Ex-aluno cria robô que substitui homem em desastres e incêndios
13/12/2016 11:00
Camila de Araujo / Foto MIT Biomimetic Robotics Lab

Formado em Engenharia Mecânica, João Luiz Ramos projeta máquina em doutorado no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT)

Funções são controladas simultaneamente por operador que veste exoesqueleto, também projetado no MIT
Um robô de reflexos humanos, controlado em tempo real, foi criado pelo ex-aluno da PUC-Rio João Luiz Souza Ramos, de 27 anos, doutorando no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), onde desenvolveu a máquina. Hermes, como o projeto foi batizado, tem o propósito de substituir a presença humana em ambientes hostis. Ele executa os movimentos de outra pessoa captados por sensores. O estudo recebe financiamento parcial da Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa dos Estados Unidos (Darpa), ligada ao Pentágono. 
Na construção de Hermes, além de Ramos, o também doutorando Albert Wang participou da montagem do robô de 1,20 metro e 45 quilos. Posteriormente, dois alunos de mestrado passaram a integrar o projeto. Eles trabalham com o Balance Feedback, estrutura que aplica pressão no quadril do operador para sinalizar se o robô está em situação de perigo.
O desastre de Fukushima, em 2011, no Japão, foi o estopim para a pesquisa e o desenvolvimento de máquinas capazes de atuar em locais perigosos. Segundo Ramos, a tragédia chamou atenção da comunidade robótica, já que, na época, não havia tecnologia suficiente para desligar as válvulas de resfriamento quando a usina superaqueceu. De acordo com o brasileiro, Hermes foi criado para substituir o homem onde há risco.
–  Enviar robôs como o Hermes para locais arriscados ao ser humano é a ideia, como incêndios e desastres – afirma Ramos. 
O operador veste um exoesqueleto que é composto por fios e sensores e permite que ações de Hermes sejam controladas por ele. Ao utilizar óculos especiais, este operador consegue ter a visão do robô por meio de uma câmera acoplada na cabeça da máquina. Ramos comenta que o exoesqueleto registra os comandos do ser humano e, a partir disso, o humanoide se movimenta de forma mimética. 
– Desenvolvemos o sistema Balance Feedback (ou exoesqueleto), estrutura instalada ao redor do ser humano que aplica forças no quadril, que sinaliza se a máquina perdeu o equilíbrio ou está em risco. Com a funcionalidade, o operador pode controlá-la por meio dos próprios reflexos – explica.
João integrou a equipe de robôs de combates da PUC-Rio, Riobotz. Ele ressalta como foi importante lidar com problemas e soluções de forma prática e, também, o reconhecimento do programa fora do país.
– Na sala de aula, aprendemos a teoria, o que é ótimo, mas, na Riobotz, observamos uma estrutura física e sabemos como realizar a montagem de modo apropriado. O tempo que passei na área, dentro da PUC, foi essencial ao entrar no MIT porque, além da Riobotz ser internacionalmente prestigiada, meu orientador, aqui, busca profissionais com experiência em hardware – relembra o doutorando.
O coordenador da Riobotz, professor Marco Antonio Meggiolaro, do Departamento de Engenharia Mecânica, pontua o desempenho de João.
– Como aluno, o João sempre teve um grande destaque, com uma sólida base teórica. Na equipe da Riobotz, ele mostrou uma grande contribuição no projeto mecânico, lógico e autônomo das máquinas – rememora Meggiolaro. 
O professor, que esteve no MIT e conheceu o robô de reflexos humanos, destaca o potencial inovador da máquina.
– O Hermes é um robô com grande complexidade mecânica e conceito de programação inovador ao inserir o fator humano. Antes, se tentava uma operação unidirecional ou autônoma entre o homem e a máquina. Com o Hermes há um bom meio termo – avalia o professor.
Segundo Ramos, o nome do robô, igual ao deus mensageiro na mitologia grega, não passa de uma coincidência, uma vez que a criação, na realidade, significa High Efficient Robotic Mechanical Electrical.
– Já perguntaram até se o nome do robô tinha a ver com a marca de perfume, mas ele não alude à divindade, Hermes é uma abreviatura - revelou Ramos.
João Luiz Souza Ramos é mestre em Engenharia Mecânica pela PUC-Rio, mesma instituição em que se graduou. Nos EUA, ele divide o tempo entre atividades no Laboratório de Robótica Biomimétrica, práticas de remo e, também, frequenta aulas de desenho e artes.
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