Encontro abordou os processos de mediação e de construção de paz na América Latina

Ex-presidente colombiano e atual Secretário-Geral da União das Nações Sul-Americanas (UNASUL), Ernesto Samper Pizano abriu a Escola de Inverno 2016 com uma palestra no dia 12 de julho, no Auditório B6. Ao lado do Reitor da PUC-Rio, Padre Josafá Carlos de Siqueira, S.J., e da embaixadora da Noruega Aud Marit Wiig, Samper defendeu que os conflitos globais pelos quais a humanidade passa hoje devem ser resolvidos por meio do diálogo ao invés da luta armada. Organizada pela Unidade do Sul Global para Mediação (GSUM), a Escola de Inverno promoverá debates sobre processos de mediação e de construção de paz na América Latina.

A fim de sintetizar os ideais presentes nas mesas-redondas que ocorrerão ao longo das próximas duas semanas, Samper enumerou as três propostas da UNASUL para garantir a paz na América Latina. De acordo com ele, em primeiro lugar, tem sido levado em conta uma política de inclusão que permitiu tirar milhões de pessoas da pobreza. Além disso, a instituição tem se esforçado em permitir a continuidade ao processo democrático após os anos ditatoriais pelos quais passaram os países latino-americanos. O Secretário-Geral explicou que o propósito da União é criar uma organização regional que fortaleça a manutenção da paz no continente.

— Não é apenas uma reunião de Estados, mas um conceito de nações que compartilham uma cultura comum. Enquanto em outras partes do mundo há diversos conflitos, estamos mantendo uma soma de paz. Há muitos golpes em muitos países, é nesse contexto que a UNASUL entra, para garantir democracia, debater interesses comuns. Previne-se a paz investindo na inclusão.

Samper elogiou os esforços recentes da Colômbia em usar o diálogo para a superação dos conflitos armados que já duram mais de 50 anos no país. Segundo ele, nas reuniões recentes entre o governo colombiano e os narcotraficantes têm sido definidos pontos cruciais, como a reforma agrária e a legalização das drogas, com objetivo de agradar os dois lados. O ex-presidente ressaltou que é fundamental que tais debates venham acompanhados do foco em direitos sociais e econômicos, questões humanas que, para ele, só a democracia é capaz de contemplar. Semper avalia que as experiências tiradas da Colômbia podem servir de base para outras questões latino-americanas, como a recente instabilidade política da Venezuela.

— A guerrilha colombiana fez com que todos se dessem conta de que não vale a pena seguir lutando. Apesar da guerra seduzir por parecer mais fácil, a solução deve ser política, e torço para que haja também uma saída política ao governo da Venezuela. Estamos insistindo para que todos desarmem os espíritos e encontrem uma solução comum. Porque concretizar a paz significa mover posições diplomáticas para encontrar o equilíbrio. Buscar a luz.

Para o Reitor, a Escola de Inverno é uma oportunidade para divulgar e compartilhar a experiência dos estudiosos e profissionais com experiências em múltiplos processos de negociação e resolução de conflitos. O encontro teve mediação de Monica Herz, do Instituto de Relações Internacionais da PUC-Rio. Antes da palestra de Samper, Aud Marit Wiig destacou como a presença de acadêmicos e especialistas contribuem para gerar, durante o curso, um espaço importante onde problemas da agenda internacional podem ser discutidos.