Em meio ao verde, uma das paixões da vida do Reitor da PUC-Rio, padre Josafá Carlos de Siqueira, S.J., foi lançado o livro de sua autoria Parábolas Fitoantrópicas: Falar das Plantas com uma Linguagem Humana, no dia 11 de novembro. No texto, publicado pela Editora PUC-Rio, a experiência científica do botânico se une à visão de mundo do religioso para criar reflexões sobre a vida humana e as questões ambientais atuais descritas em parábolas. Segundo o autor, a publicação é o resultado natural de uma vida dedicada à missão pastoral e ao reino vegetal.
– Foram 40 anos estudando as plantas. Chega um momento em que você tem que converter o conhecimento científico de maneira acessível às pessoas. O livro é para ler quando quiser descansar a cabeça, em uma linguagem mais do coração do que do rigor científico. Minha primeira paixão é Jesus Cristo, mas minha segunda paixão é o reino vegetal, ao qual eu me dediquei a vida toda – explicou, e acrescentou, brincando: – Em terceiro vem a PUC, em quarto, o Fluminense.
O lançamento ocorreu no bosque do campus, ao lado do anfiteatro Junito Brandão, e seguiu a agenda de sustentabilidade da Universidade. As bebidas foram servidas em copos reciclados, produzidos com casca de mandioca, fruto de um projeto de alunos da PUC.
O prefácio da obra, escrito pela diretora do Departamento de Biologia, professora Rejan Guedes-Bruni, tratou do desafio de tornar mais próximo do público leigo a linguagem do conhecimento da biologia. Segundo a professora, o livro chega em momento oportuno, na qual a reflexão sobre como se utilizam os recursos naturais se mostra urgente. Para ela, padre Josafá usa uma abordagem ética interessante, que relativiza a posição do ser humano e o coloca como criatura pertencente a um ecossistema.
– Na Biologia, nos vemos como parte de um conjunto de espécies, o homem está inserido em uma grande sinergia cósmica. Por isso, acho que esse livro é um trabalho pastoral, mas que atinge perfeitamente o público sensível. Pessoas que, independente do credo religioso, se veem como parte de algo maior do que a nossa dimensão como Homo sapiens.
O formato de parábolas foi escolhido pela facilidade com que o estilo permite lidar com temas complexos. A Vice-Decana do CTCH, professora Maria Clara Bingemer, do Departamento de Teologia, explicou que este era o gênero literário em que Jesus Cristo se expressava, e que ele fazia referências à natureza para se aproximar da fala da sociedade agrícola da época. Para Maria Clara, porém, essa abordagem permanece muito relevante, especialmente na época em que vivemos.
– Hoje é o contrário: nós vivemos em um mundo urbano, mas nos cansamos da distância com que vivemos da natureza. Estamos sempre no ar refrigerado, não percebemos as mudanças das estações. Nossos sentidos entram em recesso, um recesso de desejo. Acho que justamente por isso, com a consciência ecológica crescente, a teologia está desafiada a pensar a relação com o cosmos, com a natureza, e é isso que o padre Josafá tenta fazer – disse.
No livro, cada parábola faz referência a uma espécie do reino vegetal. Jequitibá, ipê, figueira, buriti, jatobá e pequi geraram reflexões sobre o humano e a relação com os diferentes ecossistemas. Durante o lançamento, o aluno Guilherme Borba, do 3º período de Biologia, leu uma das parábolas da obra, chamada Balada Noturna, que faz ponderações sobre a planta Lafoensia. O Vice-Reitor Comunitário, professor Augusto Sampaio, garante que lê todos os livros de padre Josafá e colocará mais esse na cabeceira.
– Com certeza essas parábolas sobre plantas vão enriquecer muito a minha vida.