Mudanças demográficas em curso no país exigem mais do que ajustes na Previdência
07/12/2016 18:46
Camila Gouvea

O alerta é do pesquisador do IBGE Antônio Tadeu. Para ele, políticas públicas precisam ajustar condições urbanas e socioeconômicas a fatores como o envelhecimento da população brasileira

Antonio Tadeu. Foto: Mariana Salles

A caminhada para a inversão da pirâmide demográfica brasileira exige mais ajustes do que a esperada reforma da Previdência, alerta o pesquisador do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) Antônio Tadeu. Um dos acadêmicos e profissionais reunidos na Semana da Geografia da PUC-Rio, Tadeu ressalta a necessidade de política populacionais que adaptem as condições socioeconômicas e urbanas às mudanças demográficas em curso, como o envelhecimento da população. Em 2060, o país reunirá 58,4 milhões de idosos e 131 milhões de brasileiros em idade ativa. Haverá 66 idosos para cada conjunto de 100 pessoas ativas, ao passo que teremos 21 crianças para o mesmo grupo etário ativo. Essas transformações insinuam não só sobrecarregar a conta previdenciária, mas a aumentar o que os técnicos chamam de custo social:

“Ao seguirmos nesse ritmo, e na ausência de políticas populacionais, a dinâmica demográfica nos levará ao rigoroso envelhecimento, com implicações que podem ser danosas ao desenvolvimento social e econômico do país”, projeta Tadeu.

Em dez anos, a proporção de idosos passou de 9,7% para 13,7% e a taxa de fecundidade caiu 18,6%. O menor crescimento populacional e a escalada do envelhecimento, combinada à expectativa de vida acima dos 70 anos de idade, demanda novos desafios para o país, reitera Tadeu e outros tantos especialistas em economia e geografia. Desdobramentos como a redução da oferta de força de trabalho – pois a população economicamente ativa se concentra nas idades intermediárias –, o desequilíbrio na previdência social e os cuidados para garantir saúde e qualidade de vida ao volume crescente de idosos devem ser contemplados por políticas públicas coordenadas, observam os analistas.

– Precisamos criar alternativas para amenizar os impactos do envelhecimento: incorporar ao máximo a força de trabalho disponível no mercado formal, discutir questões relativas às patentes na área da saúde, realizar debates sobre os aspectos relacionados à previdência social e recompor a população em idade ativa – propõe o pesquisador do IBGE.

As mudanças demográficas causarão efeitos significativos não apenas no volume, mas também na estrutura etária, com a diminuição no número de crianças e o aumento no segmento idoso, ressalta Tadeu. Ele prevê, entre outras consequências, que a dependência econômica deste grupo etário sehirá crescendo.

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