Cada vez mais presentes no cenário cultural brasileiro, os espetáculos musicais se firmam como uma boa opção na hora de contar uma história. No dia 8 de janeiro, estreou no Theatro Net Rio, em Copacabana, a peça O Primeiro Musical a Gente Nunca Esquece, ficção sobre um casal em crise após quase 20 anos de casamento. A trilha sonora, híbrida, mistura clássicos do teatro musical, como O Mágico de Oz e A Noviça Rebelde, e jingles nacionais marcantes, além de três composições inéditas. Com consultoria criativa do publicitário Washington Olivetto, o espetáculo é uma produção da Aventura Entretenimento, responsável pelos musicais sobre Elis Regina, Chacrinha e o Rock in Rio.
Na trama, escrita e dirigida por Rodrigo Nogueira, os protagonistas Franco (Marcelo Varzea) e Dora (Amanda Costa) passam por um momento conturbado do casamento. Ele, publicitário viciado em jingles, chega do trabalho e vai direto para a frente da televisão, enquanto ela, dona de casa, vive em um mundo de ilusões norteado pelos musicais que tanto ama. A história pode remeter a Woody Allen, mas Nogueira diz que não se inspira em um artista específico na hora de começar um trabalho, apesar de o diretor nova-iorquino ser uma grande influência.
– Acho que eles acabam aparecendo de alguma maneira no resultado. Nesta peça, especificamente, pensei muito em algumas obras como Shirley Valentine e filmes italianos como Cinema Paradiso e A vida é bela. Tanto que os nomes dos personagens são todos italianos – comenta.
Na hora de pensar a trilha sonora, a ideia foi fazer uma grande mistura, explica Nogueira. Selecionados por Washington Olivetto, os jingles considerados indispensáveis foram sendo incorporados à dramaturgia, enquanto os clássicos do musical eram readaptados, e as novas canções eram elaboradas por Nogueira, Tony Lucchese (diretor musical) e Tauã Delmiro (assistente de direção).
– Fiz três versões de clássicos do musical para sustentar o primeiro ato. Foi uma forma que achei de acostumar o público (com o musical tradicional) para depois trazer a estranheza dos jingles se tornando parte de um musical. E, por fim, as músicas inéditas são algo que venho buscando há muito tempo em musicais.
Os musicais conquistaram de vez o público brasileiro: mais de 600 mil pessoas foram ao teatro para assistir às peças Elis, a Musical, Se Eu Fosse Você, o Musical, e Chacrinha, o Musical, entre 2014 e 2015.
– Certamente os musicais têm crescido muito no Brasil. O que acho que precisamos agora é de uma certa evolução no sentido de termos musicais totalmente originais, nas histórias e nas composições. É algo que já está acontecendo e merece ir ainda mais longe – aponta Rodrigo Nogueira.