Marca de confiança em vitrines humanas
26/11/2014 17:46
Diego Roman/ Foto: Bruna Duque

Modelo passou 12 horas, em evento, para exibir desenho

André Viana trabalha no estúdio Kiko Tattoo e já competiu em convenções
Tatuagem é uma arte que se difere das outras, pois é preciso que haja uma confiança entre o tatuador e a pessoa que vai ter a imagem na pele pelo resto da vida. E essa relação pode fazer com que um trabalho possa alcançar um nível maior, de ser exposto em convenções e receber prêmios.

A tatuagem com tema de Segunda Guerra concorreu na Tatto Week

O tatuador André Vianna trabalha no estúdio KikoTattoo e já participou, em 2012 e 2013, da Tattoo Week, o maior encontro de tatuadores e amantes deste tipo de arte da América Latina. Ele competiu duas vezes com o mesmo desenho, que tem como tema a Segunda Guerra Mundial. A arte foi elaborada no braço esquerdo do jornaleiro Michael Prado, mas o artista diz que não fez o trabalho com o intuito de competir.

– Inicialmente, fizemos só uma caveira com capacete, ai fomos vendo que poderíamos acrescentar uns elementos, e o dono do estúdio, o Kiko, achou que a tatuagem poderia competir e investimos nela – comentou André.

A Tattoo Week premia os vencedores de cada modalidade com oportunidades para o tatuador viajar para fora do país e participar das maiores convenções de tatuagem do mundo.

O trabalho de André não foi premiado, mas foi reconhecido por tatuadores e fãs. Ele diz que o critério de seleção dos juízes é uma incógnita, pois muitos trabalhos bem feitos não ganham prêmios, enquanto outros, cujos resultados são piores, ganham. Segundo o artista, a avaliação é diferente em alguns lugares.

– Nas convenções da Europa, os juízes não querem saber quem fez o desenho, aqui um tatuador de mais renome tem mais condições de ganhar, mesmo se o desenho dele não estiver tão bom. Digamos que, se você é mais conhecido, seu trabalho ganha um peso dois enquanto os outros têm peso um – afirma.

Foi necessário um ano para completar o desenho no braço de Michael, e cada sessão durou quatro horas e meia. O jornaleiro chegou a ter que participar de três sessões em uma semana, mesmo com o desenho ainda em cicatrização. A tatuagem vale R$ 7 mil, mas Michael não pagou nada.

Os dois têm uma amizade antiga. Todas as tatuagens de Michael foram feitas por André. E essa relação fez com que surgisse a inspiração para fazer o desenho da Segunda Guerra.

– André disse que queria aprimorar um trabalho, e eu aceitei. Vimos que foi ficando legal, e ele perguntou se eu não gostaria de fazer mais. Não recusei – diz Michael.

O estudante William Ball tem um braço fechado com tema oriental

Diferente da tatuagem de Michael, existem desenhos feitos no dia da convenção. É o caso do estudante William Gonzales Parada Ball, de 22 anos, que ficou mais de seis horas em uma sessão quando tatuou o braço e a perna no Rio das Ostras Tatoo Fest, na cidade de Rio das Ostras. Ao todo, passou mais de 12 horas no evento para exibir as tatuagens aos jurados.

– A dor nem incomodava mais. O pior era ficar na mesma posição durante muito tempo. Depois de terminar, estava exausto, fui até o carro, dormi por um tempo até a hora de ser chamado para que os juízes me vissem – lembra o estudante.

As tatuagens de William foram inscritas em duas categorias: Oriental e Realismo, sendo que, nessa última, ele ganhou o segundo lugar com a imagem do rosto do Jack Nicholson no filme O iluminado. Assim como Michael e André, o estudante já conhecia o tatuador e aceitou o convite do artista.

– Ele estava tatuando minha irmã e me chamou para participar. Me mostrou os desenhos que queria, aceitei, mas se não gostasse não faria – explica.

 

 

 

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