Outubro Rosa chega à Rocinha
27/11/2014 17:05
Michele Freitas / Fotos: Weiler Filho e JP Araujo

Em sintonia com o Outubro Rosa, a Escola Médica da PUC-Rio lançou no dia 28 o projeto Detecção do Câncer de Mama, que atenderá mulheres da comunidade da Rocinha.

Lançamento do Programa de Saúde da Mulher que oferecerá diagnóstico e tratamento gratuito na Rocinha

No mês de outubro, diversos monumentos ao redor do mundo ficaram iluminados com a cor rosa. A ação fez parte do movimento popular internacionalmente conhecido como Outubro Rosa, que marca a luta contra o câncer de mama. Em sintonia com mobilização, a Escola Médica da PUC-Rio lançou, no dia 28 de outubro, o projeto de Detecção do Câncer de Mama, que oferecerá diagnóstico e, se necessário, tratamento gratuito a 500 mulheres da comunidade da Rocinha. O objetivo do projeto, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), é fazer um mapeamento da doença na região a partir do acompanhamento das mulheres.

A medida faz parte do Programa de Promoção da Saúde da Mulher da PUC-Rio, que já atua na comunidade de Vila Canoas, em São Conrado. Das 500 mulheres da região, 105 foram acompanhadas entre 2011 e 2012 e nenhum caso de câncer foi diagnosticado. A psicóloga Glaucia Pina, umas das responsáveis pelo projeto multidisciplinar, diz que o desafio é tão grande quanto o tamanho da comunidade. Mas com o programa, ela espera levar mais informação e assistência a essas mulheres.

– O objetivo é se aproximar da população feminina e descobrir porque as mulheres ainda não fazem mamografia. Queremos que elas realizem o diagnóstico preventivo, já que muitas delas não fazem o tratamento precoce.

Durante o lançamento do programa, o Reitor da PUC-Rio, padre Josafá Carlos de Siqueira, S.J., parabenizou os envolvidos com o projeto e agradeceu a presença dos convidados. Ele destacou a importância da relação entre as atividades acadêmicas e a comunidade.

– A Universidade não pode ficar voltada entre muros, ela tem que interagir cada vez mais com a comunidade. E um projeto como esse, em que há a preocupação com a comunidade, mostra como é possível trabalhar sempre voltados aos problemas do nosso entorno.

O Reitor também falou sobre o esforço que a PUC tem feito, especialmente a Escola Médica, de buscar novas tecnologias e projetos que tragam resultados e dados concretos para a melhoria da qualidade de vida da população. O ambulatório da MedPUC será equipado com um dos mamógrafos mais modernos existentes. Esse caminho é muito importante na trajetória da academia.

– Estamos no caminho certo. Nossos conteúdos vão sendo reelaborados e as nossas estruturas vão sendo redimensionadas à medida em que nos abrimos para esse grande problema que se tem na questão da saúde no Brasil.

No mesmo dia, durante a tarde, a Escola Médica da PUC-Rio promoveu uma roda de conversa sobre o câncer de mama, com a médica mastologista Thereza Cypreste, da Associação dos Amigos da Mama de Niterói (Adama). A palestra teve o objetivo de instruir as moradoras da Rocinha sobre o perigo do câncer de mama e a importância dos exames de prevenção. A mastologista apontou a falta de conhecimento das mulheres e homens como vetor da doença.

– A desinformação é democrática, tanto em Ipanema quanto na Rocinha. A falta de cuidado é a mesma, a diferença é a possibilidade de tratamento.

Sobreviventes do câncer do mama dialogam com moradoras da Rocinha

Durante o encontro, as mulheres tiveram a oportunidade de aprender a fazer o autoexame da mama. Todas acima de 40 anos receberam um cupom para fazer a mamografia na Santa Casa de Misericórdia. A moradora Milene Reis, de 44 anos, ficou muito emocionada, pois há mais de cinco meses tenta marcar o exame pelo SUS.

Três mulheres que sobreviveram ao câncer de mama deram o testemunho da luta contra a doença. Além delas, Joaquim Paz, de 58 anos, que perdeu a mãe para o câncer de mama por causa do diagnóstico tardio. Anos mais tarde, descobriu, por acaso, aos 55 anos, que também estava com a doença, diagnosticado pela mulher, que é médica.

– Eu acompanhei o tratamento da minha mãe e não tinha a mínima ideia de que homem também podia ter câncer de mama. O diagnóstico precoce foi fundamental para que eu iniciasse o tratamento cedo o que aumentou muito as minhas chances de sobrevivência.

Atualmente, Joaquim Paz trabalha como voluntário na Associação Brasileira de Apoio aos Pacientes de Câncer (Abrapac), na conscientização de homens e mulheres. Ele também oferece apoio aos pacientes em hospitais e ressalta que a falta de compreensão e de sensibilidade dos maridos e filhos prejudicam o tratamento.

– O processo é muito duro e o carinho dos familiares é fundamental nessas horas. Quando você está em tratamento, em alguns momentos, você simplesmente não tem forças para continuar. Isso não significa que esteja desistindo. Os homens, principalmente, têm muita dificuldade de entender isso.

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