Projeto Rondon: Ensino e Aprendizado
26/08/2019 16:05
Gabriela Azevedo

Alunos e professores relatam a experiência que viveram na Operação João de Barro pelo Projeto Rondon

A equipe enviada pela PUC também realizou obras para melhorar a infraestrutura do município. Foto: Divulgação

Generosidade, aprendizado e formação cidadã são algumas das palavras que professoras e alunos da PUC-Rio usaram para definir a experiência com o Projeto Rondon. A equipe, formada por duas professoras e oito alunos, passou duas semanas em Dom Expedito Lopes, no Piauí, para participar da Operação João de Barro. Durante a viagem, alunos ministraram oficinas sobre políticas públicas, saúde corporal, empreendedorismo e histórias locais, além de construírem uma horta vertical e realizarem obras para melhorar o saneamento básico do município. Nessa viagem, o grupo atuou com alunos da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). As atividades têm a finalidade de capacitar e formar agentes multiplicadores. 

O Projeto Rondon surgiu em 1967, tinha uma essência assistencialista e era voltado para populações ribeirinhas. Em 2005, o programa foi relançado, mas a PUC-Rio só voltou a participar em 2013 e, desde então, já foi para operações em Alagoas, Piauí, Maranhão, Pará e Tocantins. Hoje, o projeto tem como objetivo contribuir para o desenvolvimento sustentável, o bem-estar social e a qualidade de vida em regiões do país com baixo IDH. O professor do Departamento de Artes & Design e coordenador acadêmico do Projeto na PUC, Daniel Malaguti, explica que a atividade é um aprendizado não só na área técnica, mas de experiência social e de vida.

- Voltamos para o Projeto Rondon depois que duas alunas do Departamento de Design viajaram para fora do Rio de Janeiro e viram uma propaganda sobre o Projeto. Depois disso, elas me procuraram, e eu fui na Vice-Reitoria Comunitária buscar apoio. A participação dos alunos é importante para que eles não tenham uma visão estereotipada do que é o interior do Brasil, para viver a realidade do local e poder aplicar coisas que estudam na Universidade. O estudante que participa do projeto aprende muito com a população local.

O Ministério da Defesa coordena o Projeto Rondon, em parceria com Prefeituras Municipais e com Instituições de Ensino Superior. Cada Universidade é responsável por desenvolver um projeto específico. A PUC-Rio, por exemplo, trabalhou as áreas de comunicação, meio ambiente, tecnologia e produção e trabalho. Os participantes fazem a identificação e o diagnóstico geopolítico social da região e elabora propostas. Os alunos Gustavo Gama, de Design de Produto, e Jorge Alberto, de Direito, contam que no município de Dom Expedito Lopes havia problemas de saneamento básico e falta de políticas públicas. 

- A população tinha a sensação de não ser representada pelas instituições e de não conhecer os próprios direitos. As oficinas que levamos tinham a intenção de pegar instrumentos que já existem e dar aos moradores algum nível de entendimento. Mostrar os direitos garantidos pelo Estado, como saúde e educação - conta Alberto. 

Professora Ana em uma das oficinas de bordado. Foto: Divulgação

Professora do Núcleo de Educação de Jovens e Adultos (NEAd), Ana de Almeida já participou de três operações. Nessa viagem, ela foi professora coordenadora e deu oficinas de bordado, que foi um pedido dos moradores. Ana ressalta que as aulas foram um sucesso e relembra que até mesmo o prefeito da cidade participou. 

- Fizemos um painel e colocamos palavras fortes que saíram durante a atividade. O prefeito se envolveu bastante, também participou e bordou a palavra parceria. Os gestores municipais entenderam tudo o que fizemos como um legado, isso fortalece o município. 

A professora Jocineia Santos, mais conhecida como Jô, afirma que o desejo de participar do Projeto Rondon vem desde a época em que era estudante. Ela destaca que só conseguiu participar depois que se tornou professora, já que quando era aluna de graduação, em 1989, o Projeto foi extinto. Jô atua como professora coordenadora desde janeiro de 2017.

- Eu ouvi falar sobre o Projeto na Vice-Reitoria Comunitária e logo me voluntariei. Uma coisa muito importante que ocorre durante a Operação é a troca com o outro, é uma experiência de vida. Essa interação, não só com a população local, mas com os alunos da PUC que estão participando, é fundamental. 

O contato entre a população de Dom Expedito Lopes e a equipe continua mesmo depois da Operação, mas agora são eles quem dão prosseguimento às atividades desenvolvidas nas oficinas, com o monitoramento dos universitários. Responsável pela oficina de história locais, Gustavo Gama afirma que tem conversado com alguns moradores desde que voltou de viagem.

- Apliquei o conhecimento técnico que aprendi no Design no projeto de um produto em uma cidade. Essa experiência será um marco para minha carreira. Voltei com um pensamento diferente sobre o Brasil, sobre o que é o Sertão e o Cerrado. Eu tinha o entendimento de que o Nordeste era um lugar sofrido, mas as pessoas são ricas pois todo mundo tem alguma história para contar e um conhecimento muito grande. Antes da viagem, achei que faria a oficina e curtiria a viagem, não tinha pensado o quão importante era aquele trabalho. Se eu pudesse ir de novo, eu iria.

 

As oficinas também são uma forma de integração entre as equipes e a população. Foto: Divugação

O Projeto Rondon, na PUC, faz parte da Rede de Empreendimentos Sociais da PUC-Rio (RESPUC), da Vice Reitoria Comunitária (VRC). A participação poderá valer como atividade complementar, de 160h, e é um diferencial para o currículo do aluno. As chamadas para alunos e professores participarem do Projeto aparece na TV Pixel, PUC Urgente e nos e-mails enviados pela Universidade. Também é possível acompanhar os trabalhos realizados e mais informações pela página do Facebook: Projeto Rondon PUC-Rio.

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