Fevuc: remodelação da aparência
31/10/2016 14:48
Bárbara Tavares

Convidados refletem sobre as mudanças que cada indivíduo passa para se integrar às regras impostas pela sociedade

A todo instante cada indivíduo se depara com um mundo totalmente modificado. Outros valores são impostos e novas ditaduras – em diversos aspectos – surgem. Nessa linha, a PUC-Rio em parceria com os estudantes da universidade deram espaço à Feira de Valores da Universidade Católica (Fevuc), criando uma programação que transmitisse a reflexão sobre os valores humanos. Durante a palestra Solte suas tranças: a estética no ambiente de trabalho, quarta-feira, no Pilotis do Kennedy, a mestranda em Comunicação Social PUC-Rio Caroline Tuler refletiu sobre quais são os verdadeiros conceitos expedidos pelo programa Esquadrão da Moda, do canal da SBT:


– Como o reality show tem o objetivo transformar totalmente a forma de vestir de uma pessoa que foi indicada para estar ali, ele faz uma transferência de significados. Cada participante, então, sai de um padrão para entrar em outro. O participante passa por uma construção visual que muitas vezes não gosta.

Caroline Tuler


Caroline ainda lembra que essa “remodelação do corpo” até então não era exigida. Contudo, a sociedade passou a se apoiar tanto na aparência que muitos cidadãos foram atingidos. Houve uma inversão de valores: a saúde perdeu lugar ao corpo sarado, ao rosto bonito e à aparência aceita pela população. Essa troca de graus de relevância gera alguns resultados, como alertou a mestranda:


– Hoje, um dos aspectos mais estimulados pelo povo é a capacidade de autocontrole da aparência. Se você está acima do peso, quer dizer que não se preocupa consigo mesmo. A moda, então, passa a ser peça fundamental na vida de cada um, pois funciona como dispositivo para adequação do corpo.


O Esquadrão da moda transmite a ideia de que a produção de um corpo belo passa a ser capital. Segundo Caroline, o programa propaga o conceito de quanto mais dedicação for investida na aparência, mais benefícios terá em vários aspectos da vida, incluindo profissional. “O consumo é a alavanca para a aquisição de status."


Também convidado à palestra, Bruno Larrubia, doutor em Ciências Sociais PUC-Rio, abordou sobre a questão do negro na sociedade. Como morou alguns anos nos Estados Unidos, Larrubia fez comparação entre os comportamentos americano e brasileiro e apontou a principal diferença entre eles:


– O caso do negro é dividido em dois aspectos: a essência e a diversidade. Nos Estados Unidos, a “essencialização[P1] ” do negro é explorada no mercado de consumo. Aqui é diferente. Não vemos tanto isso. É preciso respeitar a diversidade existente e não trazer para o nosso discurso a essência, pois ela nos aprisiona dentro de um grupo. Cria-se, então, grupos e subgrupos.

Bruno Larrubia


Visto como algum tipo de ofensa, a palavra “negro” tornou-se tabu entre as vozes da população. O motivo é simples, mas não pertinente: rejeição.


– Renúncia de um povo que não aprendeu a conviver com as diferenças, obrigando cidadãos a se enquadrarem da ditadura da beleza. A aparência natural encontrou barreiras nas regras da sociedade. Os cabelos foram alisados. Os corpos emoldurados. A liberdade aprisionada. Deve existir uma independência para ser tudo, porque podemos e devemos ser quem quisermos ser. Infelizmente, há pressão sobre os negros para que eles se integrem aos fatores – refletiu Larrubia.

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