Cresce o jornalismo de checagem
29/06/2017 15:58
Diana Fidalgo

Jornalista Juliana Dal Piva, da Agência Lupa de fact-checking, conversou com estudantes sobre o crescimento, no Brasil e no mundo, das plataformas de checagem, diante da proliferação de notícias falsas.

O fact-checking, ou jornalismo de checagem, começou nos Estados Unidos, em 1991 com o jornalista Brooks Jackson, experiente repórter de política da CNN, fazendo a verificação de tudo o que os candidatos George Bush e Bill Clinton diziam em suas campanhas à Presidência, usando bases de dados públicos e arquivos. Desde então, a prática jornalística ganhou espaço em sites como o Fact Check, de Jackson; e o Chequeado, na Argentina. No Brasil, a Lupa, primeira agência de jornalismo de checagem, criada em 2015, acompanha o noticiário nacional, detectando dados incorretos e informações imprecisas. Em palestra aos alunos de Comunicação Impressa dos professores Alexandre Carauta e Luciana Brafman, na sexta-feira (23), a jornalista Juliana Dal Piva contou sobre o crescimento das plataformas de checagem – já há uma centena delas, em quase 50 países –, assim o como da própria Lupa, que aumentou de quatro para 12 repórteres.

“Nosso foco é no que vale a pena checar, como dados, estatísticas, comparações ou afirmações. Só publicamos matérias em que se pode mostrar com clareza de onde veio a informação, dando o caminho para que o próprio leitor possa checar ele mesmo”, destacou Juliana, que já trabalhou nos jornais O Globo, O Dia, Folha de S.Paulo e O Estado de S. Paulo. ­“A obrigação de todo repórter é investigar e checar. A Lupa vai mais profundamente e apresenta as fontes, reveste aquele conteúdo de transparência”, acrescentou o professor Alexandre Carauta.

A jornalista afirmou que o compartilhamento acelerado de notícias falsas na internet aumenta a pressão e a responsabilidade dos veículos de comunicação, que vê acomodados ao jornalismo declaratório de autoridades e ao recurso do chamado off the record – informação passada por fontes que não querem se identificar publicamente – utilizado como jogo de poder: “É um grande balão de ensaio. Eles vazam essas informações em off para ver o resultado e como as pessoas reagem. Já viram House of cards? É igualzinho.”

Foto de Dóris Duque

A produção de fact-checking é historicamente mais ligada ao noticiário político, mas Juliana acredita que a tendência é se ampliar e se transformar.

– Estamos nesse caminho desde o início da Lupa. O Preto no Branco [blog de checagem do jornal O Globo] era especificamente de eleições. Na época do debate eleitoral não dá muito para fugir isso. Às vezes queremos fazer reportagens grandes, mas muitas vezes as pessoas não querem ler. Tentamos balancear as duas coisas: atender essa demanda instantânea e produzir matérias maiores. 

A expansão da empresa se dá com mais parcerias envolvidas – a Lupa é encubada pela revista Piauí, está hospedada no site da Folha, e faz entradas na rádio CBN. Uma das dúvidas de estudantes da plateia foi sobre influências externas na linha editorial, e Juliana esclareceu:

– Um dos critérios para as parcerias é ter total autonomia e independência para fazer as pautas. Em 95% das vezes somos nós que oferecemos a pauta. É difícil propormos e não quererem.

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