A solução em oito minutos
16/05/2018 18:05
Lethicia Amâncio

Colunista do jornal O Globo conversa com estudantes de Comunicação Social sobre os desafios da integração de meios de informação nas mídias digitais

Pedro Dória é colunista no O Globo, CBN e Estadão . Foto: Fernanda Maia.
 

O jornalista Pedro Dória participou do I MiDForum – LabMiD Jornalismo, Tecnologia e Sociedade, na terça-feira, 15. No primeiro encontro público do Laboratório de Mídias (LabMiD) do Departamento de Comunicação Social, Dória, que também é escritor, conversou com alunos sobre a startup Meio, fundada por ele, em 2016, em parceria com o empreendedor Victor Conceição. O jornalista explicou os processos da estruturação do veículo, que surgiu como um modelo de oportunidade de mercado em um período de migração da informação para as plataformas digitais.

            Com apenas quatro integrantes na equipe, o Meio registra 54 mil assinantes, que recebem, de segunda-feira a sexta-feira, às 6h, uma newsletter com as informações do dia. De acordo com Dória, o diferencial da plataforma é a concisão do conteúdo: as notícias podem ser lidas em, no máximo, oito minutos. Segundo ele, a exatidão do tempo é obtida graças a um sistema contador de minutos, utilizado durante a produção dos textos, que cronometra o tempo gasto pelo leitor para consumir a mensagem.

            — A tecnologia nos permite isso, conseguimos fazer uma costura dos pequenos detalhes que todos os veículos têm, e o leitor consegue todas as informações sobre aquele assunto que o jornalismo brasileiro conseguiu produzir naquele dia.

 

Alunos de Comunicação Social conversaram com o jornalista. Foto: Fernanda Maia.
 

            A startup teve início a partir do processo de transformação nas redações brasileiras em 2014, quando, segundo o IBGE, 50% das famílias obtiveram acesso à internet banda-larga. Dória comentou que o aumento influenciou fortemente na diminuição de publicidade em meios impressos, resultou na diminuição da renda dos jornais e revistas, e gerou, consequentemente, inúmeras demissões e desemprego no mercado da comunicação.

            O Meio, assinalou Dória, busca a formulação das editorias de forma diferenciada, já que, para o jornalista, a organização da imprensa atual não consegue cobrir as questões que têm forte impacto na sociedade. Compactado, o veículo é dividido em quatro editorias: Cultura; Tecnologia; Política e Economia; e Viver — que aborda questões da sociedade. Dória explicou que qualquer uma das editorias pode ser a manchete da newsletter.

            O jornalista também comentou sobre a responsabilidade dos comunicadores de informar na internet. Para ele, quando a sociedade perde o hábito de ler veículos considerados mais tradicionais, como os jornais, o impacto é visível. O editor do Meio observou que consumir informação a partir das redes sociais, nas quais há, inclusive, a divulgação de fake news pode, algumas vezes, gerar problemas sérios. Ele citou como exemplo o que ocorreu nas eleições presidenciais americanas em 2016, que sofreram interferências do que foi disseminado no Facebook.

Pedro Dória respondeu às perguntas dos alunos e explicou que o Meio surgiu da mesma forma que as startups BuzzFeed e Vice, como uma forma de saída das crises e o desemprego, como a de 2008 nos Estados Unidos. Para ele, esta forma de distribuir e produzir informações vai se consolidar de 2020 para 2021, já que nesse momento os projetos estarão mais maduros. Ele deu conselhos para alunos que pretendem iniciar projetos, e comentou sobre as dificuldades de rentabilidade e custos de financiamento.

            — O projeto possui dois investidores iniciais. Conseguimos tirar dinheiro, mas o Meio não me sustenta.  E com relação à concorrência, ela ajuda para que o mercado se acostume com as startups de jornalismo.

 

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