Processo de expansão de pele ganha aliado
15/06/2016 16:35
Juliana Valente / Foto: Fernanda P. Szuster

Aparelho evita a dor do paciente durante o procedimento médico

O medidor de expansão de pele, que já está na terceira versão, tem design moderno e é de uso fácil, com apenas dois botões e três funções

Expandir a pele sempre foi um procedimento muito utilizado por cirurgiões plásticos para reconstruções mamárias e recuperação de vítimas de queimaduras. Hoje, a partir de pesquisas realizadas pela engenheira biomecânica e coordenadora do Laboratório de Membranas e Biomembranas, Djenane Pamplona, esse processo ganhou um importante aliado: o medidor de expansão de pele. Algumas unidades da terceira versão do dispositivo foram emprestadas para a equipe da cirurgiã plástica Ana Claudia Roxo, professora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). A anterior está à disposição do Instituto Ivo Pitanguy para a recuperação de vítimas de queimaduras.

O equipamento fornece ao médico, de forma precisa, a pressão exercida sobre a pele durante a expansão tecidual. O procedimento consiste em implantar, próximo à área a ser reparada, um balão de silicone sob a pele saudável para, gradualmente, ser preenchido com soro fisiológico. Com isso, o corpo gera uma pele extra, conhecida como retalho, que é retirada por meio de uma cirurgia plástica e depois utilizada na reconstrução da área danificada.

Estender uma porção de pele pode ser doloroso para o paciente. Segundo a pesquisadora responsável pelo desenvolvimento do aparelho, a grande vantagem do dispositivo é permitir que o médico saiba se o paciente está com dor no momento em que a pressão é exercida.

– Antes do equipamento, a única forma que tínhamos de saber até quando a pele poderia ser estendida era se o paciente estivesse sentindo dor. Porém, ele poderia estar anestesiado e, não saberíamos o que estava acontecendo com o paciente durante o procedimento. O medidor de expansão de pele, que está pronto para uso, mudou essa realidade.

O aparelho, que já está na terceira versão, foi criado pelo Laboratório de Membranas e Biomembranas. Além de Djenane, a equipe é composta pelo aluno de Controle e Automação, Raphael Pizzaia, e o doutorando em Engenharia Mecânica, Guilherme Rodrigues. Responsável por criar um design mais moderno para o medidor, Pizzaia ressalta a maneira simples com que o equipamento pode ser utilizado:

– Essa versão é muito mais portátil do que a última. A nossa ideia era criar um aparelho que pudesse ser usado no momento da infusão. O médico, com uma mão, pode medir a pressão ao mesmo tempo em que ele faz a infusão com a seringa. Por isso, o funcionamento dele é bem simples. São basicamente dois botões e três funções. Em um, você zera os valores das pressões e, no outro, você aperta para gravar os dados dos pacientes.

Além da simplicidade na hora da utilização, o equipamento inovador tem, atualmente, um cartão de memória cuja capacidade para registrar as informações é de até cinco pacientes. O medidor permite que o médico acompanhe a evolução da pele, porque faz uma catalogação dos horários, datas e o quanto de pressão o paciente suportou na última expansão.

– É uma ótima ferramenta para o médico, porque basta ele tirar o Micro SD do dispositivo e conectar a um computador que poderá acessar todos os dados em uma planilha do Excel – observa Pizzaia.

O medidor de pressão atual só pode ser usado por um médico ou alguém treinado para realizar o aumento tecidual em um ambulatório. O balão de silicone, com capacidade de 300ml, por exemplo, exige que o paciente compareça à clínica, semanalmente, durante o período médio de um mês. Com o objetivo de aprimorar ainda mais a nova versão, Djenane e equipe tiveram a ideia de criar o medidor de expansão automático. Para Rodrigues, esse aparelho vai facilitar o procedimento tanto para o paciente quanto para o cirurgião.

– Já estamos desenvolvendo o protótipo do medidor automático e até o fim do ano ele estará pronto. Com esse novo dispositivo, a pessoa poderá fazer nela mesma a expansão. O cirurgião plástico já deixaria pré-programado no aparelho a pressão necessária e a quantidade de líquido que deverá ser inserido no intervalo em que ele determinar. O paciente, em casa, conectaria a válvula ao expansor e ele realizaria o procedimento sozinho. Ele também fornecerá ao médico um detalhamento completo do que aconteceu naquele período, maior até do que o atual.

Na UERJ, o medidor de expansão de pele está sendo utilizado em um estudo sobre o uso do silicone tanto para reconstrução de mama quanto para estética. Segundo Ana Claudia, que conheceu o equipamento por meio de artigos e publicações da Djenane, o aparelho é importante para a medicina:

– Como medimos a pressão exata exercida sobre a pele, temos mais condições de prever o que vai acontecer com a glândula quando a prótese for colocada.

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