Um jovem Gilberto Gil
13/11/2018 00:00
Pedro Madeira

Cantor enaltece a juventude com sucessos da carreira e discursos no encerramento do Festival da Primavera 2018 da PUC-Rio

O cantor Gilberto Gil foi o grande destaque do encerramento do Festival da Primavera da PUC-Rio, na noite de sexta-feira, no Ginásio. Gil subiu ao palco festejado pela plateia, que lotou o Ginásio da PUC-Rio. O artista deu a última afinada nas cordas do violão e iniciou o momento mais esperado da noite. Com voz e violão apenas, Gil começou a participação com “Marginália 2” (1968), que ecoou os versos do refrão entre a plateia absorta pela presença do músico.

Ao fim primeira faixa, os acordes do violão anunciaram a batida de berimbau de “Filhos de Gandhi” (1975). Antes de continuar o show, o artista se dirigiu ao público e, segundo ele, o entusiasmo característico da juventude o inspirava a estimular seu menino interior.

- Eu já estive aí há muito tempo atrás. Era sempre isso mesmo, esse entusiasmo, essa vibração, essa energia vital em nome de tudo que vale a pena lutar, sonhar e se comprometer nessa vida. Espero continuar indo até o final da minha vida com essa meninada maravilhosa, da qual eu tive sorte de fazer parte um dia.

Gil trouxe consigo o axé do Olodum em seguida, quando tocou “Nossa gente (Avisa lá”. Por último, o compositor fechou a apresentação com uma versão estendida do samba “Aquele abraço” (1969).

Gilberto Gil - AmandaDutra

Além de Gilberto Gil, o encerramento do Festival da Primavera teve também as apresentações de DJamal, do Quartetinho, um grupo de jazz e música brasileira formado na Unirio e do Bloco Superbacana. Os músicos do bloco subiram ao palco e, fantasiados em homenagem ao movimento musical Tropicália, fizeram a folia com clássicos da MPB, em especial dos Mutantes.

Dona dos sons da panderola e do ganzá, Camila Marques, 37 anos, conta que o repertório do Superbacana foi montado especialmente para a apresentação. Segundo a musicista, o bloco toca nas ruas durante o Carnaval e há dois anos exibe um repertório de quatro horas, em que tocam sucessos de Jorge Ben, Gal Costa, Tom Zé, dentre outros nomes da cena musical popular brasileira da década de 1960 e 1970. Para animar a plateia, Camila e os colegas de banda optaram por músicas mais enérgicas, o que, na sua opinião, inevitavelmente tendeu para as faixas de rock psicodélico dos Mutantes. Vestida de noiva, ela explica a fantasia é uma referência à capa de um disco da Rita Lee.

- Temos um trabalho de figurino inspirado na tropicália, e o público gostou. É incrível essa energia. É um público bem mais perceptível ao repertório e gostamos disso.

Os Superbacanas tocaram em ritmo de carnaval: “Tropicália” (1968), “Domingo no Parque” (1968), “Balada de Louco” (1972), “Alegria Alegria” (1968). O Ginásio se transformou em rua e o ritmo de Carnaval abriu alas para o show de Gilberto Gil. De acordo com a integrante do grupo Mariana Baumgratz, dividir o palco com um cânone da música popular brasileira é uma emoção e sair sob os aplausos eufóricos da plateia lembrou ela dos festivais da música ocorridos 50 anos atrás.

Bloco Superbacana - Amanda Dutra

- Acho que tocar para jovens em uma Universidade, que historicamente é um lugar de resistência, amplia e amplifica tudo que a gente faz. Pensar que há 50 anos, Gilberto Gil, Caetano, Tom Zé e outros estavam indo contra tudo que o Brasil estava tentando impor para as pessoas na época da Ditadura. E, hoje, a gente está aqui cantando música de protesto.

O festival ainda varou noite a dentro. Com a apresentação do grupo Samba que elas querem, o fuzuê só foi terminar nas ruas da Gávea com o cortejo carnavalesco, que foi a última atração do evento.

Tradição

Esta foi a 19º edição do Festival de Primavera. Organizado pelo DCE da PUC-Rio com a ajuda de voluntários, cerca de 90 pessoas estiveram diretamente ligadas à produção do evento. De acordo com a tesoureira do DCE Rafaela Magnani, aluna de Design, o festival do ano passado serviu como aprendizado e forneceu o know-how para profissionalizar o deste ano. Segundo ela, o projeto anterior foi mais passional, porque a vontade realizar novamente o Festival de Primavera, que não ocorreu em 2015 e 2016.

Festival de Primavera - Amanda Dutra

- O Festival de Primavera é um patrimônio cultural do estudante da PUC-Rio e ele está de volta.  A gente precisa agradecer muito aos voluntários, que deram noites em claro para dar vida ao festival. Também à Pastoral Universitária, que fez uma parceria incrível, e à Vice-Reitoria Comunitária, uma parceira nossa. O apoio que eles nos dão é essencial para que a gente possa trabalhar bem aqui dentro.

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