Eminentíssimo cardeal Dom Orani Tempesta, O.Cist., e demais autoridades presentes.
Prezados membros da comunidade universitária: corpo docente, discente e técnico-administrativo.
Gostaria de deixar os meus mais sinceros agradecimentos a Sua Eminência Dom Orani Tempesta, O.Cist., nosso Grão-chanceler. Caríssimo Dom Orani: muito obrigado por sua confiança ao nomear-me e por sua solicitude de pastor em nos acompanhar neste momento. Sua presença hoje testemunha a proximidade da Santa Sé a nossa comunidade universitária, lembrando-nos de nossa identidade e missão. Em sua pessoa quero saudar toda a querida Arquidiocese do Rio de Janeiro, seu clero e seu laicato, presentes na PUC-Rio desde sua fundação.
De fato, a universidade católica é uma instituição quase emblemática na articulação da Igreja com a sociedade. Ao mesmo tempo que, como “universidade”, ela se integra ao sistema nacional de ensino, seguindo as diretrizes que lhe são próprias. Enquanto “católica”, ela mantém em seu horizonte as orientações que lhe emanam do ensinamento da Igreja, como nos é expressamente indicado na Constituição Apostólica Ex corde Ecclesiae, a Carta fundamental das universidades católicas que, como o título do documento indica poeticamente: “nascem do coração da Igreja”. E o título de “pontifícia” que revesse nossa identidade fundamental, nos torna participantes da solicitude e missão da Igreja em âmbito universal, manifestada na figura e no múnus do Sumo Pontífice.
No entanto, a PUC-Rio tem uma peculiaridade entre as pontifícias: o fato de ser uma universidade confiada à Companhia de Jesus. Neste sentido, o dia de hoje é um marco de “renovação na continuidade”: com este ato, que transcende a minha pobre pessoa, dizemos que os jesuítas enquanto corpo apostólico continuam à frente da PUC-Rio com o mesmo sentido de serviço à Igreja à sociedade que animou o Pe. Leonel Franca e todos os jesuítas que aqui trabalharam.
Por isso, antes de cruzar o limiar que hoje me leva a assumir esta missão, gostaria de dirigir minha gratidão ao Pe. Josafá Carlos de Siqueira, S.J. Muito obrigado pela dedicação durante estes 12 anos de reitorado. A comunidade o reconhece como um homem que, juntamente com os vice-reitores setoriais, soube estar presente nos bons momentos e manter a serenidade nos momentos difíceis. Penso especialmente neste último período em que estamos conseguimos atravessar com segurança esta pandemia de COVID 19. Neste sentido, agradeço em nome de todos, o seu esforço em manter o cuidado com o essencial e em buscar construir relações tranquilas. Sob seu reitorado, a Universidade tornou-se mais verde, adquiriu uma consciência ambiental fundamental que não será esquecida.
Também agradeço, de modo muito particular, a confiança da Companhia de Jesus, na pessoa do Pe. Provincial dos Jesuítas do Brasil, Pe. Mieczyslaw Smyda, que se encontra em viagem internacional, mas está aqui representado pelos Pe. Élcio Toledo (Vice Provincial), e Pe. Sérgio Mariuci (Secretário para educação da Província dos jesuítas do Brasil e Reitor da UNISINOS). Neste sentido, assumo a missão com serenidade: não me sinto só, pois quando um jesuíta é destinado a uma missão, nele – e com ele - vem toda a Companhia de Jesus. Somos corpo apostólico. Enfim, sinto-me acompanhado por meus irmãos de Ordem, aqui presentes fisicamente, outros virtualmente ou ainda espiritualmente. Dos que estão presentes, gostaria de destacar meus irmãos de comunidade Pe. Abel, Irmão Brune e Diácono Paulo, que, a partir de agora me ajudarão de maneira mais próxima nesta missão.
Seguindo a orientação de suas Constituições, as universidades confiadas à Companhia de Jesus devem distinguir-se por seus programas de formação humana, socioambiental, cultural e espiritual, pela atenção pastoral aos alunos e às pessoas que trabalham, frequentam ou dependem dela. Elas devem promover a interdisciplinaridade, que implica colaboração e diálogo na universidade e também com outras universidades. Existe, portanto, um modo próprio de realizar esta tarefa educativa, algo que é específico dos jesuítas em sua secular experiência pedagógica.
E porque ainda assumem os jesuítas este tipo de missão?
Em 2008, o Papa Bento XVI, fez referência às palavras que outro papa, Paulo VI, havia dirigido aos jesuítas em 1974. Cito:
“Permaneceram gravadas no vosso coração estas palavras de Paulo VI: "Onde quer que, na Igreja, também nos campos mais difíceis e de vanguarda, nas encruzilhadas das ideologias e nas trincheiras sociais, tenha havido e haja o confronto entre as exigências ardentes do homem e a mensagem perene do Evangelho, lá estiveram e estão presentes os Jesuítas" (Discurso por ocasião da XXXII Congregação Geral, 3 de dezembro de 1974).
É, portanto, neste sentido, como fronteira com a cultura e com o pensamento contemporâneo, que a Companhia de Jesus entende sua missão na PUC-Rio que, enquanto Universidade é católica, mas enquanto comunidade, é plural. Sim, espelhando nossa sociedade, a PUC-Rio é formada de uma legítima diversidade de pessoas, com credos diversos ou convicções distintas, mas estas mesmas pessoas estão unidas pela experiência fascinante de se reconhecer como uma comunidade de ensino, pesquisa e extensão. Cremos na educação. Ela tem a força de nos unir.
Neste sentido, destaca-se o papel fundamental da Arquidiocese do Rio de Janeiro, sempre presente na PUC-Rio. De fato, cabe lembrar que a fundação desta Universidade, na época Faculdades Católicas, foi obra conjunta do Cardeal Sebastião Leme, Pe. Leonel Franca e um grupo de leigos intelectuais do porte de Alceu Amoroso Lima. Todos estavam preocupados com a formação da juventude em um momento dos mais emblemáticos do século XX, quando a Europa vivia concretamente o drama da Segunda Guerra e o Brasil dava os primeiros passos na direção de um maior desenvolvimento como país.
A PUC-Rio acompanhou as mudanças do pós-guerra, sobreviveu a crises próprias do contexto nacional, e, agora, em pleno século XXI, atravessa com resiliência esta pandemia.
Certo é que a pandemia continua sendo uma grande provação. Albert Camus, é conhecido como autor de A Peste, no qual a cidade de Oran sitiada pela epidemia é utilizada como uma metáfora de resistência. Porém, em outra obra, O verão. Retorno a Tipasa, fala de algo de luminoso que permanece vivo no mais profundo de si, resistindo a tempos sombrios. Eu o cito:
“Ó luz! é o grito de todos os personagens colocados, no drama antigo, diante de seu destino. Este último recurso também era nosso e eu sabia disso agora. No meio do inverno, finalmente aprendi que havia um verão invencível dentro de mim.”[1]
De fato, podemos crer que no meio deste inverno da pandemia, uma forte esperança permaneceu luminosa em muitos corações, enquanto muitos pereceram. São mais de 600 mil vítimas... Mas a evocação desta esperança na noite de hoje, quer se tornar convocação a mobilizar nossas melhores forças na gradual retomada de nossos trabalhos, onde algumas mudanças já podem ser constatadas.
Nos últimos dois anos, o ensino superior tem adotado alguns avanços tecnológico capazes de mudar profundamente nossos princípios, critérios e formas de viver o processo de ensino-aprendizagem. Com razão pensa-se que nos próximos vinte anos as Universidades enfrentarão uma enorme transformação.
Mas isso não deve surpreendê-las, pois as universidades nasceram em períodos de transição e transformação. Foram originalmente criados no final da Idade Média, quando a filosofia e a ciência estavam mudando rapidamente. Então experimentaram um renascimento no século XIX, durante a revolução industrial. Em ambos os casos as universidades não só foram resultado da transição, mas também o motor da mudança. Por isso, as universidades são, por natureza, “instituições criativas”.
Durante o século XX, por exemplo, em muitos lugares do mundo ocidental, as universidades foram também responsáveis pela revitalização das nossas democracias. Sabemos que a democracia nunca está completa, deve ser sempre cuidada e sempre reconfigurada. É isso que a distingue da autocracia. Estes pilotis testemunharam momentos emblemáticos neste sentido.
Estamos cientes de que hoje nos preparamos para enfrentar tempos difíceis de retomada de crescimento após uma crise que, como sempre na história, exige uma nova capacidade de interpretação da realidade. Impõem-se a necessidade urgente de um novo referencial. Mas, responder a este desafio hermenêutico e performático não é um compromisso para uma única pessoa ou uma única instituição: trata-se de um projeto de país.
Devemos, no entanto, nos perguntar: em que podemos contribuir?
Somos uma Universidade de pesquisa qualificada. Precisamos continuar a investir na inteligência e no talento dos jovens. Eles serão os protagonistas da sociedade pós-pandemia. Estamos num momento fundamental, exigente e emocionante para a nossa Universidade.
Fazemos parte do extrato mais produtivo do país. Somos 27 departamentos que estão no nível das maiores instituições universitárias. Não é raro encontrar o nome de um professor da PUC-Rio, em projetos de grande envergadura. É, por isso, necessário não só exaltar esta liderança em pesquisa, como também, garantir sua continuidade.
Como já tive oportunidade de me exprimir, considero que “o Modelo PUC-Rio é reconhecido como algo muito peculiar. Seu “ecossistema” [...] fala de autonomia e unidade profunda; de liberdade de pesquisa e compromisso ético; de transcendência do ser humano e de sentido de justiça socioambiental. Enfim, fala de uma excelência em pesquisa acadêmica que não se rende a lógicas puramente mercadológicas, mas que quer cultivar a sensibilidade humana dos estudantes para que assumam, onde estiverem, compromissos com as pessoas socioeconomicamente mais vulneráveis.”[2]
A força da PUC-Rio é sua comunidade universitária entendida em sentido estrito (corpos docente, discente e técnico-administrativo), mas também em sentido amplo: antigos alunos, voluntários, colaboradores, parceiros e benfeitores. Enfim, pessoas que de várias formas se identificam e confiam em nosso projeto.
Internamente, há uma cultura de solidariedade que se manifesta na colaboração entre os departamentos em âmbito acadêmico de ensino, de pesquisa e de extensão. Também se consolida uma cultura de solidariedade interna que visa manter a sustentabilidade financeira da instituição como um todo: concretamente, os departamentos mais rentáveis ajudam outros mais fragilizados.
Diante da tendência à diminuição de número de alunos, esta cultura de solidariedade é sempre mais necessária e sentimos isso na prática: nos desafios do planejamento acadêmico, na colaboração solidária dos professores e funcionários. Aproveito para agradecer todo o corpo docente: professores dos quadros principal, suplementar e complementar e a todo corpo de funcionários.
Temos esperança que a renovação dos cursos atuais e a criação de novos cursos possam nos ajudar a atrair mais alunos. Nos entristece profundamente pensar a exclusão de futuros alunos brilhantes desta experiência universitária por falta de recursos. Precisamos encontrar novas formas de inclusão com sustentabilidade.
O modelo PUC-Rio de bolsas é reconhecido, e quase único. Apesar da crise, mantemos um percentual de 35% de bolsas, ficando, porém com uma média de 45% de alunos que tem alguma redução de custo. Infelizmente não podemos ser tão generosos quanto em outros tempos. Mas, sonhamos com a possiblidade de incluir sempre mais jovens empobrecidos, vulneráveis.
Nesta direção, nos sentimos solidários com todas as universidades comunitárias: instituição sem fins lucrativos em sua luta para manter suas atividades em um cenário socioeconômico que inspira preocupação, com um efeito particularmente negativo sobre o sistema universitário.
Diante de todo risco de parcialização crescente na sociedade, precisamos pensar a relação da dimensão acadêmica e pedagógica com o todo da experiencia universitária. Reformas das salas de aula precisarão estar em sintonia com princípios acadêmico pedagógicos mais inovadores.
Neste cenário, nossa PUC-Rio precisa se destacar de novo. Não se trata só de renovar os equipamentos acadêmico pedagógicos, mas que cada um de nós estejamos dispostos a nos renovar.
Assim, proporemos uma ênfase maior na formação de todos, especialmente dos professores. Estes precisam ter acesso às formas mais inovadoras de ensino-aprendizagem, que certamente incluem novas metodologias, mas também trocas interdisciplinares. A lei da extensão já nos mobiliza internamente à busca de novas formas de atuação. Assim, proporei como linha de força um percurso de formação conjunta que envolva toda a Universidade, para que a excelência acadêmica seja realmente garantida.
Também precisamos reforçar nossa prática de projetos de pesquisa de grande envergadura. Todos os projetos devem ser apoiados e acompanhados para que, além de ser autossustentáveis, eles possam trazer recursos e benefícios concretos também para a universidade. Esta será outra linha de força que, a seu tempo, será proposta.
Compartilho com todos a convicção de que todas as soluções para nossos problemas, ou respostas sensatas para nossas questões se encontram na própria PUC-Rio. Somos um reservatório de energia criativa, de entusiasmo, com uma capacidade de generosidade e alegria que se encontra em poucos lugares. Por isso, proporemos um caminho que passa pelo valor das pessoas. Precisamos valorizar a comunidade e a força interior de cada um.
É certo também que precisaremos conhecer e fazer trocas com outras experiências de Universidade no mundo. Esta será finalmente outra linha de força que desejamos propor. Já somos uma Universidade reconhecida pelos rankings internacionais. Precisamos reforçar esta imagem de uma Universidade aberta a outras experiências. Temos maturidade e a autoestima para representarmos nossos valores e a nossa cultura brasileira. Por fim, graças a nossa localização na querida cidade do Rio de Janeiro, podemos atrair novas parcerias e consolidar nossa cultura de abertura ao mundo.
Mas, o que faremos? Como implementaremos estas linhas de força?
Em primeiro lugar é preciso manter a serenidade. Permitam-me lembrar a todos que, como comunidade pensante, não podemos nos deixar levar pela ansiedade que se estabelece em nossa sociedade em geral, nem embarcar em iniciativas precipitadas. Abre-se agora um tempo de discernimento proativo, de confiança na força da comunidade e de esperança.
Estou convencido, de minha parte, que seria pretencioso trazer respostas prontas. Assim, proponho finalmente que nos comprometamos a assumir serenamente o que eu chamo de “atitudes sapienciais fundamentais”. No nosso caso específico, são três: sentido de comunidade, escuta profunda e fidelidade criativa. São valores fundantes que precisam ser interiorizadas por todos, sem exceção. Ao mesmo tempo, são métodos – do grego “caminhos” - que podem nos ajudar, a partir de agora, a revisitar nossa “identidade e missão” para, em seguida, vislumbrar juntos uma “visão” inovadora e sustentável para o futuro de nossa PUC-Rio.
Vejamos as três atitudes sapienciais:
1. A primeira atitude: um sentido de comunidade
O que é uma comunidade? Melhor responder o que ela não é: uma comunidade não é a simples reunião de pessoas, nem junção de forças, muito menos a soma de egos. Ao contrário, a comunidade é subtração, ela só nasce do espaço de renuncia de cada um, quando somos um pouco menos autocentrados, quando nós retiramos algo do nosso “eu” (ego) abrindo um espaço para o “nós”.
Pode parecer desconcertante, mas para fazer surgir uma comunidade não se trata de juntar as melhores qualidades de cada um, pois os limites são importantes: nos fazem entender que dependemos dos outros, nos tornam mais humanos e abertos à colaboração mútua.
Manter este sentido de comunidade é algo que precisamos cultivar constantemente. Como Reitor, terei esta preocupação: promover e garantir a unidade da comunidade. Isso supõe conhecimento pessoal dos membros. Por isso, durante o mês de agosto e setembro procurarei visitar todos os departamentos e unidades complementares para dar as boas-vindas a todas as equipes. Brevemente a Reitoria irá enviar indicações aos diretores sobre esta agenda.
2. Segunda atitude sapiencial: uma escuta profunda
Ao buscar caminhos novos para nossa Universidade, como uma comunidade em formação constante, precisamos ouvir todas as outras pessoas, especialmente os jovens.
Porque precisamos ouvir nossos jovens? Porque eles têm muito a nos ensinar, pois suas mentes são naturalmente habitadas por uma criatividade genuína e potente. Se o peso da idade e o acúmulo de experiencias negativas muitas vezes nos inclinam à nostalgia e até mesmo ao desencanto pela vida, os jovens nos trazem o frescor de um olhar todo voltado para o futuro, livres de muitos preconceitos que nos forjaram culturalmente e que ocultamente nos habitam.
Certamente os jovens tem limites e fragilidades. Não sabemos os efeitos da pandemia em sua experiência de ensino-aprendizagem, nem em sua vida pessoal. Mas, sabemos que eles precisam de ajuda. Não pode ser um educador, quem não sente que ama os jovens de hoje e quem não busca expressar isso concretamente escutando-os. É verdade que, muitas vezes, é-nos difícil a comunicação com eles, mas, se somos humildes e despretensiosos, podemos aprender sua linguagem.
Estou convencido de que é somente entregando o protagonismo aos jovens que aqui se formam, que a PUC-Rio continuará sendo uma comunidade criativa, produtora de pessoas completas, propositivas e felizes.
3. A terceira atitude: uma “fidelidade criativa”
Tendo escutado nossos jovens, precisamos colocá-los concretamente no centro de nossa comunidade universitária, com ações concretas que os conectem de forma inovadora com nossa tradição.
Uma fidelidade criativa, poderá nos ajudar a propor uma oferta educativa rica e diversificada aos nossos estudantes; a dar condições de possibilidade para que eles possam fazer seu percurso de formação na PUC-Rio de forma serena, segura e entusiasta; consequentemente, garantir apoio socioeconômico àqueles que mais precisam; garantir o acesso a equipamento pedagógico, tecnológico e de saúde aos que estão em situação de vulnerabilidade não só em âmbito socioeconômico, mas também emocional; incentivar experiências em âmbito nacional e internacional; oferecer espaços que manifestem nosso compromisso com a inovação: para que as coisas aconteçam, é preciso um lugar!
Com efeito, precisamos continuar a cuidar do campus: torná-lo mais sustentável, humanamente acolhedor, contemplando as pessoas com deficiência, muitas vezes esquecidas. Enfim, precisamos zelar para que nosso campus seja um lugar de encontro para todos.
Sabemos bem que o campus é uma lembrança constante para os antigos alunos da PUC-Rio, como lugar de encontros, de descanso e de amizade, um ambiente que configurou sua experiência universitária. Eles se orgulham de sua Alma mater neste sentido. E, muitos deles, nos orgulham pela maneira como atuam na sociedade. Neste espaço de encontros, se constroem trajetórias de sucesso. Sua disposição estética é de fundamental importância: como uma pequena cidade (do grego, polis), o campus é um ensaio permanente de interações que deve inspirar relações pessoais saudáveis, políticas públicas inovadoras e possibilidades de convivência cidadã mais humanizadas.
Conclusão: somos originalidades orquestradas
Nos últimos dias, estive pensando que a metáfora de um grande concerto de orquestra sinfônica e coral pode ser muito rica para compreendermos a realidade de uma universidade como a PUC-Rio. Cada um de nós representa um instrumento musical ou uma voz. Somos únicos, originais. Juntos, formamos o todo da orquestra e coral. Somos “originalidades orquestradas”. Antes de um concerto, cada músico afina seu instrumento com seus pares, para, em seguida, integrar-se ao todo da orquestra. O mesmo se dá com os cantores. O concerto acontece na medida que cada um se integra e se entrega. É na totalidade que será manifestada a beleza desta sinfonia. Finalmente, nos sentimos “originalidades orquestradas”.
Na vida, não é diferente: o esforço de cada dia é estar “afinados” consigo, com os outros e com o todo. Este é o mistério da unidade que se realiza na pluralidade. Assim, creio que que podemos adotar o lema de Dom Orani, que exprime o grande desejo de Jesus: “Que todos sejam um!”.
Agradeço imensamente a presença, a confiança e peço que a divisa de nossa universidade Alis grave nil, “com asas nada é pesado”, reverbere em cada um nós.
Pe. Anderson Antonio Pedroso, S.J.