Ministra do Meio Ambiente participa de debate sobre a Laudato Si
16/09/2015 11:47
Rayanderson Guerra / Fotos: Matheus Salgado

Izabella Mônica Vieira Teixeira esteve na Universidade no dia 14 de setembro para debate sobre novo documento do Papa Francisco sobre o meio ambiente.

Laudato Sí, sobre o cuidado da casa comum. A carta encíclica em que o Papa Francisco faz um apelo à proteção da casa comum – o planeta – foi objeto de debate na segunda-feira, 14 de setembro, no auditório do RDC. O encontro teve a presença da ministra do Meio Ambiente, Izabella Mônica Vieira Teixeira, do Reitor padre Josafá Carlos de Siqueira, S.J., e de professores dos departamentos de Ciências Sociais, Economia e Direito, com o objetivo de analisar o documento e discutir a questão ecológica e ambiental.

Izabella ressaltou a importância do Brasil na mediação de acordos internacionais sobre o meio ambiente e destacou o engajamento do Brasil em viabilizar um acordo global na 21ª Conferência do Clima (COP 21), que vai ocorrer em dezembro desse ano, em Paris.

– Deveremos trabalhar soluções em relação a essa negociação. As soluções envolvem três itens: a diferenciação, como fazer com que os países possam convergir com o compromisso de aumento (limite) de até dois graus de temperatura nesse século, defendendo as diferenças nacionais. O segundo aspecto diz respeito a soluções em relação a financiamentos. Também estamos engajados em buscar cooperar com países desenvolvidos para buscar soluções de financiamento importantes. E o terceiro aspecto, é importante podermos avançar no debate sobre adaptação, não estamos cuidando apenas dos aspectos de mitigação, entendemos que o acordo de Paris deve ter além de soluções financeiras e econômicas, uma solução balanceada entre mitigação e adaptação.

A “encíclica verde” Laudato Sí foi lançada no dia 18 de junho pelo Papa Francisco. Durante o debate, o Reitor apresentou 12 críticas presentes no documento, número associado às 12 tribos de Israel, e 10 propostas, relação com os 10 mandamentos bíblicos, de mudanças e conversão. Da crítica à visão consumista até a proposta de reconhecer o valor e a fragilidade da natureza, o Reitor utilizou trechos da carta para ilustrar os pontos abordados. Segundo ele, o documento converge as preocupações da ciência, religião e da sociedade sobre o meio ambiente.

– A proposta do Papa Francisco é a visão mais integradora da realidade. Por isso, escolhi para esse debate com as ciências humanas, críticas e propostas de mudanças presentes na Encíclica. Não se trata de um documento técnico, embora pessoas ligadas à área científica foram consultá-lo. É um documento reflexivo, que vai na linha da reflexão filosófica, teológica e social, e tem uma novidade em relação aos demais documentos produzidos pela Igreja: essa Encíclica não é voltada somente ao mundo católico. É para os católicos, para outros religiosos e para os não crentes. É voltado para todos aqueles que habitam a casa comum.

Diretor do Departamento de Ciências Sociais da PUC-Rio, professor Ricardo Ismael, colocou a questão trabalhista no centro do debate. Um trecho da Carta foi citado pelo professor para exemplificar a ideia: “O trabalho é uma necessidade, faz parte do sentido da vida nesta terra, é caminho de maturação, desenvolvimento humano e realização pessoal. Neste sentido, ajudar os pobres com o dinheiro deve ser sempre um remédio provisório para enfrentar emergências. O verdadeiro objetivo deveria ser sempre consentir-lhes uma vida digna através do trabalho. ”

A discussão sobre desenvolvimento sustentável, segundo Ismael, é essencial para um país como o Brasil, em desenvolvimento. Para ele, as nações devem ter ambições maiores, que não só políticas de bem-estar social, como o Bolsa Família, ou buscar atingir um alto produto interno bruto (PIB) ou uma boa colocação no índice de desenvolvimento humano (IDH). No entanto, ele destaca que agendas sociais são importantes para o Brasil, mas não devem ser o ponto de chegada.

– É claro que programas como o Bolsa família (de distribuição de renda) são importantíssimos, porque eles acabam com a fome, porque dão condições para que aquela família tenha uma renda estável. O problema do programa é resolver colocar as crianças na escola. O Brasil precisa continuar gerando emprego e trabalho. A discussão, agora, é que tipo de trabalho vai ser oferecido, para que não haja uma devastação de matas, poluição de rios e problemas ambientais. O Bolsa Família deve ser o ponto de partida e não o ponto de chagada.

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