O reforço de ingredientes lúdicos nas rotinas profissionais e a comunicação horizontal propiciada pelas novas tecnologias tendem a impulsionar a capacidade inovadora das empresas, cada vez mais alinhada ao cotidiano e ao imaginário. O diagnóstico do gerente de Projeto e Desenvolvimento da TV Globo, Daniel Monteiro, reflete-se, segundo o próprio executivo, na disseminação de aplicativos. Para ele, a área vai desenvolver-se ainda mais nos próximos anos, o que abre espaço a inovações de diversos matizes. Em comum, a diversão incorporada ao processo inovador:
– Ninguém cria nada novo trancafiado num escritório trabalhando em projetos que não proporcionem prazer. As melhores propostas de inovação surgem muitas vezes de uma conversa descompromissada entre amigos, num bar, depois do trabalho. Assim surgiu o GPS, por exemplo. Contudo, boas ideias não bastam se não forem levadas adiante – ressalvou o executivo, na abertura do ciclo de palestras Criatividade e Inovação, nesta segunda (12).
Outro vetor criativo destacado por Monteiro é o caráter hoje “horizontalizado de boa parte das corporações”, capaz de integrar um fluxo de ideias provenientes de interlocutores de várias procedências e perfis, do presidente ao chão de fábrica, dos profissionais experientes aos jovens egressos das universidades. Inclui até os que sequer estão no mercado. “Não é a formação que define a qualidade da ideia”, observa. Ele acrescenta:
– A figura do manda-chuva, do cientista maluco que domina uma tecnologia ou um assunto e, por isso, concentra o processo criativo, está em extinção. Para inovar, é preciso se colocar no lugar do consumidor, e isso pode ser feito por um jovem, uma criança, uma dona de casa ou um faxineiro, por exemplo, não necessariamente por uma cabeça que se dedique exclusivamente a isso.
Outro lubrificante da inovação, lembra o gerente de Projeto e Desenvolvimento da Globo, é a abertura a mudanças. Empresas que temem novidades “acabam surpreendidas negativamente”:
– As inovações podem mexer com estruturas das corporações, cortar setores inteiros e extinguir funções. Por isso, as pessoas são tão fechadas a esses processos. Mas é uma questão de sobrevivência: ou se inova, ou se é engolido pela inovação. As empresas precisam perceber as transformações antes de os negócios se tornarem obsoletos. Ao ver que filmes de câmeras analógicas não seriam mais necessários, a Fuji, antiga empresa de fotografia, transformou o departamento químico em produtor de cosméticos, enquanto o departamento de imagem passou a fabricar de máquinas de imagem médica – exemplifica.
O ciclo de palestras Criatividade e Inovação segue até o dia 23, no Auditório IAG, na Escola de Negócios da PUC-Rio.