.

O segundo crime mais rentável no mundo, o tráfico atinge, em sua maioria, mulheres adultas. Mas a professora Tania de Souza, da PUC-SP, explicou que a exploração tem várias faces além da sexual, como a de venda de órgãos, de adoção ilegal e de servidão por dívida.

– Esse crime não escolhe raça nem idade – disse.

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