A conversa como guia profissional
30/08/2017 18:22
Marcelo Antonio Ferreira

Por meio de autoconhecimento, Noap auxilia jovens a escolher melhor a carreira. O serviço de orientação profissional é gratuito. 

Núcleo de Orientação e Atendimento Psicopedagógico (Noap) não usa testes vocacionais, mas promove diversos encontros psicopedagógicos. Foto: Lucas Simões

Arthur Coutinho, de 21 anos, cursa Comunicação Social, mas, quando ingressou na Universidade, já acumulava experiências em áreas bem distintas. No Ensino Médio, se formou em técnico de enfermagem. Posteriormente, fez três períodos de engenharia na Uerj, mas desistiu da faculdade. E, mesmo com essa trajetória, confessa que tem dúvidas sobre que rumo tomar. Por isso, quando soube, no Meu Primeiro Dia na PUC, de um programa de atendimento psicológico para alunos, não titubeou e decidiu procurar ajuda. E, assim, chegou ao projeto de orientação vocacional desenvolvido pelo Núcleo de Orientação e Atendimento Psicopedagógico (Noap).

O programa de orientação profissional é coordenado pela psicóloga e professora Elisa Almeida, com mais três estagiárias de psicologia. De acordo com Elisa, é feita uma primeira entrevista de triagem para a equipe do Noap conhecer a pessoa e saber qual a necessidade dela. Com isso, é possível analisar se existe chance de ajudar ou não o estudante.

– Nosso trabalho de orientação é muito direcionado para a questão da insatisfação do curso. Às vezes, a pessoa gosta do curso, mas não sabe onde trabalhar, uma questão mais de carreira dentro das áreas. Em outras situações, os problemas são mais de nível emocional, que seria o caso de uma psicoterapia e não um trabalho voltado para a vocação.

O método do Noap se diferencia pela ausência de qualquer tipo de testes durante o processo. Elisa conta que a expectativa não é guiar o aluno para um curso específico, e sim potencializar o autoconhecimento por meio de conversas. E que a interdisciplinaridade é um dos fatores incentivados pelo Núcleo àqueles que consideram trocar de curso.

– Não usamos testes. Relaciona-se muito orientação vocacional a testes, como aqueles escolares ou de internet. Não trabalhamos assim. Primeiramente, ajudamos a pessoa a se conhecer melhor, como características, hobbys, profissão e estilos de vida que quer levar. Como o nosso objetivo é pensar no processo de escolha, colocamos também que existem vários caminhos possíveis, não apenas mudar de um curso para outro curso. Por exemplo, ela pode puxar disciplinas de outros departamentos.

Coutinho conta que passou por outras experiências de orientação profissional, todas baseadas em testes, mas algumas delas apresentavam dinâmicas que ele qualifica como complicadas. O estudante considera que um sistema em que o aluno é levado a descobrir os caminhos por meio de uma série de diálogos é enriquecedor.

– O problema desses testes é que muitos estudantes acabam manipulando, e o resultado é o que ele deseja que saia, não aquilo que vai ajudá-lo. No Noap, não há aplicação de testes, as dinâmicas são diferentes, elas conversam e ouvem o jovem. Por meio da história e do que ele apresenta, encaminham para que chegue a algum resultado, ou pelo menos vislumbre onde tem que ir.

O número de encontros varia de caso para caso e, de acordo com a psicóloga, estudantes de todos os cursos procuram o serviço, tanto alunos como Coutinho, que estão no 1º período, como pessoas que já estão no fim da Universidade, no 7º ou 8º período. Elisa explica que o aluno passa por um momento de autorreflexão e é levado ainda a analisar o cenário que o cerca.

– Acreditamos que, a partir do momento em que a pessoa se conhece melhor, conhece os cursos dentro e fora da PUC, e ainda averigua o mercado de trabalho, ela mesma pode chegar a uma melhor conclusão. E ela pode perceber que o melhor caminho é permanecer no curso ou mudar.

Criado em 1982, o Noap, atualmente, integra a Rede de Apoio ao Estudante (RAE), um sistema da PUC-Rio constituído por cinco núcleos voltados para atendar as demandas estudantis relacionadas às necessidades especiais, acadêmicas, psicopedagógicas e psicológicas. Diante dos pedidos de atendimento de serviços psicopedagógicos para alunos da Universidade, em 2014, o Noap foi reestruturado. O espaço foi reformado e mais profissionais se juntaram ao núcleo, que também oferece auxílios em leitura e escrita, coordenados por professoras do Departamento de Letras.

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