Pousado sobre quatro pilares metálicos e imerso na mata nativa do campus, o edifício Beta, conhecido como Instituto Imaginário (IMA), impressiona. Sem derrubar nenhuma árvore, a construção foi concebida para interagir com a vegetação ao redor e é a único prédio na Universidade voltado para a montanha. A relação visceral com o ambiente atravessa a experiência dos alunos de arquitetura e design que frequentam o local, e subverte a noção do sentido da palavra sustentabilidade.
O projeto assinado pelos arquitetos Andres Passaro, Diego Portas e Marcos Favero não utiliza materiais ecologicamente sustentáveis mas tem a preocupação em adaptar-se às condições ambientais já existentes do lugar. A prioridade pela iluminação e ventilação natural é garantida por amplas janelas basculantes nas fachadas, que receberam telas mosqueteiras para evitar a entrada de insetos. O mimetismo da obra no terreno íngreme exigiu uma projeção do cálculo de extensão dos galhos das árvores para dar início à construção, premiada na 8ª Bienal de Arquitetura de São Paulo, em 2009.
Nascido da disciplina de tectônica no Curso de Arquitetura da Universidade, o projeto é singular por permitir que a natureza do local se sobreponha à identidade da obra. Segundo o arquiteto Diego Portas, a integração com o ambiente exigiu que o edifício se expressasse de forma crua como estrutura metálica, sem a aplicação de cores. A escolha por uma arquitetura simbiótica com a mata nativa permitiu a execução e a montagem do edifício Beta em menos de seis meses.
De acordo com Portas, o imóvel, de cinco pavimentos, é fruto de um trabalho pensado para reivindicar a importância cultural da arquitetura, de vivência, opondo-se a atual tendência de prédios proclamados inteligentes e sustentáveis.
- Qualquer construção é violenta. A moda sustentável quase me ofende, é um lugar meio perverso porque o conceito anda maltratado. A arquitetura é algo cultural, que reflete como você se posiciona perante o ambiente. É preciso pensar na sustentabilidade sem usar a palavra. O Beta é um edifício alternativo pragmático, composto para se comportar como um cenário, não para ser protagonista. É mais um silêncio do que uma voz, e se apresenta como aquilo que ele é. Ele também faz parte da montanha.
Ainda de acordo com o arquiteto, a não utilização de alumínio nos vidros gera uma espécie de imprecisão, já é que possível perceber vida dentro ou fora do prédio. A necessidade de contribuir para o funcionamento harmônico do espaço também se manifesta na preocupação em fornecer vagas de estacionamento nos discretos pilotis que sustentam o pavilhão, dada a alta dificuldade de consegui-las no campus.