Perspectivas e intervenções na modernidade e abandono social foram as temáticas principais do V Seminário da Linha de Pesquisa: Violência, Direitos, Serviço Social e Políticas Intersetoriais. O encontro ocorreu no dia 17 de outubro, na PUC-Rio, e foi promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Serviço Social, com mediação da professora Irene Rizzini, do Departamento de Serviço Social.
A cerimônia de abertura foi realizada com a professora Valeria Barros, do Departamento Social, e com a representante do Centro Acadêmico de Serviço Social Zica Oliveira, Tainã Mariano. A primeira mesa abordou o tema Desproteção Social em Tempos de Barbárie, com a professora Carla Cristina da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, seguida de uma roda de conversa, coordenada pela professora Lilian Saback, do Departamento de Comunicação Social.
Carla começou o discurso com uma observação de que o conhecimento é uma forma de resistência, que se deve procurar a informação e estudos no geral, como uma luta na atualidade. Ela disse que a modernidade sempre foi pensada como algo temporário e como o oposto da ideia de colonialismo. Durante a palestra, ela explicou a influência da colonização nos dias atuais, com a prática do capitalismo. Segundo ela, esse conceito se mantém mesmo com o fim da época da colonização e apontou a desumanidade que se manteve no estado.
- O que é central na modernidade capitalista colonial é a dicotomia e hierarquia entre o humano e o não humano. Os modos como os povos da época da colonização eram vistos. Os nativos, os africanos não eram vistos como seres humanos, portanto, não eram homens e mulheres, eram vistos como machos e fêmeas, o que se atribui a animais e não a seres humanos. E nesse sentido, os colonizados e as suas personalidades eram julgados como selvagens.
Carla comentou a importância do entendimento da desproteção social e propôs reflexões em torno do termo precariedade. Ela comparou o conhecimento de uma vida precária, como uma necessidade de proteção. A professora ressaltou que é necessário garantir condições de prosperidade e convivência para essas vidas. Carla criticou a redução de verbas para governos sociais e questionou a pouca legitimidade para políticas, como a da assistência social.
- Por que essas políticas destinadas a jovens em cumprimento de medidas socioeducativas, população de rua e outras pessoas, são desvalorizadas e têm pouca importância? Se deve pensar na ideia de precariedade, é necessário normas e convenções sociais que coloquem aquela vida em condição de ser uma vida precária. A gente apreende que aquela vida é precária, mas não reconhece que é uma vida sem cuidados e desprotegida.
A professora citou um exemplo, que confirma a ideia de precariedade instalada na consciência da população. Ela lembrou o episódio que ocorreu no Rio de Janeiro, de um menino que cometeu um assalto, e a população o amarrou em um poste de rua. Carla disse que, de uma forma geral, a população entende que um menino como deste acontecimento tem uma vida precária, mas, nesse caso, não reconheceu que ele necessitava de ajuda e preferiu julgá-lo.
- É vista praticamente como uma vida que não deveria ter existido, uma vida que precisaria ser eliminada. As pessoas não esperam nada dessas vidas, afirmam que elas podem ser perdidas e destruídas, e é o que as políticas sociais reproduzem. Na verdade, toda vida requer condições especiais e econômicas e essas condições devem ser entendidas.
Na roda de conversa sobre desproteção social, a professora Lilian Saback coordenou a discussão com seis discentes que desenvolvem pesquisas na área do sérviço social para uma troca de conhecimento. Temas como mulheres na favela da Maré; violência e política de assistência social, adolescentes e família violência doméstica e saúde foram alguns dos assuntos debatidos.