Articulações humanas no Serviço Social
25/10/2019 09:56
Heloiza Batista

Seminário aborda o tema desproteção social em tempos de barbárie

V Seminário da Linha de Pesquisa: Violência, Direitos, Serviço Social e Políticas Intersetoriais. Foto: Gabriela Callado

Perspectivas e intervenções na modernidade e abandono social foram as temáticas principais do V Seminário da Linha de Pesquisa: Violência, Direitos, Serviço Social e Políticas Intersetoriais. O encontro ocorreu no dia 17 de outubro, na PUC-Rio, e foi promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Serviço Social, com mediação da professora Irene Rizzini, do Departamento de Serviço Social.

A cerimônia de abertura foi realizada com a professora Valeria Barros, do Departamento Social, e com a representante do Centro Acadêmico de Serviço Social Zica Oliveira, Tainã Mariano. A primeira mesa abordou o tema Desproteção Social em Tempos de Barbárie, com a professora Carla Cristina da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, seguida de uma roda de conversa, coordenada pela professora Lilian Saback, do Departamento de Comunicação Social.

Professora Irene Rizzini, Valeria Barros e Tainã Mariano. Foto: Gabriela Callado

Carla começou o discurso com uma observação de que o conhecimento é uma forma de resistência, que se deve procurar a informação e estudos no geral, como uma luta na atualidade. Ela disse que a modernidade sempre foi pensada como algo temporário e como o oposto da ideia de colonialismo. Durante a palestra, ela explicou a influência da colonização nos dias atuais, com a prática do capitalismo. Segundo ela, esse conceito se mantém mesmo com o fim da época da colonização e apontou a desumanidade que se manteve no estado.  

- O que é central na modernidade capitalista colonial é a dicotomia e hierarquia entre o humano e o não humano. Os modos como os povos da época da colonização eram vistos. Os nativos, os africanos não eram vistos como seres humanos, portanto, não eram homens e mulheres, eram vistos como machos e fêmeas, o que se atribui a animais e não a seres humanos. E nesse sentido, os colonizados e as suas personalidades eram julgados como selvagens.

Carla comentou a importância do entendimento da desproteção social e propôs reflexões em torno do termo precariedade. Ela comparou o conhecimento de uma vida precária, como uma necessidade de proteção. A professora ressaltou que é necessário garantir condições de prosperidade e convivência para essas vidas. Carla criticou a redução de verbas para governos sociais e questionou a pouca legitimidade para políticas, como a da assistência social.

- Por que essas políticas destinadas a jovens em cumprimento de medidas socioeducativas, população de rua e outras pessoas, são desvalorizadas e têm pouca importância? Se deve pensar na ideia de precariedade, é necessário normas e convenções sociais que coloquem aquela vida em condição de ser uma vida precária. A gente apreende que aquela vida é precária, mas não reconhece que é uma vida sem cuidados e desprotegida.

Carla Cristina, professora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Foto: Gabriela Callado

A professora citou um exemplo, que confirma a ideia de precariedade instalada na consciência da população. Ela lembrou o episódio que ocorreu no Rio de Janeiro, de um menino que cometeu um assalto, e a população o amarrou em um poste de rua. Carla disse que, de uma forma geral, a população entende que um menino como deste acontecimento tem uma vida precária, mas, nesse caso, não reconheceu que ele necessitava de ajuda e preferiu julgá-lo.  

- É vista praticamente como uma vida que não deveria ter existido, uma vida que precisaria ser eliminada. As pessoas não esperam nada dessas vidas, afirmam que elas podem ser perdidas e destruídas, e é o que as políticas sociais reproduzem. Na verdade, toda vida requer condições especiais e econômicas e essas condições devem ser entendidas. 

Na roda de conversa sobre desproteção social, a professora Lilian Saback coordenou a discussão com seis discentes que desenvolvem pesquisas na área do sérviço social para uma troca de conhecimento. Temas como mulheres na favela da Maré; violência e política de assistência social, adolescentes e família violência doméstica e saúde foram alguns dos assuntos debatidos.

Roda de conversa, coordenada pela professora Lilian Saback. Foto: Gabriela Callado

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