Rio celebra padroeiro São Sebastião
15/01/2016 00:00
Michelle Freitas / Fotos: Arqrio

A primeira imagem de São Sebastião, que chegou ao Rio na mesma esquadra que trouxe Estácio de Sá para fundar a cidade, foi restaurada para as comemorações dos 450 anos da cidade

Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Este é o nome daquela que viria a ser conhecida mundialmente como Cidade Maravilhosa. Mas quem é o santo padroeiro que dá nome ao Rio, e como os cariocas vivem essa devoção? No Brasil, a festa de São Sebastião é celebrada oficialmente no dia 20 de janeiro. Reza a lenda que, no dia da festa do padroeiro, em 1565, ocorreu a batalha final que expulsou os franceses que ocupavam a cidade do Rio de Janeiro, quando o Soldado Mártir foi visto de espada na mão entre os portugueses, mamelucos e índios, lutando contra os invasores franceses calvinistas.

A primeira imagem de São Sebastião chegou ao Rio na mesma esquadra que trouxe Estácio de Sá para fundar a cidade no dia 1º de março de 1565. E essa mesma imagem histórica foi restaurada para as comemorações dos 450 anos da cidade. Sob os cuidados da química Cristiana Calza, o trabalho foi realizado pela UFRJ com florescência de raio-X que permitiu ver a estrutura da imagem. A florescência de raio-X examina se os pigmentos são aqueles utilizados no período que se deduzia que a imagem foi feita. A madeira foi analisada e chegou-se à conclusão que não há nada que desabone a idade da imagem, ou seja, ela é do século XVI. Toda a restauração foi custeada por fiéis e a imagem foi exposta pela primeira vez no Natal de 2014, na Paróquia de São Sebastião dos Frades Capuchinhos, na Tijuca, onde ela pode ser vista.

São Sebastião foi um respeitado oficial do exército romano, mas por ser cristão em uma época em que o Imperador Diocleciano tentava conter o crescimento da religião, foi denunciado por contrariar o dever de oficial da lei, ao propagar secretamente o cristianismo. Como era um homem de confiança, Diocleciano deu ainda uma chance para que ele escolhesse entre a fé em Cristo e o posto no exército romano. Levado à presença do Imperador, Sebastião não negou a fé. Como punição, deveria ser amarrado a uma árvore e executado a flechadas.

Após a execução da ordem, Sebastião foi dado como morto e abandonado ali mesmo, pela mesma guarda pretoriana que antes chefiara. Entretanto, quando uma senhora cristã foi até o local à noite, com intenção de dar-lhe um túmulo digno, encontrou-o vivo. Levou-o para casa e tratou das feridas do ex-oficial do exército romano. Depois de curado, ele mesmo se apresentou àquele Imperador, apontado as injustiças cometidas contra os cristãos. Perplexo e irado com tamanha ousadia, Diocleciano entregou Sebastião à guarda pretoriana após condená-lo, desta vez, ao martírio no Circo. Sebastião foi executado com pauladas e boladas de chumbo, e foi açoitado até a morte, no dia 20 de janeiro de 288.

O Arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Dom Orani João Tempesta, O. Cist., acredita que o santo não doa apenas o nome à cidade, mas também reparte com os cariocas traços de sua personalidade.

– Ele foi alguém firme, mesmo com toda a questão de perder o cargo de soldado. Diante da tentativa de martirizá-lo com as flechadas, ele foi forte, um homem de esperança e confiança. Acho que o carioca tem isso, ele enfrenta os problemas, sabe conviver com as dificuldades e não desanima.

Todos os anos, a Arquidiocese do Rio promove a trezena de São Sebastião. Para Dom Orani, a cidade nasceu com a chegada da imagem de São Sebastião.

– As história da cidade e de seu santo padroeiro não podem ser contadas separadamente, pois uma completa a outra.

Mais Recentes
Alunos terão desconto em moradia universitária
PUC-Rio fechou parceria com Uliving, maior rede deste tipo de serviço no país
Intercâmbio de dados sobre territórios populares
PUC-Rio e Instituto Pereira Passos assinam termo de cooperação
Impactos da automação
As tecnologias digitais e a nova economia do conhecimento