Brasil Pós-Real e Vida Economicamente Ativa Depois dos 50
01/10/2015 14:51
Vitória Christino / Fotos: Bruno Pavão

Encontro reuniu o ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco, o presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Leonardo Pereira, e a professora do Departamento de Artes e Design Vera Damazio, organizadora do projeto PUC mais de 50  

A pirâmide etária brasileira se transformou ao longo dos anos e o crescente número de população idosa foi um dos motivos para essa mudança. Em consequência, o atual cenário econômico e o envelhecimento da população do país provocam desestruturações no sistema previdenciário. Para discutir esse cenário, foi organizada a palestra Brasil Pós-Real e Vida Economicamente Ativa Depois dos 50, com o ex-presidente do Banco Central (BC) Gustavo Franco, professor do Departamento de Economia da PUC-Rio. O encontro ocorreu no dia 28 de setembro, no auditório do RDC.

Gustavo Franco foi secretário de política econômica adjunto do Ministério da Fazenda entre os anos de 1993 e 1999, e fez parte da equipe que elaborou o Plano Real. Na palestra, ele fez uma análise do envelhecimento da população brasileira desde a década de 1960 até os dias atuais. Para o professor, o Brasil tem envelhecido de uma forma avassaladora e nem sempre perceptível. Segundo ele, muitas pessoas acham complexo tratar de educação financeira, mas, na verdade, o maior inimigo desse assunto não é a complexidade e sim o desinteresse das pessoas.

O ex-presidente do BC relembrou que o processo de transição demográfica brasileira começou nos anos 60, quando a taxa de fertilidade, ou o número de filhos por mulher, começou a cair de modo significativo: De um número próximo de 6, foi caiu para menos de 2. Ele explica que, décadas atrás, a população crescia 3% ao ano e a taxa de dependência, ou seja, a parte da população que não trabalhava, era superior a 80. Isso representava uma pirâmide larga na base, afunilada no meio e com a ponta mais estreita.

Ele analisou que, ao longo dos anos, há uma queda na taxa de dependência decorrente da redução da taxa de fertilidade. Com isso, a pirâmide etária brasileira se modificou.

- Nos anos 90, a pirâmide já se parece com um “ovo deitado”, ou seja, estreito na base e no topo e maior no centro. A partir disto, o Brasil experimentou o que se chama bônus demográfico, que ocorre quando há um grande contingente da população em idade produtiva e um menor número de idosos e crianças.

Franco disse ainda que, em 2015, já podem ser percebidos os primeiros sinais negativos da reversão desse processo. O bônus demográfico está diminuindo e as repercussões no mercado de trabalho começaram a ficar preocupantes novamente. Ele ressalta que o envelhecimento da população afeta o INSS, o que gera um problema previdenciário.

- O INSS é um regime coletivo de poupança em que, quem trabalha paga a aposentadoria de quem não trabalha, de quem está aposentado. Chamamos isso de bases correntes. Esse sistema fica desestruturado com o envelhecimento da população. Não é o sujeito que está aposentado que tem como aposentadoria sua poupança quando jovem, mas sim o sujeito que está trabalhando que o paga com a poupança que possui.

O presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Leonardo Pereira, abordou a importância da educação financeira no cenário atual da sociedade brasileira. Ele reafirmou a questão levantada por Franco sobre a mudança na pirâmide e acrescentou que, nesse contexto, é importante que a população também se preocupe em poupar mais.

- Estamos vivendo um maior risco, pois as pessoas vão viver mais, ter mais energia, mais ideias, mas por outro lado, não estão se preocupando em poupar mais. Não estão conscientes do que isso significa a longo prazo. Nesse contexto que a CVM tem que zelar pelo mercado não bancário. Fazemos uma regulação não intervencionista, mas equilibrada.

Pereira também afirmou que um dos papéis da CVM é proteger e desenvolver o mercado, e que saber manter um equilíbrio sobre essas duas funções é o segredo do que é ser regulador. O presidente explicou que alertar a população sobre a importância de poupar é diferente de ser intervencionista.

- A decisão tem que vir sempre da pessoa. O regulador não vai intervir, vai apenas auxiliar e ter certeza de que todas as informações estão sendo bem divulgadas e compreendidas.

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