Obras e centenário de Bergman
18/10/2018 11:59
Nicole Polo

O seminário Rosto de Bergman: Vida e Morte em um Plano presta homenagem ao centenário do diretor sueco

Em 2018, o diretor sueco Ingmar Bergman completaria cem anos. Cineasta de grande sucesso, ele é responsável pela direção de filmes como Morangos Silvestres, O Ovo da Serpente, Persona, entre outros. Para homenagear Bergman, começou na quarta-feira, 17, o seminário Rosto de Bergman: Vida e Morte em um Plano. Até sexta-feira, 19, haverá exibições de filmes do diretor e debates sobre a vida e obra dele, na sala 102-K.

A abertura do seminário ocorreu na terça-feira, 16, no Cine Odeon, com a exibição de Morangos Silvestres. Em seguida, o professor Ney Costa, coordenador do curso de Cinema da PUC-Rio, a professora Eliane Ivo, do Departamento de Cinema e Vídeo da UFF, o cineasta Walter Lima Júnior e o professor Gustavo Chataiginier, do Departamento de Comunicação Social PUC-Rio, debateram sobre o filme.

O primeiro dia de encontros começou com a exibição de O Sétimo Selo, que lida com a questão da morte em um cenário de século XV e traz reflexões atuais. Após o filme, foi r4ealizada a mesa Gritos da Vida e Sussurros da Morte: Criação e Existência, com a participação do professor Gustavo Chataignier, do curador e crítico Luiz Baez e da crítica de cinema Maria Caú.

Maria Caú relembrou a trajetória de Bergman. Ela explicou que o cineasta tinha medo da morte e que O Sétimo Selo foi uma forma dele expressar essa angústia com a temática. No filme, segundo Caú, a morte está presente em todos os momentos: a figura humana da morte; a peste bubônica; as Cruzadas; além de personagens que literalmente morrem. Ela abordou também outra temática presente no filme, o papel do artista em tempos difíceis.

- O artista no filme é o homem que tem as visões. Ele que vê a Virgem Maria, que vê a Morte. Ele deixa claro que o artista não vai literalmente vencer a morte com aquela cena maravilhosa da árvore. Só que são esses artistas que sobrevivem no final. Há duas formas de atingir a imortalidade: através da sua prole e através da sua obra.

Maria Caú - Gabriela Azevedo

Luiz Baez retratou a ciclicidade do filme. Para ele, O Sétimo Selo apresenta duas vezes a questão da dança com a Morte: no início, há um pintor que desenha pessoas nas paredes de uma Igreja, algumas com a peste negra, e que dançam com a Morte, fato que, segundo Maria, era bem comum na Idade Média; e, no final do filme, como apontou Baez, quando os personagens dançam e são guiados pela morte.

Gustavo Chataiginier falou da dualidade entre os personagens Antonius Block e Jof. Block, o intelectual, que busca o conhecimento e a sabedoria, mesmo que isso o leve a morte. Antonius Block quer entender o mundo, ter certezas e saciar a angústia por desconhecimento. Jof, o artista, está à parte do mundo e tem delírios. Para Chataiginier, o artista nunca está em um “universo normal”. Na análise do professor, o filme separa a arte e o conhecimento.

- Temos, por um lado, Antonius Block, que é o cara do conhecimento, que quer ter certeza. É uma paixão pelo conhecimento desmesurável, que chega a negar a vida. E temos o artista, Jof, que é meio à parte, tem visões delirantes, e é desse delírio que é feita a arte. A arte não entra na normalidade. A obra de arte é uma tentativa de pensar o impensável, você não pensa a morte. A morte é um limite para o pensamento.

Gustavo Chataignier - Gabriela Azevedo

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