Urbanização e Democracia
26/10/2018 10:46
Beatriz Puente

SIMERG discute a relação do desenvolvimento das metrópoles com o exercício da democracia pela população

A produção do espaço, a emancipação social e a democracia foram os temas da quarta edição do Simpósio Internacional Metropolização do Espaço, Gestão Territorial e Relação Urbano-Rural (SIMEGER), realizado pelo Departamento de Geografia. A abertura ocorreu na segunda-feira, 22, no Auditório Padre José de Anchieta. O objetivo do encontro é promover o diálogo entre pesquisadores, planejadores, professores e alunos sobre como construir uma justiça social através da Geografia.

Jeffer Chaparro - Thaiane Vieira

Na primeira mesa do dia, cujo tema era a produção do espaço e a radicalização da democracia, o professor Jeffer Chaparro, da Universidade Nacional da Colômbia, abordou a dimensão prática do território e da democracia. Ele explicou como os meios digitais influenciam na formação da sociedade, a busca pela utopia e a ameaça do neofascismo social e ambiental.
- Quando tivemos eleições na Colômbia, escutava-se muito o que se fala no Brasil hoje:  “Não queremos que vire uma Venezuela”. Essa ideia é propagada pela internet, pelas redes sociais. O neofascismo está aí e ele é um perigo não só para as pessoas, mas para o meio ambiente também. Hoje, as pessoas são escravas de seus celulares e não desenvolvem senso crítico. Claro que é uma utopia pensar na democratização do discurso acadêmico, mas é preciso tentar romper essas barreiras.
O professor da PUC-Rio e coordenador geral do SIMEGER, Alvaro Ferreira, usou a cidade do Rio de Janeiro como exemplo para explicar como a urbanização reflete um baixo nível de democracia. O professor também fez uma síntese de Marx, na qual relacionou a alienação, ou seja, a não consciência da realidade, com os projetos metropolitanos que são exclusivos para uma parcela da sociedade.

Alvaro Ferreira - Thaiane Vieira

- Aqui no Rio, tivemos a aprovação para a construção da Rio Eye, uma roda gigante que nem a de Londres. As Trump Towers foram aprovadas em 2012, para serem feitas na Avenida Francisco Bicalho. Isso só nos mostra como a urbanização é resultado de influências externas e não é pensada de acordo com a população local. Foca-se muito mais no embelezamento da cidade do que na inclusão das comunidades. Constrói-se prédios luxuosos ao lado das favelas, isso é uma exclusão e um retrato geográfico da desigualdade.
Com um olhar europeu, o professor João Ferrão, da Universidade de Lisboa, fez um comparativo entre a situação político-geográfica de Portugal e do Brasil. Ele ressaltou a importância de um diálogo com os não-convictos de uma ideia, da troca de opiniões e da busca por soluções plurais. Para o professor, a importância da pluralidade no debate está relacionada com uma área urbana mais democrática.
- Em Portugal, temos uma fragmentação partidária muito grande. Os nossos governantes são eleitos com cerca de 20% dos votos. As narrativas temáticas em alguns partidos, como o partido LGBTQI, o partido ambiental, também contribuem para a pluralidade. Ultimamente, com o crescimento da extrema direita, é importante termos opções, termos uma discussão de todos.

João Ferrão - Thaiane Ferreira

Mais Recentes
Alunos terão desconto em moradia universitária
PUC-Rio fechou parceria com Uliving, maior rede deste tipo de serviço no país
Intercâmbio de dados sobre territórios populares
PUC-Rio e Instituto Pereira Passos assinam termo de cooperação
Impactos da automação
As tecnologias digitais e a nova economia do conhecimento