Quem vai à Biblioteca da PUC-Rio nem sempre tem conhecimento das raridades existentes entre o acervo de mais de 170 mil livros catalogados. Em uma parte reservada, climatizada e com acesso restrito, as 5 mil obras identifi cadas como raras – até o momento, pois o acervo continua em processo de identifi cação – são guardadas como tesouros. Por se tratar de um material secular, os livros mantidos no Armazém, no 3º andar da Ala Frings, são submetidos a um rigoroso método de preservação.
A princípio, o título mais antigo do patrimônio é de autoria do fi lósofo e ensaísta britânico Francis Bacon, Pensees Philosophiques et morales. No exemplar, não está especifi cada a década, mas é possível constatar que pertence aos anos de 1500. Além da obra do pensador, outro destaque é o livro El ingenioso hidalgo Don Qvixote de la Mancha, de Miguel de Cervantes.
De acordo com a supervisora da seção de processamento técnico, Patrícia Lima, o livro espanhol, de 1605, possivelmente se trata da primeira impressão.
– Nós temos a edição de Dom Quixote, que julgamos ser a primeira. Você pode pesquisar nas bibliotecas nacionais e, talvez, só encontre reimpressões. Não é como a que nós temos com características tão especiais. Acho que nem a Biblioteca Nacional da Espanha tem esta edição.
A diretora da Divisão de Bibliotecas e Documentação (DBD), Dolores Rodriguez Perez, lembrou do dia em que o cônsul espanhol veio à Universidade e pôde ver o livro de Cervantes, que fi cou à mostra na exposição de Dom Quixote, em maio de 2005.
– O cônsul espanhol esteve aqui e disse que nunca tinha visto essa edição. É um exemplo de como o nosso acervo é riquíssimo.
O casamento entre as relíquias centenárias e a tecnologia tende a ser vantajoso para preservar o material. No caso da Universidade, por exemplo, é possível encontrar o livro de oração Nouvelles heures et prières composées dans le style des manuscrits du XIVe. au XVIe. siècle, que foi digitalizado para a Biblioteca Digital da Redarte – uma rede de bibliotecas ligada à arte – da qual a PUC- -Rio participa. A digitalização de uma obra rara permite torná- la acessível sem a necessidade do manuseio. Entretanto, segundo Patrícia, a tarefa não é fácil e o trabalho tem de ser feito por uma empresa especializada.
– Por se tratar de livros de séculos, a digitalização não é fácil. Devido às características de uma obra rara, os cuidados que você tem que ter com ela são especiais. A digitalização é importante para pesquisador porque a torna acessível sem precisar manuseá-la.