Debater questões relacionadas à problemática da ecologia, do meio ambiente e do consumo excessivo. Esses e outros pontos foram expostos pelo Reitor da PUC-Rio, padre Josafá Carlos de Siqueira S.J., na palestra Laudato sí: fundamentos teológicos, questões centrais e propostas políticas, no Museu do Meio Ambiente, no Jardim Botânico. A palestra faz parte do Encontro Internacional Fé no Clima.
Biólogo por formação, padre Josafá afirmou estar entusiasmado com a Laudato sí (Louvado Seja) - Sobre o cuidado da Casa Comum, carta encíclica escrita pelo Papa Francisco. Ele disse que durante a Jornada Mundial da Juventude do Rio, em 2013, em uma oportunidade, solicitou uma palavra do Pontífice sobre a questão ambiental.
- Eu assumi a missão de divulgar e expor esta Encíclica. Quando ela saiu, fiquei muito feliz e abracei a causa.
Para o Reitor, a Laudato Sí expõe a relação do homem com a natureza e as pessoas que mais precisam. De acordo com ele, esta relação é semelhante à relação que São Francisco de Assis tinha para com o próximo e a natureza.
- Ao mesmo tempo que Assis tinha uma ligação cosmológica com a natureza, havia também algo muito proximal com as pessoas que necessitavam. Essa encíclica foi para mostrar que também temos que estar atentos, tanto à questão social quanto ambiental. Assim, o Laudato sí tem como um dos objetivos atender um apelo universal e planetário – ressaltou.
O antropocentrismo, aplicado a uma cultura renascentista e moderna, em contraposição a uma visão teológica, também foi criticada pelo padre Josafá. Ele acredita que a humanidade vem sendo destruída por pretender ocupar o lugar de Deus. Para ele, a pretensão do homem em ser um homem absoluto é prejudicial a todos.
- O homem não se vê mais como parte da natureza, parte de uma dimensão maior. A concepção cartesiana, de homem máquina, destrói as relações sociais da natureza. Ela não é uma máquina que tiramos uma peça e depois podemos recolocá-la a qualquer momento.
O consumo sem conscientização também foi criticado pelo Reitor, que afirmou que o círculo vicioso do consumismo sem medida e imediatista leva a humanidade a um desequilíbrio.
- O planeta Terra aos poucos está se tornando um grande lixão. O lixo não some. Ele tem diversos processos de decomposição. A ideia de que de jogar o lixo fora é problema resolvido é equivocada.
E para poder reverter esse quadro e cuidar da Casa Comum, o Reitor da Universidade analisou algumas propostas da Encíclica, como educação ambiental, um pensamento de justiça intergeracional, isto é, preocupação com questões sociais, ambientais e econômicas e pequenas ações diárias.
- Nós estamos acorrentados a um modelo. É preciso rever os hábitos diários que temos em situações corriqueiras. Partir do princípio que, embora pequenas, são potencializadoras. Além disso, a educação ambiental é importantíssima, tanto que foi dedicada, na encíclica, uma extensão reflexão, e uma visão global, intergeracional, não individualista e cartesiana – explica.