Uma roda de conversa sobre hipertensão e prevenção do câncer de mama ocorreu no dia 17 em comemoração ao Outubro Rosa. Em uma parceria entre o Departamento de Medicina, o Departamento de Serviço Social e o Centro de Promoção da Saúde (CEDAPS), o encontro contou com a presença de médicos especialistas e com lideranças de comunidades de diversas regiões do Rio de Janeiro, que discutiram sobre saúde, em especial a saúde da mulher, tiraram dúvidas e trocaram experiências.
O Decano do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, professor Hilton Augusto Koch, abriu o encontro e ressaltou a missão da PUC em promover atividades que integram, principalmente, pessoas de baixa renda. O Decano ressaltou o trabalho do Ambulatório São Lucas, que funciona na Casa da Medica e oferece consultas em diversas áreas e exames de imagem com preços populares.
Hipertensão foi o primeiro assunto abordado pelo cardiologista Roberto Paiva e pela nutricionista Isabela Peçanha. Eles falaram sobre a importância de adotar hábitos saudáveis, como a redução do consumo de sal, para evitar ou retardar os efeitos da hipertensão. Paiva caracterizou a doença como silenciosa e explicou que, muitas vezes, as pessoas morrem por motivos específicos, como AVC ou parada cardíaca, sem saber que a raiz do problema pode ser, na verdade, a pressão alta.
— A gente tenta fazer a melhor medicina possível, que é a preventiva. Prevenir-se da hipertensão é mais fácil do que do câncer de mama, não é preciso uma tecnologia muito avançada, apenas aferir a pressão. Isso pode ser feito por um médico, um clínico, uma enfermeira, ou qualquer pessoa que saiba manusear o aparelho. Hoje em dia existem até aparelhos automáticos. Prevenindo a pressão alta, estamos cuidando de uma série de outras doenças.
O mastologista Ricardo Chagas e a psico-oncologista Tatiana Michelsem, da Associação Amigos da Mama (ADAMA), que oferece suporte psicossocial às mulheres diagnosticadas com câncer de mama, debateram sobre a reação da mulher ao receber o diagnóstico, sobre os mitos relacionados ao câncer e sobre o autoexame. Chagas esclareceu as dúvidas das ouvintes em relação ao uso da pílula anticoncepcional e a influência dela na causa do câncer e sobre a reposição hormonal no período da menopausa.
Tatiana frisou que a rotina da mulher brasileira a impede de ter os devidos cuidados com a saúde, já que ela precisa cuidar da casa, dos filhos, além de ter de lidar com a dupla jornada de trabalho. Por essas razões, afirmou a médica, muitas acabam não reservando um tempo para a prevenção de doenças, como o câncer.
— Conforme a mulher vai sendo assistida, recendo informações, ela vai entendendo seu estado clínico e vai aprendendo a lidar com essa situação. A informação é fundamental. Cerca de 99% das mulheres, ao receber o diagnóstico, acreditam que estão recebendo um atestado de morte. Isso não é verdade.
Representante do CEDASP, Juliana Chagas pontuou a importância de falar sobre saúde de modo interativo e didático. Para ela, é preciso respeitar as especificidades de cada grupo social, para que a conscientização seja efetiva.
— A saúde não precisa ser debatida só no posto de saúde. Temos que levar isso às escolas, às comunidades, temos que ocupar outros espaços. As vezes culpamos a mulher por não ter tempo, quando isso na verdade é uma realidade e não nos preocupamos em levar a informação até ela, para que ela se sinta acolhida.