Quem nunca apreciou as folhas da árvore Ipê roxa ou amarela que caem e deixam as ruas coloridas da cidade? A espécie não é a única que pode ser apreciada nos canteiros e praças do Rio. Pesquisa feita pelo Reitor da PUC-Rio, padre Josafá Carlos de Siqueira S.J., que é biólogo, mostra que, no bairro da Gávea, por exemplo, em 13 ruas, há apenas 26 espécies exóticas e 17 nativas. E que diversas ruas têm nomes de espécies de árvores, mas que não apresentam nenhum exemplar delas.
Os dados foram apresentados pelo Reitor no segundo dia da Jornada Fluminense de Botânica, ocorrido no 1º de outubro, durante palestra em que ele abordou a importância da arborização com espécies nativas e exóticas nas metrópoles urbanas.
Padre Josafá citou algumas espécies que estão presentes no meio urbano, como a Sibipiruna, a Amendoeira, o Pau-Brasil e o Ipê. No caso da Amendoeira, o biólogo ressalta que há uma Lei Municipal, do código ambiental, que proíbe o plantio nas ruas da cidade do Rio de Janeiro. Segundo ele, a lei existe porque as folhas grandes da Amendoeira entopem os bueiros, as raízes arrebentam canos subterrâneos e os frutos atraem uma espécie de morcegos.
Além disso, o Reitor destaca que a arborização deve ser uma expressão da riqueza dos ecossistemas brasileiros e que a introdução de espécies nativas nas metrópoles, a seleção delas e a forma de adaptá-las às mudanças climáticas são desafios de órgãos públicos, em conjunto com os biólogos e botânicos.
- A introdução de espécies nativas, além de valorizar ainda mais nossos bairros, pode ser também uma educação ambiental para as futuras gerações saberem lidar com essa herança histórica que o meio ambiente deu para nós. Este é um dos grandes desafios da nossa profissão – afirma.