Empreendedores põem bloco na rua em busca de visibilidade na crise
22/02/2017 15:58
Bell Magalhães

Empreendedores aproveitam a temporada carioca para arrebatar simpatizantes entre foliões e não-foliões (veja opções para ambos os públicos no mapa interativo). Marca vai patrocinar bloco Filhos da PUC; bloco aposta em gastronomia; e empresário esquenta o Porto com bar de gelo.

O bloco Põe na Quentinha?, que fez evento gastronômico e repete a dose terça-feira na Barra. Foto: Berg Silva/Divulgação

O carnaval deve gerar receita de R$ 5,8 bilhões em 2017, dos quais R$ 2,4 bilhões no Estado do Rio, de acordo com estimativa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que inclui alimentação em bares e restaurantes, transporte rodoviário e hospedagem em hotéis e pousadas. Já a Empresa de Turismo do Município do Rio de Janeiro (Riotur) calcula que a cidade receberá 1,1 milhão de turistas, gastando de R$ 1 mil (turista nacional) a R$ 2,4 mil (estrangeiro), números próximos dos de 2016. Apesar da receita calculada para este ano ser 5,7% menor que a do ano anterior, novos negócios têm no carnaval a possibilidade de se beneficiar nesse período em solo carioca, que terá 469 blocos, em 577 desfiles, com público estimado em 5 milhões de pessoas. E, com a crise econômica, ter visibilidade vale quase tanto quanto lucro para empreendedores da cidade.

É o caso do bloco Põe na Quentinha?, idealizado pelo fotojornalista Berg Silva, mostrou que carnaval combina com gastronomia. O bloco surgiu em 2014 no Festival à Moda do Porto, de forma colaborativa, na qual cada bar convidado investiu em média R$ 500, tendo R$ 2 mil de retorno ao fim do dia. No dia 18 de fevereiro, o grupo montou sua feira gastronômica em frente ao Cine Botequim, na Zona Portuária, com curadoria de Juarez Becoza e degustação de petiscos dos bares Arte dos Sabores, Meza Bar, Petit Paulette, Empório Quintana, Pavão Azul, Sobrenatural, Bar 28 por PC, Biss Burger, Lovely Gaby, Omaracujá e Devotos da Cachaça, e dos chefs Bruno Magalhães, Frederic Monnier e Thiago Flores.

Na terça-feira de carnaval, o grupo arma sua banca na Varanda do Vogue Square, na Barra, para mais folia. Desta vez participam o Boteco do Amaral e o Bistrô, além da chef Manoela Zappa, do Prosa na Cozinha. Em vez do desfile parado, haverá cortejo ao sim de sambas e marchinhas com o Makley Mattos e a Banda da Cozinha.

Berg conta que o retorno foi dentro do esperado, “até por conta da crise”. Para o fundador do bloco, o valor máximo de R$ 25 por prato, a presença ativa nas redes sociais e a rotatividade dos expositores contribuem para o sucesso do Põe na Quentinha?:

– Quando uma pessoa compra algo de uma barraca no bloco e reconhece o bar, ela acaba procurando o bar fora do bloco. O bloco é a nossa visibilidade.

Vendedor de cerveja artesanal na praia. Patrocínio de bloco da PUC Divulgação

Destaque dos últimos verões no negócio de bebidas alcoólicas, a cerveja Irada! desde dezembro de 2014 serve o “primeiro chope artesanal praiano” nas areias do Leblon e de Ipanema, na Zona Sul do Rio. Mesmo registrando baixa nas vendas durante a época do carnaval – diante do contrato de exclusividade da Antarctica com a Prefeitura, que impede a venda de qualquer outra marca de cerveja em blocos –, a estratégia da marca é o marketing de influência, junto a formadores de opinião, para dar visibilidade ao produto.

Depois de uma ação no lançamento do livro Quebrando os limites, da repórter e apresentadora Carol Barcellos, e de uma loja temporária no Leblon, no verão passado, neste carnaval a marca será patrocinadora master do bloco Filhos da PUC, que desfila em frente à entrada da Universidade na Padre Leonel Franca na Quarta-Feira de Cinzas.

– Como não poderemos vender para o grande público, a nossa intenção no bloco é trabalhar a imagem da marca e a relação com a comunidade, alunos e ex-alunos – explica Felipe Nogueira, um dos sócios da Irada!.

Nas praias, os vendedores da marca circulam carregando a mochila especial desenvolvida pela empresa 2East – responsável pela venda da bebida em festivais como Rock in Rio e Lollapalooza. O chope tipo pilsen tem 4,5% de teor alcoólico, é servido em copos plásticos de 330 ml (R$ 10) e 400 ml (R$ 12). Para eventos gastronômicos e pontos de venda, os lançamentos da marca são a long neck (R$ 14) e a de 600ml (R$ 20).

O bar de gelo. Marcio Oliveira/Divulgação

Já na contramão do calor, o Tropical Ice Bar é uma das atrações da feira Rio Je t’Aime, que fica no Píer Mauá até o dia 28 de fevereiro, depois de passar por São Gonçalo e Barra, em 2016. Também conhecido como Bar de Gelo, o ambiente faz jus ao nome por ter a temperatura regulada em -10ºC, para preservar os copos, móveis e esculturas, todos de gelo. O empresário Walber Soares se inspirou em um estabelecimento argentino com a mesma proposta.

Por R$ 40, o cliente pode consumir sucos, refrigerantes, coquetéis de fruta com e sem álcool, vodcas coloridas e energéticos por, no máximo, 15 minutos dentro do bar. Para frequentar o local, os visitantes devem usar luvas e casacos térmicos alugados pelo próprio bar. De acordo com empresário, o próprio contraste do verão com o bar é convidativo, tornando-o um dos maiores atrativos da Rio Je T’aime. “A receptividade dos visitantes é grande, o bar será uma boa opção para o carnaval”, afirma Soares, sem querer mencionar valores investidos ou perspectivas de retorno. Ano passado, cinco mil pessoas passaram pelo bar montado na Barra.

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