Reitor: princípios éticos em momentos difíceis
30/05/2017 16:20
Padre Josafá Carlos de Siqueira, S.J. Reitor da PUC-Rio

O Reitor da PUC-Rio, padre Josafá Carlos de Siqueira, S.J., reforça em seu artigo que, em tempos de desordem política, é necessário que o povo brasileiro se apegue a três princípios primordiais: o testemunho da esperança, a primazia do bem e o conhecimento do espírito de verdade

Estamos vivendo momentos difíceis de nossa história brasileira, onde verdades e inverdades se misturam por detrás dos fatos, dificultando um discernimento objetivo da realidade. Num país dividido politicamente, onde a cada dia somos surpreendidos pela perversidade de práticas que saem do submundo da política, não nos resta outra alternativa senão recorrermos aos bons princípios éticos que fazem parte do ethos de nossa brasilidade. É de bom alvitre recordar três desses princípios que marcam uma cultura plasmada pelos valores humanísticos e cristãos, a saber: o testemunho da esperança, a primazia do bem e o conhecimento do espirito de verdade. O primeiro nos leva a dar sempre razão de nossa esperança, pois, as turbulências e as dificuldades transitórias não devem tirar de nós a convicção de que tudo pode mudar na imanência da história, sobretudo por pessoas que acreditam e professam uma dimensão transhistórica da vida, onde a esperança supera o contraditório. O segundo se traduz na máxima de que é melhor optar pela verdade, pela lisura e pela transparência, do que enveredar pela contramão do mal que conduz à traição, à manipulação e à ocultação de atos e ações que corrompem o ser humano e estimulam as práticas nocivas na sociedade, envergonhando os milhares de cidadãos honestos que vivem a verdade no anonimato da existência. A não primazia pelo bem gera nas pessoas e no tecido social, divisões, agitações, indignações e, sobretudo, incertezas, pois a mistura de bem e mal dificulta um discernimento verdadeiro diante dos fatos e acontecimentos que manipulam a opinião pública. O terceiro, que consiste no conhecimento do espirito de verdade, sendo talvez o que mais necessitamos nestes momentos de perplexidade. Ter um compromisso com a verdade, onde o bem da nação deve estar acima dos interesses pessoais, é um estado de espirito que enobrece o ser humano, permitindo que as normas e as leis garantam a verdade dos fatos, e que possam punir com rigor as inverdades e os prejuízos sociais da corrupção, da falta de ética e das práticas espúrias, sobretudo daqueles a quem foram confiados os mais altos degraus na vida pública.
Para os que vivem estes princípios éticos no cotidiano da existência, resta-nos a determinação de não abrirmos mão de nossas convicções mais profundas. A virtude da esperança nos faz crer que a revelação das inverdades e da falta de lisura, fortalecerá o compromisso com os verdadeiros princípios que movem o ethos social das novas e futuras gerações de nossa sociedade brasileira. A primazia do bem e da verdade continuará sendo o veio condutor de um país que nasceu como terra de Santa Cruz, não tanto pela escolha piedosa dos colonizadores, mas pelos valores de um homem que um dia passou pela cruz para romper os sinais de morte, de corrupção e de ambição desmedida que enfraquece aquilo que há de mais sagrado no ser humano.

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