A Atualidade do Pensamento de Paulo Freire foi o tema do seminário promovido pelo Departamento de Educação no dia 23 de junho. Pela manhã, o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFF-RJ) Osmar Fávero e a professora da PUC-Rio Elisa Siqueira abordaram sobre As Fichas de Cultura do Sistema de Alfabetização Paulo Freire.
Fávero destacou a contribuição das fichas para o trabalho educativo de adultos analfabetos. O método de Paulo Freire utilizava-se das chamadas “palavras geradoras”, que eram palavras que faziam parte da realidade, do contexto social da pessoa. Ela se desenvolvia em outras e, assim, aumentava o repertório. O professor destaca que, a princípio, as fichas foram feitas para experiência em Angicos, pequena cidade no interior do Rio Grande do Sul, onde foram alfabetizados cerca de 300 angicanos, em 1963.
- As primeiras fichas são feitas para angincos. Tenho algumas fichas guardadas até hoje. Elas (fichas de cultura) são importantes para uma discussão da realidade, em que se cria uma atitude crítica e criativa para entender o meio que se vive a fim de transformá-lo – esclarece Fávero.
Posteriormente, uma segunda edição de fichas foi produzida pelo Ministério de Educação e Cultura (MEC), no Instituto Nacional de Cinema Educativo (INCE). Com o ceramista e pintor Francisco Brennand, se tem a terceira série de fichas para o Programa Nacional de Alfabetização.
O professor salienta que Paulo Freire explora o conceito antropológico de cultura a partir da análise de Padre Henrique de Lima Vaz, disseminados nos seminários promovidos pela Juventude Universitário Católica (JUC). No conceito, cultura é entendido como histórica, social, pessoal e universal.
Elise Siqueira destacou a análise que ela fez em sua monografia sobre a ficha O Vaqueiro e o Gaúcho, feita pelo pintor Francisco Brennand. Segundo a professora, a ficha expõe as diferenças culturais de dois tipos brasileiros, do Nordeste e do Sul. A professora queria entender porque eles foram retratados como símbolo da nacionalidade brasileira.
- Me despertou a curiosidade para entender porque os dois tipos humanos estavam sendo apresentados como representantes de uma nacionalidade brasileira, dentro de um programa nacional da alfabetização.
Sobre as fichas culturais do sistema de alfabetização:
As fichas de cultura são fichas ou slides, que mostram a manifestação artística de um determinado autor por meio de desenhos e pinturas feitos à mão. Elas, a princípio, eram usadas para o ensino nas escolas primárias. No entanto, Paulo Freire as sistematizou e as adaptou para a alfabetização de adultos, em que era utilizadas atividades típicas da região com o intuito das pessoas se verem nas fichas. O objetivo era acelerar o processo de alfabetização por meio da representação do contexto social em que essas pessoas estavam inseridas. Um dos artistas que se destacou foi o pernambucano Francisco Brennand, que ilustrou dez fichas do Programa Nacional de Alfabetização.