A história da literatura é reflexo de todas as modificações que a produção literária sofreu ao longo da evolução da sociedade. As transformações foram muitas e, a cada mudança, uma nova narrativa surge. Decano do CTCH e professor do Departamento de Letras, Julio Diniz apontou que “o corpo e a cidade são os grandes personagens da literatura contemporânea” durante o encontro Resenha de Bolso, sobre a importância da literatura nos dias atuais, promovido pelo professor de Comunicação Arthur Dapieve na segunda-feira (28).
– É a partir dos acontecimentos diários, dos costumes e diferentes personalidades que é possível criar uma narrativa moderna. Os elementos do nosso dia-a-dia nos fazem nos identificar com o que está sendo contado – afirmou Diniz.
Desde romances ao terror, o mundo literário é versátil a todos os gostos e preferências. De acordo com Diniz, “a literatura é ambígua. Ela é tudo ao mesmo tempo. Não pode ser apenas uma coisa, o que a faz atingir uma maior parcela do público”.
As palavras do decano encontram respaldo na afirmação do colunista do jornal O Globo e professor da PUC-Rio Arthur Dapieve, para quem a complexidade do ser humano também afeta a literatura:
– Somos muito complexos. Não podemos classificar cada pessoa apenas como um número absoluto. Existem tantas personalidades que é possível formar conjuntos variáveis. Assim, em vez de 0 ou 1, pode ser 1,65 ou 0,87. Então, não podemos criar rótulos. O mesmo acontece nos livros: a literatura nos põe em mundos distintos por mostrar um pouquinho de cada atmosfera.
A perspectiva de que o livro físico perderia a disputa com as plataformas digitais e deixaria de existir é derrubada pela presença ainda hegemônica do impresso, que continua, sem muito esforço, entre um dos meios preferidos de leitura, apesar da possibilidade de leitura em plataformas digitais como smartphones e tablets, principalmente entre os jovens. Pesquisa recente da American University, de Washington, indica que 92% dos universitários preferem os livros impressos aos digitais para leituras. Dapieve contou que o mesmo ocorre entre seus alunos: “a grande maioria tem bloqueio de ler livro eletrônico”. Segundo Dapieve, a explicação é simples:
– O livro feito de papel tem um apelo maior. Isso porque as pessoas criam certo fetiche pelo cheiro, pela textura, aspectos que não podemos encontrar na plataforma digital. A sensação de poder tocar o que se está lendo é muito mais prazerosa do que apenas olhar para uma tela.
Diniz concorda: “A literatura expandiu o livro, mas nunca se despediu dele”.