Da Universidade para os Jogos Rio 2016. Duas alunas e um ex-aluno participaram da Olimpíada e Paralimpíada e contam como é a experiência de dedicar a vida ao esporte. Por influência da família, Kahena Kunze, Thomaz Matera, e Maria Clara Lobo começaram a praticar vela, natação e nado sincronizado, respectivamente. Desde então, eles não conseguem mais se ver longe da água e treinam pelo menos oito horas por dia.
A velejadora Kahena Kunze, 25 anos, estudante de engenharia ambiental, ganhou uma medalha de ouro na modalidade de estreia olímpica de regata, classe 49er Fx. Ela diz que não se deixou levar pela pressão de competir em casa e tomou cuidados especiais para participar dos jogos.
– Tentei pensar em um dia após o outro, em cada regata e manobra, e dar o melhor de mim na água. Nós sabíamos que quem menos errasse e fizesse uma boa média iria subir no pódio.
A rotina de treinos é bem flexível para a atleta, já que o esporte depende muito do vento. A jovem treina cinco vezes por semana. Na água, são três horas para fazer manobras, treinar velocidade e fazer teste de materiais. Em terra, ela faz musculação com ou sem exercício aeróbico, além de outras atividades para prevenir lesões.
Por influência dos pais, que sempre praticaram vela, Kahena tomou contato com o mar desde cedo, e fez do hobby, uma paixão. Velejadora desde os 9 anos, a esportista sempre quis participar de uma Olimpíada e, quando surgiu a possibilidade, não pensou duas vezes. Mas, relembra, o início foi difícil, e não conseguiu conciliar o treino com os estudos.
– No começo, tive que trancar a faculdade e ir em busca de patrocinadores. Eu chegava exausta dos treinos, mas com a sensação de que estávamos no caminho certo. Eu e minha parceira, Martine Grael, con seguimos o apoio de patrocinadores e do Comitê Olímpico do Brasil para que não nos preocupássemos com mais nada além do treino.
Ex-aluno de engenharia de produção Thomaz Matera, 27 anos, participou da Paralimpíada Rio 2016 nas classes S12 e S13 (para deficientes visuais) de natação masculina. Ele tem apenas 60% da visão, em consequência de uma retinose pigmentar, doença que causa degeneração gradativa da retina. Atual recordista brasileiro nos 100m livre na classe S12, Matera voltou a nadar no começo deste ano para competir nos Jogos.
Para se dedicar ao curso, o nadador interrompeu os treinos aos 20 anos, mas desde os 11 praticava o esporte por incentivo da família. Nessa década e meia de competições, o atleta conquistou quase 140 medalhas pela natação convencional e outras 20 em disputas nas classes para deficientes visuais. Diante do esforço de treinar nove horas por dia, ele qualifica o resultado como muito positivo.
- Foi um prazer representar o país em um esporte que gosto. Aluna do primeiro período de publicidade, Maria Clara Lobo, 18 anos, foi a atleta mais nova da seleção de nado sincronizado. A caçula do grupo participou da estreia do Brasil na categoria em equipe, formada por oito pessoas.
Para a Rio 2016, a Seleção Brasileira de nado sincronizado começou a se preparar com três anos de antecedência. Maria Clara praticava oito horas diárias, de segunda a sábado. Há preparação fora d’água como musculação e exercício aeróbico. Já dentro d’água, existe hora para ensaiar as coreografias, treinar movimentos específicos e praticar natação.
Além da rotina pesada, a atleta também conta que a alimentação é muito rígida, não só para manter o corpo forte nos treinamentos, mas por uma questão estética que o nado sincronizado exige. Para ela, ter o público brasileiro vibrando foi fundamental para o sucesso das apresentações.
- Uma Olimpíada é a maior realização de qualquer atleta, ainda mais dentro de casa, com a torcida a seu favor! Eu olhava para a arquibancada e só tinha vontade de chorar, foi uma emoção incrível.
A atleta é a terceira geração da família no nado sincronizado. Além da mãe, a avó também foi esportista na modalidade. Aos 9 anos, Maria Clara se apaixonou pelo esporte quando a avó, por ser árbitra internacional, a levou para assistir a competições na borda da piscina.