Carlo Caiado: política "no sangue" desde a juventude
21/10/2016 16:54
Raul Pimentel*

Ex-aluno de Administração da PUC, vereador do DEM eleito para quarto mandato relembra histórias da vida política e acadêmica

Todas as crianças, quando atingem certa idade, respondem uma pergunta bem conhecida, repetida por parentes e amigos: o que você quer ser quando crescer? Poucas, no entanto, têm certeza do que querem para o seu futuro. Menos ainda respondem na hora que querem ser políticos. Foi esse o caso do vereador Carlo Caiado (DEM-RJ), reeleito com 28.122 votos para o seu quarto mandato na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro.

Rodeado pela arquitetura antiga e o brilhante chão de madeira do gabinete do vice-presidente da Câmara dos Vereadores do Rio, Carlo relembrava, numa quarta-feira pós-eleição, o início de sua trajetória acadêmica e política. Aos 16 anos, já militava na juventude do partido, da qual chegou a ser presidente em 2002 e 2003. Aos 18, trabalhava como assessor parlamentar do deputado estadual Eider Dantas (DEM-RJ) na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Além disso, já tinha experiência na vida política. Se tornou administrador regional do Recreio aos 22. Era estudante de Administração na PUC-Rio quando se tornou vereador pela primeira vez, sendo um dos parlamentares mais jovens a serem eleitos no legislativo municipal, ainda aos 23 anos.

– Está no meu sangue – diz o vereador, orgulhoso.

De fato, seu sobrenome é conhecido no meio da política. Carlo é primo de Ronaldo Caiado (DEM-GO), senador da República em Brasília e líder do Democratas no Senado Federal. Segundo ele, sua relação com Ronaldo não é próxima, mas há contato, já que a família realiza encontros periódicos em que eles se falam.

– Não nos falamos todos os dias, mas algumas vezes. Somos do mesmo partido e convergimos na coerência, e aí entra a democracia, de oposição ao PT durante todo esse tempo de governo.

Ambos são do estado de Goiás. Nascido em Goiânia, em 1981, Carlo Caiado veio para o Rio para estudar Administração na PUC-Rio. O vereador disse ter escolhido a universidade porque a mãe era professora do Estado do Rio e devido à forte influência da religião católica da família. É também um lugar de onde guarda várias lembranças.

– Meu curso de administração na PUC me fez entender que é preciso ter conhecimento e planejamento no poder público. Tem que ter gestão. A PUC para mim não foi só um ensinamento acadêmico de administração, mas também uma experiência de participação muito forte. O conceito de formação ideológica que a universidade tem foi fundamental.

O vereador contou sobre encontros com o reitor, padre Josafá Siqueira, como ainda aluno e mesmo depois de formado para discutir sobre política.

– Fui convidado muitas vezes para participar em discussões e diálogos. A PUC tem um conceito de formação e discussões ideológicas que tem uma participação fundamental na minha vida pessoal e pública. Tenho vários livros do padre Josafá com conceitos que me ajudaram a elaborar muitos projetos de lei.

Devido à necessidade de conciliar as vidas política e universitária, Caiado diz ter frequentado pouco a Vila dos Diretórios e participado do Diretório Central dos Estudantes (DCE) por apenas três meses. Apesar disso, momentos mais descontraídos com amigos também fazem parte do conjunto de recordações do vereador.

Ele conta, inclusive, uma história de quando jogou futebol no Ginásio da universidade com Lindbergh Farias (PT-RJ), também ex-aluno da instituição e hoje adversário político do parlamentar.

– Ele está bem longe de mim no espectro político (risos), mas jogamos futebol no Ginásio da universidade. Não éramos de atlética nenhuma, era só a pelada mesmo. Tinha também o nosso encontro no China. Nos reuníamos com os amigos, comíamos um joelho, que era o melhor joelho de todos, e ficávamos lá – lembra, referindo-se a uma das barracas do lado de fora da PUC na época.

O vereador considera que parte de seu precoce envolvimento com a política se deu pelo incentivo e abertura que o Democratas dava à juventude. Segundo ele, o então prefeito Cesar Maia encaminhava os jovens do partido para trabalhar nas subprefeituras, por isso ele teve atuações na Barra da Tijuca e de Jacarepaguá. Isso possibilitou a ele conquistar um expressivo número de eleitores na Zona Oeste, o que o ajudou a garantir seu primeiro mandato de vereador, nas eleições de 2004.

– A política é o caminho da transformação na vida da pessoas, em qualquer setor. Isso me deixa motivado a estar dentro desse processo. Fui um dos vereadores que mais apresentaram propostas, que mais participaram de comissões diversas. Não é porque o Caiado é melhor do que todo mundo, é porque o meu mandato é um mandato participativo. A gente traz a sociedade para dentro. – afirma, falando de si na terceira pessoa, como tantos políticos.

O aspecto participativo ao qual se refere Caiado inclui não só as redes sociais pelas quais a população pode se comunicar, mas também o gabinete móvel de sua equipe, que percorre a cidade para ouvir as pessoas e pesquisarem o que a população pede. Presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Linha 4 do Metrô, Carlo Caiado veio à PUC em 2011 coletar assinaturas para um abaixo-assinado que defendia a construção da estação de metrô da Gávea, prevista no projeto original da linha 4. Ele explica as consequências da movimentação:

– Surtiu um efeito incrível. A proposição do governo do Estado era de fazer uma linha só, a Linha 1, e não a Linha 4 original. Então trouxemos a discussão para a sociedade e a PUC foi fundamental no abaixo-assinado que nós fizemos, que depois foi para o Ministério Público e incentivou audiências públicas que demonstravam a necessidade de ser feita a estação da PUC.

Em março deste ano, por dificuldades financeiras do Estado, a inauguração do metrô na Gávea foi adiada para 2018. Carlo Caiado  conta sobre uma reunião com o atual secretário de Transportes, Rodrigo Goulart de Oliveira Vieira, em que pedia acesso detalhado ao cronograma da construção.

– Ainda não fui respondido, mas está no prazo. Eles respondendo, vamos mobilizar sim, porque isso tem que ser feito logo. E temos que aproveitar o momento por que, apesar de estarmos numa crise, temos um novo presidente. Temos que buscar a responsabilidade dele para que o governo federal possa ajudar o governo estadual.

Casado e pai de duas filhas – uma de 5 e outra de 4 anos –, Caiado afirma ser difícil conciliar vida pessoal e pública. Segundo ele, as pessoas têm uma visão de que o parlamentar só é parlamentar dentro do plenário, das 14h às 18h. Ele explica:

– Não é verdade. Ele tem que ser o fiscalizador, tem que frequentar os órgãos públicos, participar das audiências, conversar com a sociedade, ir a reunião de associações de moradores. Você perde muito da sua vida pessoal. A política é um sacerdócio.

um dos autores da Lei Municipal n°5.225/2010, que criou o turno integral nas escolas do município, o vereador também tem projetos de lei aprovados principalmente sobre a preservação de áreas históricas e de interesse social do Rio, como as que tombaram o parque Peter Pan, em Copacabana (lei nº 5.001/2009) e o Centro Hípico do Exército, e São Cristóvão (lei nº 5.556/2013).

Colaborou: Mariana Casagrande

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