A atuação das redes eclesiais na Amazônia
25/10/2017 12:47
Lucas França

Mesa redonda discute papel da Igreja e das universidades jesuítas que desenvolvem projetos na região 

Lilian Saback, Moema Miranda e Padre Alfredo S.J. fizeram parte da mesa de debate (Foto: Isabella Lacerda)

Os grupos de atuação e redes que a Igreja Católica tem em apoio à região e povoados da Amazônia foram alguns dos temas discutidos na primeira mesa de debate da 2ª Semana de Estudos Amazônicos da PUC-Rio, na terça-feira, 24. O trabalho da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam) e da Associação de Universidades Confiadas à Companhia de Jesus na América Latina (AUSJAL) foram apresentados na palestra.

Padre Alfredo Ferro S.J. que mora na região amazônica da Colômbia, explicou que a Repam é um serviço de comunicação e integração de igrejas, presente nos nove países que comportam a Floresta Amazônica. Segundo ele, a Repam busca a defesa e a promoção da sustentabilidade na região, com um olhar principalmente para os povos indígenas.

— A Repam é uma resposta aos desafios que a Região Amazônica apresenta. São 385 povos indígenas na região. Precisamos entender a riqueza e diversidade deles, reconhecer culturas como patrimônio da humanidade.

Moema Miranda falou sobre a Respam no Brasil (Foto: Isabella Lacerda)

A diretora do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), Moema Miranda, explicou que, às vezes, a estrutura hierarquizada da Igreja Católica torna a atuação da Repam mais lenta. Para ela, a organização da Repam é ousada e busca entender a Amazônia, que é muita atacada.

—  Na Repam, uma leiga, um padre, um bispo e até o Papa podem estar juntos em um espaço de diálogo, sem uma ideia ingênua. Mesmo que tenham conflitos de visão de mundo, antes de tudo, existe uma abertura para a amizade e para conversar com quem é diferente. Quando vemos a Amazônia, percebemos que há uma lógica terrorista do capital que diz não ter solução para a floresta. A Repam se posiciona contra isso e apresenta alternativas a partir dos povos da região.

Uma das responsáveis pelo mapeamento e investigação da região Pan-Amazônica na Repam, Evanilda de Jesus afirmou que povos da área convivem com situações de perseguição constantes. Por isso, há necessidade da presença e do mapeamento eclesiais na região. Ela destacou ainda que é preciso sistematizar os dados colhidos e refletir sobre eles.

— A Igreja precisa estar comprometida com a vida. Queremos que o mapeamento mostre esses esforços que temos tido. Esperamos que esses dados sistematizados possam a ajudar no processo de fortalecimento dessa articulação Igreja/povo na Pan-Amazônia.

Diretor do NIMA, Luiz Felipe Guanaes, comentou sobre a atuação das universidades na Amazônia (Foto: Isabella Lacerda)

O diretor do Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente (NIMA), professor Luiz Felipe Guanaes, apresentou a AUSJAL, associação de 30 universidades jesuítas da América Latina que busca contribuir com a sociedade. Guanaes disse que a presença das universidades na Amazônia é prioridade da associação, principalmente por conta dos recursos existentes no lugar, que são mapeados também pela Repam

— Se ficarmos presos em uma apatia e não fizermos nada contra o ataque que sofre a Amazônia, os recursos vão acabar mesmo. Tenho acesso a imagens de satélite da floresta e, de cinco em cinco anos, a situação piora muito. A Amazônia é uma prioridade. Ela tem uma história ecológica que se mistura com os povos dali.

Após a mesa, uma missa foi celebrada no Anfiteatro Junito Brandão e, em seguida, árvores amazônicas foram plantadas em um terreno próximo à Igreja do Sagrado Coração de Jesus. Segundo o gerente de Projetos Ambientais do Nima, professor Roosevelt Fideles, as espécies plantadas foram Palmolato, Açaí, Mogno e Andiroba.  

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