Durante a Semana de Letras, organizada pelo Departamento de Letras da PUC-Rio, professores e autores debateram sobre o universo literário. Na palestra realizada no dia 4 de outubro de maneira remota, Alison Entrekin, tradutora literária radicada no Brasil, dialogou sobre as dificuldades em traduzir um livro com tantas experimentações linguísticas como a poesia rosiana. A obra já passou por outras tentativas de tradução, como “The devil to pay in the backlands”, traduzido inicialmente por Harriet de Onís, e, posteriormente, James Taylor, após ela desistir do projeto.
A tradutora revela que, na literatura de Guimarães Rosa, é necessária muita atenção aos detalhes do espaço e das características dos personagens, que são descritos de maneira específica, com uma linguagem experimental e diversa, de difícil tradução para o inglês.
– Durante a tradução, é preciso buscar a melhor maneira de interpretar aquelas palavras para o outro idioma, destrinchar os significados. Alguns nomes são lexicalizados, mas não é só saber o que significam, é preciso dar um colorido aos sinônimos, para que faça sentido na visão do leitor, mesmo que inicialmente tenha sido uma variação linguística do autor em seu texto.
Alison Entrekin já traduziu “Perto do Coração Selvagem”, de Clarice Lispector, e “Meu Pé de Laranja Lima”, obra de José Mauro de Vasconcelos. A australiana ganhou o prêmio NSW Premier's Translation Prize, financiado pelo governo da Austrália, por sua tradução de Grande Sertão: Veredas. Ela estima que a versão em inglês será lançada em 2025.