Precisamos de “bons dirigentes sindicais com formação democrática cristã”. Essa demanda levou à criação da Escola de Líderes Operários (E.L.O.) em 1957, coordenada pelo Pe. Velloso S.J.. Localizada em uma casa cedida pela PUC-Rio, a Escola encontrou difi culdades para reunir os trabalhadores na Gávea operária, região em intenso processo de desindustrialização. A solução foi realizar cursos itinerantes. O Primeiro Curso de Preparação de Líderes Operários ocorreu em Cascadura e contou com 36 alunos.
Segundo o Pe. Velloso, “nós demos aula em todo o Rio de Janeiro. Onde havia círculos operários nós apoiávamos e onde não havia, nós nos virávamos”. Na E.L.O. os trabalhadores aprendiam noções de economia e política, sindicalismo e questões trabalhistas. Também tinham lições práticas com sindicalistas experientes que lhes ensinavam a dirigir uma assembleia e a debater ideias com comunistas.
Na segunda metade dos anos 1950, os embates ideológicos da Guerra Fria cresciam tanto quanto se acirravam as relações entre patrões e empregados. O movimento sindical aproveitou-se do otimismo gerado no governo JK para reivindicar melhores condições de salário e de trabalho. As greves e o aumento de comunistas nas diretorias sindicais alarmavam os setores anticomunistas. A E.L.O., com apoio de empresários e de organizações internacionais, competia com as lideranças de esquerda pela hegemonia do movimento sindical.
O golpe civil-militar de 1964 representou uma ruptura nas relações trabalhistas. Com a prisão e perseguição aos sindicalistas comunistas, muitos alunos formados pela E.L.O. ocuparam o cargo de interventores. Mas, eles não poderiam imaginar que também fi cariam na mira do autoritarismo. Controladas e vigiadas, as lideranças católicas tiveram de lidar com a repressão e o antitrabalhismo. Nos anos 1970, o comunismo soma-se a outros fantasmas para os trabalhadores. Eles passaram a temer a tortura, o desemprego, o abuso patronal e outras medidas contrárias a seus direitos e a sua dignidade.