Reitor: “Somos todos guardiães da biodiversidade”
10/06/2016 14:50
Bárbara Tavares e Lucas Paes

Ao encerrar a XXII Semana do Meio Ambiente, padre Josafá de Siqueira ressalta responsabilidade comum com compromissos socioambientais.

Por mais que a PUC-Rio já desenvolva ações de preservação da biodiversidade, como o plantio de espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção, ainda há desafios futuros para que a universidade de fato cumpra seu papel socioambiental, acredita o reitor da universidade, padre Josafá de Siqueira, que fechou a XXII Semana do Meio Ambiente, no auditório B8 do Edifício Frings, na manhã desta sexta-feira, 10 de junho. No discurso a alunos, professores e visitantes, o reitor destacou a necessidade de continuar a preservação e diversificação da biodiversidade nas diferentes unidades da PUC-Rio e de cumprir as metas relacionadas ao tema que constam da Agenda Socioambiental da instituição:

 

O reitor, padre Josafá Foto: Ana Carolina Nunes

– A Encíclica Laudato Si’, desenvolvida pelo Papa Francisco, promove a ideia de que as criaturas estão interligadas. Por isso, nossa universidade defende que cuidemos uns dos outros. Precisamos oferecer apoio a plantas e animais, entendendo que a biodiversidade, além do valor econômico e cultural, tem também importância espiritual. Somos todos seus guardiães.

 

Doutor em Biologia Vegetal e reconhecido por seu trabalho sobre a causa ambiental – que o levou a participar da Conferência de Paris (COP-21), na qual palestrou sobre a Laudato Si’ –, padre Josafá, iniciou a apresentação mostrando as espécies da flora plantadas no campus da PUC: desde exemplares da Floresta Atlântica, como o palmito doce, até espécies endêmicas do Rio, caso da Eugênia copacabanense, originária da extinta restinga de Copacabana, todas são cultivadas com o objetivo de preservação, ao lado de espécies que são marcas históricas da universidade, como o exemplar de Cariniana legalis, espécie de jequitibá, que tem aproximadamente 400 anos e foi tombado como patrimônio histórico da cidade.

 

Além da flora, o reitor também abordou a fauna que encontrou seu lugar na universidade, convivendo em harmonia com os recursos que o meio lhe oferece:

 

– Nossas unidades são dotadas de natureza conservada, e isso permite a convivência harmoniosa entre diferentes seres vivos. Enquanto as plantas são a base de sobrevivência dos animais, estes, por sua vez, são responsáveis pela dispersão dos frutos – explicou.

 

 

Henrique Rajão Foto: Ana Carolina Nunes

Também integrante da mesa, o professor Henrique Rajão, do Departamento de Biologia da PUC e da Escola Nacional de Botânica Tropical, do Instituto de Pesquisas do Jardim Botânico, declarou a importância de a PUC-Rio ser uma universidade biofílica:

 

– A PUC-Rio é uma área verde. É um fragmento de mata que comporta a biodiversidade em geral. Por isso, desperta nos seus alunos e visitantes uma sensação de pertencimento à natureza.

 

Com o foco da palestra voltado para as aves, Henrique Rajão apontou as principais vantagens do campus da PUC-Rio para esses animais. Entre elas está o corredor ecológico, que tem como objetivo ligar grandes trechos florestais ou locais de conservação separados pela atividade humana. Esse espaço cria uma relação mais estreita dos indivíduos com a natureza que deve ser preservada, como previsto na Agenda Ambiental. Além da manutenção da biodiversidade em um centro urbano, as aves auxiliam em serviços ecossistêmicos, uma vez que equilibram as relações entre espécies diferentes.

O Estado do Rio comporta 761 espécies de aves, a Inglaterra abriga 557. Apenas o campus da PUC contém cerca de 60 espécies – comparou o professor, lembrando a pesquisa que aponta o Brasil como campeão mundial em biodiversidade.

 

O encontro de sexta-feira foi mediado pela professora de Direito Ambiental Danielle de Andrade Moreira, coordenadora de pesquisa do Núcleo Interdisciplinar do Meio Ambiente da PUC-Rio (Nima) e vice-presidente do conselho deliberativo do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio). Danielle é autora de Responsabilidade ambiental pós-consumo (Editora PUC/ Letras Jurídicas), em que discute questões como os impactos causados pelo modelo atual de produção e o descaso com o destino adequado do produto.

 

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