Cidadania é o desafio de uma sociedade na qual avança a segregação nos espaços urbanos, alerta professor
25/10/2016 16:07
Mariana Salles

Geógrafos reunidos no Simpósio Internacional sobre Metropolização apontam tecnologia e diálogo com a política como vetores rumo a cidades mais aprazíveis e inclusivas

Foto de Gabriel Molon

O principal desafio para a sociedade atual é fazer com que “todos se sintam e sejam, efetivamente, cidadãos”. Apontado pelo geógrafo Horacio Capel, professor da Universidade de Barcelona, na abertura, nesta segunda, do III Simpósio Internacional sobre Metropolização do Espaço, Gestão Territorial e Relações Urbano-Rurais (Simeger), que se estende até a próxima sexta na PUC-Rio, o dever de casa tem, como grande aliada, a tecnologia. Para o especialista, os avanços tecnológicos, em particular a internet, revelam-se um dos meios proveitosos para tornar o exercício da cidadania mais interativo e participativo:

– A internet pode e deve ser usada para criar mais interesse democrático. Por meio dela, pode-se viabilizar uma participação mais ativa da população e, assim, criar cidadãos – argumenta Horacio, no texto lido pelo colega da Universidade Autônoma de Barcelona Oriol Nel-lo.

O professor lembra que “ser cidadão” significa não só dispor de direitos, mas influenciar o ambiente no qual está inserido para alinhá-lo às demandas da cidadania. Na prática, exige engajamento em iniciativas que melhorem a qualidade de vida para todos os cidadãos, ou seja, tornem as metrópoles mais aprazíveis e inclusivas.

Ainda de acordo com o geógrafo da universidade catalã, é fundamental conjugar esforços interdisciplinares para garantir o acesso integral, de todos os cidadãos, ao conjunto de direitos associados ao convívio urbano: sociais, ecológicos, educacionais, de mobilidade, de saúde. O caminho, prescreve o professor, mora não só o uso inteligente e democrático das novas de tecnologias de comunicação, mas num diálogo estreito entre “o povo e as diversas vertentes políticas”.

Crítico dos “excessos capitalistas”, o geógrafo acredita que o mergulho na História possa ajudar a sociedade contemporânea ocidental a construir ambientes urbanos mais humanísticos e menos desiguais. Ele avalia que caminhamos para uma sociedade pós-capitalista.

– É a partir da perspectiva histórica que tiraremos força para continuarmos lutando. Só desta forma podemos ver se realmente avançamos, tanto no aspecto da desigualdade, quanto da segregação.

Para o espanhol, apesar do aumento da miséria em várias partes do globo, os avanços sociais e democráticos devem ser reconhecidos, e inspirar compromissos com centros urbanos igualitários e alinhados às novas exigências socioeconômicas e ambientais. Ele pondera que mais oportunidades de acesso à informação e à educação constituem um potencial vetor de mudança rumo à metrópole desejada.

Por outro lado, o geógrafo percebe um aumento da segregação só aumenta nos espaços urbanos. “Não raramente reclusos em pequenas oportunidades de ascensão, os pobres continuam à margem da sociedade e da cidade”, alerta.

As apreciações de Horacio Capel somam-se ao extenso debate em torno da metropolização que ganham a PUC-Rio até a próxima sexta. A programação completa da terceira edição do Simeger pode ser consultada na página eletrônica do encontro.

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